Credores acusam presidente do Paraná de omitir proposta e denunciam ameaças de torcedores

O Comitê de Credores do Paraná Clube se manifestou pela primeira vez desde a proposta vinculante para a compra da Sociedade Anônima do Futebol (SAF).
Dias depois, o Comitê de Credores alegou, em manifestação à Justiça, que a diretoria do Tricolor não apresentou documentos sobre a negociação.
Além disso, criticou o presidente Ailton Barboza de Souza por ter concedido entrevista "sem qualquer escorço documental apresentado aos credores" e "se conduzir apenas a inflamar a 'torcida organizada'".
Segundo o advogado de 40 credores do Paraná Clube, Dyego Tavares, o presidente informou apenas por telefone que a proposta seria de pagamento com desconto de 90%. O advogado ainda revelou que os mesmos aceitariam o pagamento com deságio de 50%.
"Até o presente momento, não tive nenhuma proposta formal por parte do Paraná Clube ou eventuais interessados na compra da SAF. O presidente Ailton me comentou por telefone que a proposta do interessado seria do pagamento de tão somente 10% da divida e que a empresa que está assessorando financeiramente o interessado iria procurar os credores para negociar", afirmou o advogado, em conversa com o UmDois Esportes.
Dyego Tavares, advogado de credores do Paraná Clube"Conversei com os meus clientes e para os credores trabalhistas não há como dar o desconto de 90% da dívida e que os mesmos aceitavam o desconto de 50%".
O presidente Ailton Barboza disse, em contato com a reportagem, que o "jurídico ainda não se posicionou e não seria oportuna qualquer manifestação no momento".
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Ainda na manifestação, o Comitê de Credores criticou o tom da postagem da torcida Fúria Independente. "Apresenta evidente carga emocional, simbólica e, especialmente, retórica de mobilização e violência contra os credores e influencia em seu livre convencimento sobre condições negociais, o que configura ato atentatório à independência e segurança do processo recuperacional".
Nas redes sociais, a principal organizada do Paraná Clube disse que o futuro está nas mãos dos credores e "só existe uma resposta a ser dada por aqueles que estão com a caneta na mão: SIM".
Os membros do grupo de credores abriram boletim de ocorrência e informaram no processo da RJ as agressões físicas na Assembleia Geral, em outubro do ano passado, as agressões verbais e a ameaça de morte.
"Não sabemos realmente o que foi passado a eles, mas tenho a certeza que o próprio torcedor paranista não gostaria de ver seu clube ser vendido pelo pagamento de somente 10% da dívida. Quanto as agressões físicas, morais e ameaças que estamos sofrendo neste processo de Recuperação Judicial, estamos tomando todas as medidas juridicas cabiveis", afirmou o advogado Dyego Tavares.
Fúria Independente nega
Em nota oficial, a Fúria Independente negou tom de ameaça na postagem e admitiu que está preocupada com o futuro do Tricolor. Segundo a torcida organizada, a única saída é a venda da SAF.
Nós, da TFI, estamos única e exclusivamente preocupados com o futuro do Paraná Clube e não ocorreu e não é nenhuma intenção nossa ameaçar ninguém.
Estamos preocupados com o futuro do Paraná Clube e apoiamos a aprovação da SAF para o futuro do Paraná e de milhares de torcedores bem como para que credores consigam receber também.
Só existe uma saída para todos nós, instituição Paraná Clube, torcedores e credores e essa saída se chama SAF.