Saulo, o Tigre da Vila, nos bastidores do Paraná: cargo, reconstrução e foco na base
Maior artilheiro da história do Paraná, Saulo Freitas, 54 anos, está de volta ao clube. Desta vez, nos bastidores. Em um ano de mudanças, o Tricolor apostou nos ídolos para retomar um período de glórias que ficou no passado. E o eterno "Tigre da Vila" não poderia ser esquecido.
Há um mês, o Paraná anunciou que Saulo faria parte da comissão junto com Maurílio e Ageu. No entanto, ele não tem decisão direta no time. O ídolo atua mais como um coordenador técnico, com foco principal nas categorias de base.
"Eu sou um diretor técnico que apoia bastante a comissão. Meu trabalho também é ajuda-los a observar esses jogadores que subiram da categoria de base. Hoje, nós estamos juntos na reconstrução do Paraná. O treinador mesmo é o Maurílio. Ele é quem comanda o futebol junto com o Ageu", afirmou em entrevista ao UmDois Esportes.
Os 104 gols marcaram sua história como jogador. Mas Saulo também já foi técnico da equipe nos anos 2003, 2004, 2007 e 2008, além de também participar da comissão em 2001. Ao todo, foram 54 partidas, 19 vitórias, 14 empates e 21 derrotas.
Como treinador, inclusive, se orgulha em dizer que foi um dos primeiros a levar o Tricolor a um torneio internacional: a Sul-Americana, logo no seu ano de estreia no comando.
"Em 2003, eu assumi faltavam 15 rodadas para terminar o Brasileirão e nós ficamos 12 partidas sem perder. Foi uma trajetória muito boa, eu levei o Paraná até a Sul-Americana. E a nossa equipe era muito qualificada tecnicamente e eu tive essa felicidade", relembra.
Reconstrução Tricolor
O agora coordenador técnico faz parte dessa reconstrução do Paraná e lamenta a situação financeira do clube. Na noite de quarta-feira (31), o Tricolor anunciou um corte de 50% dos funcionários e suspensão nos pagamentos de credores, fornecedores e parceiros.
"O Paraná está com dificuldades financeiras há muitos anos, não é de agora. O clube não tem condições, financeiramente, de ficar trabalhando com muitos funcionários. Você precisa realmente diminuir essa parte financeira, fazendo com que funcionários, infelizmente, percam seus empregos. Mas o clube tem que ter, pelo menos, condições de pagar a folha", ressalta.
Saulo ainda projeta a temporada 2021. O foco do Tricolor é fazer um bom Campeonato Paranaense para servir de confiança para a Série C. O ex-jogador prometeu um time que terá futebol envolvente, parecido com o que a torcida paranista via lá nos anos 90.
"O torcedor pode esperar uma equipe que vai jogar um futebol que o Paraná vinha jogando nos anos 90. Lógico que hoje cada um tem a sua característica, o futebol mudou bastante e a qualidade é diferente. Mas será um futebol que o Maurílio gosta, sempre em busca do gol, que é assim que o futebol tem que funcionar. Eu detesto futebol medíocre, que ficam só se defendendo e com a bola. E o pensamento Maurílio é o mesmo. Temos que pensar assim", confia.
Confira os trechos da entrevista com Saulo:
Função na comissão técnica do Paraná
"Minha função hoje dentro do Paraná é coordenador técnico. Eu sou praticamente um diretor técnico que apoia bastante a comissão técnica. Meu trabalho também é ajudar a comissão a observar esses jogadores que subiram da categoria de base. Hoje, nós estamos na reconstrução do Paraná".
"Nos últimos 10, 11 anos, o Paraná tem uma estrutura de jogo em que o clube perder sua identidade. Nós temos que fazer com que o Paraná recupere a sua identidade de jogo, que é a maneira como o Maurílio gosta de trabalhar e eu também. Então, eu espero que a gente possa fazer com que o Paraná funcione dentro de campo. Funcionando dentro de campo, automaticamente fora de campo vai funcionar".
