Athletico e os culpados pela tragédia de Erechim
Frágeis como somos, não temos controle sobre as nossas lembranças. As boas e as más, sem precisar pagar pedágio, vão e voltam. Se fosse possível, os torcedores do Athletico construiriam um forte para não voltar a lembrança daquele domingo de 28 de novembro de 2004, no Estádio Colosso da Lagoa, em Erechim.
Como o espaço para as más lembranças tem que ser encurtado, lembro que o Athletico, sobrando na liderança, ganhava do Grêmio, já rebaixado, por 3 a 0 até os 25 minutos do segundo tempo. Daí, o mundo desabou: 3 a 3.
O Furacão perdeu o rumo, perdeu o bicampeonato, então, começou um jogo de culpa na Baixada: a torcida culpou Petraglia, Petraglia culpou Levir, Levir culpou os jogadores e os jogadores culparam o destino.
Passados 20 anos, transportando as lembranças de Erechim para minha experiência, tenho uma opinião definitiva: se tivesse o comando de 2001, o Furacão teria sido bicampeão. No entanto, é um comodismo crítico, um tratamento sem equilíbrio, culpar dirigente e treinador quando está se ganhando um jogo decisivo por 3 a 0 até os 25 minutos do segundo tempo.
Os jogadores é que têm a responsabilidade de administrá-lo. Naquela tarde, os veteranos Marinho, Washington, Rogério Correa e Fabiano fracassaram. E Diego no gol era como se não tivesse goleiro.
Pensando bem, ao contrário de 2001, o Athletico não tinha time para ser campeão do Brasil. Parando adversários com faltas, fazendo gols de bola parada, foi fazendo uma campanha improvável.
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Às vezes, as más lembranças só existem e voltam porque nós gostamos de viver, também, de ilusão.
O Athletico volta a Erechim com Fernandinho já de cabelos brancos e jogando como não jogava, e ao invés de Diego “mão de tábua” no gol, o extraordinário Bento.