Retrospectiva 2023: Sem calendário nacional, Paraná fracassou dentro e fora de campo
O Paraná Clube entrou na temporada de 2023 ciente de que seria um dos anos mais complicados da sua história. Sem calendário nacional, já que não havia conseguido a classificação para a Série C e havia sido rebaixado no Paranaense, o Tricolor ainda teria que conviver com a disputa da Divisão de Acesso sem o apoio do seu torcedor.
Com o rebaixamento no estadual anterior, torcedores invadiram o gramado da Vila Capanema e o clube acabou sendo punido com a disputa das partidas com os portões fechados no Estádio Durival Britto.
Aposta em um novo comando e uma velha parceria
Para o início da temporada, o Paraná largou com um novo técnico. E o nome de Marcão agradou à torcida quando anunciado. O treinador, que havia feito um bom trabalho com o São Joseense, foi confirmado para a reconstrução do Tricolor dentro de campo.
Já nos bastidores, a diretoria paranista se aliou a um parceiro que não trouxe resultados no passado. O empresário Marcos Amaral, dono da Amaral Sports, atuou como "homem-forte" do departamento de futebol paranista.
Principal reforço não conseguiu repetir boas atuações
No elenco, a grande notícia para o torcedor paranista foi a renovação de contrato com o experiente goleiro Felipe. Destaque da equipe na disputa da Série D de 2022, o arqueiro estendeu o seu vínculo e foi emprestado no início do ano, já que o Paraná só jogaria em abril.
Porém, Felipe conviveu com lesões quando estava emprestado ao Capital-DF e acabou nem atuando pelo clube candango. De volta ao Paraná, Felipe jogou no "sacrifício" e não conseguiu repetir as boas atuações do ano anterior.
O maior vexame da história do Paraná Clube?
No papel, o Paraná largava na disputa da Divisão de Acesso como o principal clube da competição. Mas, na prática a história foi outra.
Após ter largado com vitória sobre o Toledo, o Tricolor reencontrou a sua torcida no jogo contra o Andraus, que possuía o mando de campo do duelo. O caso chegou a ser denunciado no TDJ-PR por conta da "inversão de mando". Os clubes acabaram sendo punidos com multa de R$ 50 mil.
Dentro de campo, o Paraná abriu dois gols e acabou tomando o empate, frustrando a torcida paranista. O mesmo panorama ocorreu no jogo seguinte, frente ao PSTC. O Paraná abriu vantagem de dois tentos e, mesmo com um jogador a mais, sofreu o empate.
O jejum de vitórias do Tricolor seguiu contra o Grêmio Maringá (1 a 1), Apucarana (1 a 0), resultados que culminaram na demissão do técnico Marcão. O time também não bateu o Laranja Mecânica (1 a 1), quando já era comandado pelo técnico Fahel Júnior.
A reabilitação só veio na sétima rodada, com a vitória fora de casa sobre o Iguaçu. Na penúltima rodada, o Paraná venceu o rebaixado Araucária por 3 a 0 e foi para o tudo ou nada na despedida da Série Prata.
Mas a última rodada ganhou contornos de filme de terror para o torcedor. Diante do já classificado Patriotas, o Tricolor vinha vencendo e garantindo a classificação até o último minuto. Porém, tomou o empate e acabou eliminado da competição. Um banho de água fria nos planos do clube.
No dia seguinte, a diretoria se pronunciou sobre a eliminação em um vídeo gravado e divulgado nas mídias sociais do clube. Liderado pelo presidente Rubens Ferreira e Silva, o Rubão, o Conselho Gestor pediu desculpas à torcida, exaltou o empresário Marcos Amaral e descartou uma renúncia que vinha sendo pedida pelos torcedores.
A esperança tem nome: SAF
Para 2024, o torcedor do Paraná espera que o clube possa se reconstruir e garantir o retorno à elite do futebol paranaense. E a esperança tem nome na Vila Capanema: a SAF. O clube está muito próximo de um acerto para a venda de 90% de suas ações para um grupo de investidores, liderado pela Carpa Family Office.
Na proposta, o grupo até tentou incorporar um outro clube para "pular etapas" e disputar a primeira divisão estadual, a Copa do Brasil e a Série D em 2024, mas não houve acordo e o Paraná só terá mesmo a Divisão de Acesso pela frente no ano que vem.
A transformação para a Sociedade Anônima do Futebol garantiria R$ 430 milhões de investimentos ao Tricolor ao longo de dez anos. A venda do clube já foi aprovada pelo Conselho Deliberativo do Tricolor e também pelo juízo da Recuperação Judicial, que homologou a venda no último dia 12 de dezembro.
É a esperança de reconstrução do clube que nasceu gigante, mas que perdeu relevância no cenário nacional após administrações desastradas e incompetentes.