Na Champions League do Paraná, São Bernardo é o Real Madrid
Para onde quer que vá, o torcedor paranista se vê na mira de uma ideia tão tenebrosa, tão assustadora, que sequer é possível contemplá-la. É necessário optar pela completa negação da realidade — e do noticiário.
Quem vai a um jogo na Vila nesta Série D entende: com o clube cercado por mil perigos (credores) e diante da iminência de uma morte trágica e prematura, há, ainda assim, o sentimento de alegria genuína nas arquibancadas.
As ameaças não passam pelas catracas. Ali, na pior divisão do país, só existem o time em campo, o concreto gelado, o sol no rosto, uma cerveja ou duas e o torcedor na arquibancada. É simples assim.
E é como o Omar Feitosa tão bem sintetizou: essa é a Champions League do Paraná. Antes de tudo, por ser real, por ser palpável.
De repente, aos olhos dos tricolores, o veterano Felipe vira um paredão, Marcelinho desfalque insubstituível e o desanimado Carlos Henrique um perigoso homem-gol.
Os adversários também se transformam — rival da próxima rodada, encarar o São Bernardo, invicto e sem tomar nenhum gol em 12 jogos, é como ir ao Bernabéu.
Tenho amigos que haviam abandonado a Vila há tempos e, veja só, logo agora, no pior momento da história, resolveram voltar. Estão animados, justo quando quase não há mais esperança. E quem se importa? No final de semana tem mais futebol. E o mata-mata vem aí!