Relembre

Hoje sem divisão, Paraná desprezou contratação de Ronaldo Fenômeno

Ronaldo quase veio parar no Paraná Clube

Uma decisão tomada pela diretoria do Paraná Clube em 1992 poderia ter mudado não somente a história do clube, mas também o destino de um dos principais atacantes de todos os tempos: Ronaldo Luís Nazário de Lima, o Fenômeno.

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Após uma série seguida de rebaixamentos, o Tricolor está atualmente sem divisão nacional. Em 2024, a equipe, que está pelo segundo ano consecutivo na segunda divisão paranaense, conquistou o acesso para a elite do Campeonato Paranaense.

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Voltando no tempo, em 1992, o jovem Ronaldo, então aos 16 anos, foi oferecido ao Tricolor pelo ex-jogador Jairzinho. O valor do negócio: R$ 150 mil (valor atualizado) por 50% do passe da promessa, que na época defendia o modesto São Cristóvão, do Rio de Janeiro. Antes mesmo de vê-lo em ação, entretanto, os cartolas paranistas descartaram o acerto.

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“Esse cara não tinha nome, ninguém sabia quem era, jogava num time pequeno lá do Rio”

Darci Piana, ex-presidente do Paraná Clube

“Esse cara não tinha nome, ninguém sabia quem era, jogava num time pequeno lá do Rio”, relembrou Darci Piana, presidente do Paraná na época, em entrevista à Gazeta do Povo, em 2016.

“O Jairzinho mandou um intermediário para negociar e dissemos que tínhamos interesse, desde que pudéssemos ficar com 100% do jogador. Naquela época, todos os jogadores que tínhamos eram 100% do clube”, prosseguiu Piana, atual vice-governador do estado do Paraná.

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Após negativa do Paraná, Ronaldo foi para o Cruzeiro

O restante da história é conhecido. Após a negativa do Tricolor, Jairzinho negociou Ronaldo com o Cruzeiro, que adquiriu 50% do passe do atacante por cerca de R$ 250 mil. Um ano depois, o Fenômeno foi vendido pela Raposa para o PSV, da Holanda, por seis milhões de dólares líquidos.

“A gente dexaria de prestigiar o que era nosso para trazer uma pessoa de fora que a gente nem conhecia. Se fôssemos fechar negócio, teríamos o visto jogar antes”, argumentou Piana.

Como analisamos que ele seria mais um, não seria titular, não ia jogar, optamos por não fechar o acordo

Darci Piana, ex-presidente do Paraná

Piana garante que a cúpula tricolor de então não guarda arrependimentos. “Foi uma decisão, do meu ponto de vista, séria e responsável. Senão faríamos o que é feito hoje, quando a maioria dos times tem jogadores que não é deles e assim nunca se monta um bom time. Porque o dono da outra parte do jogador faz a cabeça dele”, reforçou.

A decisão de rejeitar Ronaldo, aliás, foi tomada de forma colegiada. “Eu talvez seja quem menos teve culpa, porque levei o assunto ao colegiado. Sempre fui democrata, não tomava as decisões sozinho”, afirma Piana.

Ronaldo virou “fantasma” de dirigentes do Paraná

Apesar das defesas que faz da forma como a diretoria do Tricolor agiu, o ex-cartola admite, bem-humorado, que, nos anos seguintes, quando Ronaldo explodiu para o futebol, o assunto voltava como um fantasma na memória dos dirigentes.

“A história ficava voltando na nossa cabeça. Mas temos de ter consciência de uma coisa: se o Ronaldo tivesse vindo para o Paraná, provavelmente não teria ido para a Holanda pelo valor que foi. Só foi porque estava no Cruzeiro. No Paraná, talvez teria sido vendido para outro clube brasileiro antes ou para o exterior por um valor mais barato”, completou Piana.

Para o presidente do Paraná em 1992/93, Darci Piana, o jovem Ronaldo, então com 16 anos, teria dificuldades em encontrar espaço no ataque tricolor, formado por ídolos como Serginho Prestes, Adoílson, Maurílio e Saulo.

“Depois que vimos o Ronaldo jogar, sabíamos que teria espaço. Mas, na hora, pensamos: vai jogar aonde nesse time?”, conta o ex-cartola. “Na época, tínhamos quase 130 jogadores nossos emprestados para clubes de todo o país. E comprar mais um [Ronaldo] para colocar no time e emprestar alguém que era 100% nosso, na verdade, não era uma boa”, defendeu.

Piana assegura que, se voltasse no tempo, tomaria novamente a mesma decisão. “A gente deixaria de prestigiar o que era nosso para trazer uma pessoa de fora que a gente nem conhecia. Se fôssemos fechar negócio, teríamos o visto jogar, antes. Mas como analisamos que ele seria mais um, não seria titular, não ia jogar, optamos por não fechar acordo”, completou.

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