Atuar ao lado de outros ídolos do Paraná
"O treinador mesmo é o Maurílio. Ele é quem comanda o futebol, junto com o Ageu. Eu estou dando um apoio da melhor maneira possível. Nosso trabalho é um trabalho sério, onde está todo mundo unido. Todo mundo com o objetivo de fazer o Paraná crescer. Nós estamos fazendo um trabalho, principalmente, com os jovens. Que hoje esses atletas se preocupam muito em jogar mais tática do que realmente buscar criar jogadas. Então, o Maurílio faz esse trabalho e eu procuro conversar com eles e complementar junto com o Ageu e o nosso gerente. Mas todos unidos para o Paraná dessa situação tão difícil".
Jogadores da base que subiram para o profissional
"Os jogadores que subiram para o profissional, na verdade, estão sendo observados. Nós contratamos jogadores mais experientes, que estão acostumados a disputar o Campeonato Brasileiro. Então, esses jogadores da base vão continuar sendo observados. E aqueles que tiveram realmente a condição de vestir a camisa do Paraná vão ter a sua oportunidade. Mas vai do Maurílio. Nós vamos acompanhar o trabalho deles e dar a opinião, aí o Maurílio decide se vai colocar para jogar ou não".
Experiência como jogador repassada ao atletas do Paraná
"Na verdade, você tem que observar o dia a dia. As dificuldades que esses jogadores têm nos treinamentos. Como eu frisei, o Paraná estava focando muito na tática e esses jogadores têm muito pouca criatividade. E a gente está tentando recuperar isso neles. Tanto na base como também aqueles mais experientes. Jogador está sempre aprendendo. E nós temos que procurar corrigir os defeitos que eles têm para chegarmos ao objetivo que é todo se dar bem, principalmente o jogadores".
Passagens como treinador
Foi uma época muito boa. Eu havia ficado cinco, seis anos como auxiliar do clube. Mas, na verdade assim, caiu no meu colo sem eu menos esperar. O Cuca estava na equipe e foi para o Goiás porque recebeu proposta melhor. Veio o Adilson Baptista, acabou não dando certo, eu assumi dois, três jogos. Eu assumi faltava 15 rodadas para terminar o Brasileirão e nós ficamos 12 partidas sem perder. Foi uma trajetória muito boa, eu levei o Paraná até a Sul-Americana em 2003. E a nossa equipes era muito qualificada tecnicamente e eu tive essa felicidade. Mas, hoje, estou em uma outra função. Eu sou mais um observador agora. Mas como treinador também tive sucesso, mas não tenho interesse mais.
Situação financeira do clube
"O Paraná está com dificuldades financeiras há muitos anos, não é de agora. Eu acho que o clube não tem condições, financeiramente, de ficar trabalhando com muitos funcionários. Você precisa realmente diminuir essa parte financeira, fazendo com que funcionários, infelizmente, percam seus empregos. Mas o clube tem que ter, pelo menos, condições de pagar a folha. Esse é objetivo".
Treinos on-line
"Tem sido um período muito difícil. Porque as outras equipes estão treinando e o Paraná está 15 dias só treinando on-line. Mas a competição ela é curta, nós temos que ter muita tranquilidade. Os jogadores também têm que ter a sua responsabilidades e, além da parte funcional, eles precisam trabalhar a parte aeróbica. E, depois, se Deus quiser, tudo for liberado, a gente poder voltar a trabalhar com bola, que é a única solução. Nós temos dois meses para brigar pelo Paranaense, mas lógico com respeito as outras equipes".
Expectativa para a temporada
"O torcedor pode esperar uma equipe que vai jogar um futebol que o Paraná vinha jogando nos anos 90. Lógico que hoje cada um tem a sua característica, o futebol mudou bastante e a qualidade é diferente. Mas será um futebol que o Maurílio gosta, sempre em busca do gol, que é assim que o futebol tem que funcionar. Eu detesto futebol medíocre, que ficam só se defendendo e com a bola. E o pensamento Maurílio é o mesmo. Temos que pensar assim. O objetivo nosso tem que ser primeiro pensar no Paranaense e depois na Série C, que é o nosso objetivo maior. Mas temos que ter muita tranquilidade e trabalho. A diretoria nos respaldando e nós tentando, dentro de campo, fazer com que o futebol possa crescer cada vez mais".
Contratações
"Vamos focar na avaliação das categorias de base e vamos ter paciência porque já temos 34 atletas no elenco. Nós estamos atrás de um centroavante. A gente vai avaliando posições carentes aos poucos. Vamos conversar".
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