Torcedor associa filha ao Paraná enquanto a esposa estava em trabalho de parto
Tudo começou com uma brincadeira entre amigos. Quem teria o filho sócio de um clube de futebol mais cedo?
O torcedor do Paraná, Felipe Salomão, 34 anos, resolveu desbancar todos os adversários e liderar a disputa: ele registrou a pequena Anne Salomão enquanto ela ainda estava na barriga da mãe.
Dia 1 de outubro de 2021, a esposa Bruna, que é torcedora do Coritiba, entrou em trabalho de parto. Enquanto a filha vinha ao mundo, Felipe já a associava ao Tricolor.
"Eu combinei com o pessoal do sócio do Paraná que eu queria associar a minha filha no dia do nascimento. Então eles deixaram tudo preparado com a documentação. O CPF eles podiam esperar ficar pronto, mas o dado que não podia faltar era a data de nascimento. Falei para deixaram tudo pronto que avisaria. Assim que minha esposa entrou em trabalho de parto, eu já liguei avisando", conta o Relações Institucionais.
"Ela já nasceu sócia. E agora eu estou ganhando a disputa contra meus amigos", brinca.
Mesmo em acordo com esposa de que o clube de futebol dos filhos seria de decisão de Felipe, Bruna não ficou muito feliz com a atitude do marido de logo tornar a filha sócia. "Ela não gostou muito da minha prioridade, mas eu só dei a notícia dias depois", revela Felipe, sorrindo.
Mas a realidade é que a paixão pelo Paraná já vem de família. Além de Anne, Felipe também é pai do Davi, 5 anos, que já é sócio do Tricolor e o acompanha nos jogos na Vila Capanema. O amor pelo Paraná é uma tradição dos Salomão.
Influenciados pelo avô Assad, que faleceu em 2003, pai, irmãos, tios e primos estão sempre juntos nas arquibancadas.
Família Salomão tem quatro gerações como sócias do Paraná
"Minha família inteira é paranista. Tudo veio pelo meu avô Assad. Ele foi um dos primeiros torcedores que ajudou na criação do Ferroviário, ele tinha uma transportadora e ajudava sempre que podia o clube. Ele era sócio do Ferroviário", conta Salomão.
"Tanto que depois que o clube virou Colorado, meu avô era já era sócio benemérito. Já era uma categoria de sócio especial. E ele sempre fez questão de ir ao estádio até mais que meu pai. Por fazer tanta questão, os netos fazem também", relembra.
Nem mesmo o longo período de quase dois anos sem partidas na Vila Capanema, por causa da pandemia, impediu a família de manter as mensalidades em dia.
"A gente está sempre lá, ajudando, durante a pandemia não deixamos de pagar o sócio. É algo que está mais ligado à história da família, do que no desempenho do clube. E é algo que eu pretendo passar para os meus filhos. Mas do que despertar a paixão pelo time, é esse vínculo da história da família que é mais importante. Eu faço questão de levar os dois pela nossa história. E a Anne, assim que a pandemia melhorar, eu vou levar ela também", promete.
Se em campo e na administração a situação do Paraná é complicada, a paixão da torcida tem mostrado a importância e o que representa o futebol na vida de muitos. A sucessão na família Salomão já está garantida. Dos céus, o seu Felício, como era conhecido Assad Salomão, está feliz por sua memória estar viva.
"O fato que me motiva a associar meus filhos tão cedo, é justamente o que meu avô fez questão de passar para a gente. É mais do que futebol, é uma questão de união da família, de estarmos juntos ali. Estar na Vila é uma celebração. É um momento de descontração, de alegria, de estarmos juntos. Acho que isso é muito legal. E, principalmente, de sermos uma torcida que sofre tanto, mas mostra que vitórias e títulos representam muito pouco", diz.
"O que importa para a gente é esse ambiente, a história, a história da Vila Capanema, que eu acho muito interessante, de ter sido um time ferroviário, com os trens passando do lado enquanto vemos o jogo. E, juntamente da história da família, dificilmente vão me fazer diminuir esse brilho pelo Paraná", atesta Salomão.