Ex-Paraná, Jhonny Lucas lamenta geladeira na Bélgica: “Quero jogar”
Três jogos. Na verdade, menos que isso. Ao todo, foram apenas 94 minutos em campo desde que Jhonny Lucas deixou o Paraná Clube rumo ao modesto Sint-Truidense, da Bélgica, em agosto de 2019.
Ao mesmo tempo em que a negociação do volante ajudou a salvar as finanças do clube naquela temporada, também encheu o jovem de esperança. Atuar no futebol europeu – mesmo que em um mercado periférico – era um sonho.
“Criei muita expectativa com minha venda, não só eu, muita gente. Era um garoto de 19 anos com o sonho de jogar na Europa. Abracei a ideia e vim. Mas chegando aqui foi totalmente diferente da realidade que imaginava", contou Jhonny ao UmDois Esportes.
Chamado de "Diamante da Vila Capanema", o curitibano chegou a Sint-Truiden, cidade de 40 mil habitantes localizada cerca de uma hora a Leste da capital Bruxelas, com a promessa de que não faltariam oportunidades. A escolha pelo time, aliás, foi completamente baseada nessa premissa.
Mas das 70 partidas disputadas por sua equipe desde então, o camisa 33 participou de apenas 4%, normalmente sendo preterido até do banco de reservas.
"Foi criado que eu chegaria aqui e jogaria. Cheguei aqui e não joguei. Ainda mais sendo jovem, no momento em que estava no Paraná, chegar aqui e as coisas não acontecerem... Mas tirei de letra. Em nenhum momento eu desanimei. Sigo trabalhando duro e à disposição do treinador. Quero jogar", fala.
Desilusão e esperança
A desilusão causou o rompimento de Jhonny com seu antigo agente, o italiano Federico Pastorello, mesmo empresário do atacante belga Romelu Lukaku. E a rotina do atleta, hoje com 21 anos, é basicamente da casa para o treino, do treino para casa. Situação reforçada pela pandemia de Covid-19.
Para não ficar sem ritmo de jogo, o volante pediu para ser utilizado pelo time de aspirantes, apesar de ainda treinar no elenco principal. Mesmo após algumas trocas de técnico, ele segue aguardando uma chance. Ou, quem sabe, uma transferência.
No ano passado, quando o Brasileirão estava paralisado, o meio-campista recebeu proposta para voltar ao Brasil. O principal interessado era o Red Bull Bragantino.
"Estive próximo de voltar. E foi bem na época da pandemia, chegou proposta, mas acharam melhor não me liberar. Falaram que era muito pouco tempo para voltar. Fiquei um pouco chateado porque não vinha jogando, mas eles têm total direito de falar sim ou não", afirma, deixando escapar que está de olho na atual janela brasileira.
Maturidade e evolução
Apesar das raríssimas oportunidades no time principal – a última foi em agosto de 2020 –, Jhonny Lucas garante que conseguiu evoluir como jogador em um ano e meio na Bélgica. Ganhou cerca de 4 kg de massa muscular e diz estar bem adaptado a um jogo bem mais intenso do que no Brasil.
"Me vejo outro jogador. Mais maduro, com experiência na Europa, independente de ter jogado poucos jogos. Sou um atleta muito melhor. Já era intenso no Brasil, ganhei muito mais força e potência aqui", garante.
Arrependimento?
Mesmo consciente de que perdeu tempo de rodagem em campo, o paranaense não consegue afirmar que se arrependeu da ida para Bélgica. Ele enxerga um lado bom na dificuldade.
"Não digo que me arrependi porque aprendi muito. Como jogar aqui, como viver em outro país... Aprendi outra cultura, outro idioma. Isso me fortaleceu. Agora sou um cara casado, pretendo criar uma família. Era um sonho, não foi o que imaginei, mas sigo trabalhando porque as coisas mudam muito rápido no futebol", lembra o volante, que chegou a participar de um treinamento com a seleção brasileira principal, em 2018.
Voltar a vestir a amarelinha, aliás, é um sonho do jovem. Ainda muito distante, claro, mas também longe de ser abandonado.
"Sei que tenho potencial pra isso, até porque já demonstrei, fui chamado para o sub-20. Joguei com grandes jogadores, como o Matheus Cunha, Vinícius Jr. Sei da minha qualidade. O que estou vivendo é um momento e ele vai passar", enfatiza.
Tristeza de Jhonny Lucas com o Paraná na Série C
A ligação de Jhonny com o Tricolor não perdeu força com a distância. Torcedor assumido do Paraná, ele também sofreu com a queda para a Série C.
"Foi triste porque tenho amigos lá. Sempre torci para o Paraná, o clube que me abriu portas. Cresci ali, vivi todos momentos. Participei do elenco que subiu, depois joguei a Série A e cai junto para a Série B. Assistir à queda foi muito chocante para um clube da grandeza do Paraná", explica.
Mesmo vivendo em um fuso horário quatro horas adiantado em relação ao Brasil, ele fazia força para acompanhar os jogos. E agora, sem poder ajudar diretamente, torce para que seu time do coração se recupere.
"Assisti bastante, sempre que dava tempo procurava ver os jogos. Foi difícil, mas faz parte do futebol e tenho certeza que que está lá hoje vai reerguer o clube".