Da elite à Série D: sete momentos cruciais para o colapso do Paraná
O Paraná Clube selou o rebaixamento para a Série D, restando ainda uma partida por disputar, contra o Oeste, na última rodada da Série C, dia 25/9. Em quatro anos, o Tricolor despencou vertiginosamente da elite ao subsolo do futebol nacional.
Trajetória que, em campo, teve início com o vexame na Série A de 2018. E que, fora dele, contou com uma série de rachas políticos, bastidores quentes e até influência direta da torcida organizada Fúria Independente nas decisões diretivas do clube. Relembre 7 momentos cruciais na derrocada tricolor.
O racha dos “Paranistas do Bem”
O início de 2018, ano do retorno à Série A, marcou a ruptura decisiva entre o presidente Leonardo Oliveira e o investidor Carlos Werner, peças centrais de um grupo autodenominado “Paranistas do Bem”, que assumiu o clube em 2015, após a renúncia do pressionado Rubens Bohlen.
Após uma briga com Oliveira,
Werner deixaria o clube e cobraria na Justiça o dinheiro que investiu, ficando
ao final com a propriedade do CT Ninho da Gralha como compensação judicial. Já
o Tricolor ficaria nas mãos de Oliveira e Rodrigo Pastana para a disputa da
Série A.
Pastana: de intocável a demitido
Responsável pela montagem do excelente elenco que obteve o acesso em 2017, Pastana acabou transformando o time do Tricolor na elite, em 2018, em um fiasco. Com poder quase absoluto no clube após o sucesso do ano anterior, mandou, desmandou e fracassou.
Apesar dos sucessivos erros desde
o fracasso no Campeonato Paranaense daquele ano, acabaria demitido apenas em
setembro de 2018, quando o clube já tinha 99,9% de risco de rebaixamento, após
ser bancado por Oliveira por toda a temporada.
O afastamento de um ídolo
Nos primeiros meses de 2019, foi a vez do ex-goleiro e então gerente de futebol, Marcos, deixar o Paraná. O ídolo paranista soltou o verbo, criticou a falta de profissionalismo e ética profissional no clube, alegou ter sido desgastado e tido a autoridade retirada por Oliveira.
O mandatário, por sua vez, não
deixou barato e criticou o trabalho de Marcos como gestor. “Ninguém é
insubstituível e nenhum ídolo será maior que a instituição”, disparou, sobre o
jogador que mais vezes vestiu a camisa do Tricolor na história.
A polêmica relação com a torcida organizada
Ao mesmo tempo em que iniciava um gradual movimento de isolamento na presidência do Paraná, Leonardo Oliveira aprofundava laços com a torcida organizada, Fúria Independente, que acabaria por se transformar em um escudo do cartola.
Os torcedores passaram a ter
acesso privilegiado ao clube e chegaram a participar de ações da gestão, como
na questão da marca própria, Valente, na qual tiveram participação direta. O
movimento acabaria por desgastar a Fúria com os demais torcedores.
Uma decisão crucial
Após quase obter o acesso com Matheus Costa em 2019, o Paraná fazia boa campanha em 2020, sob o comando de Allan Aal. O treinador, entretanto, acabaria demitido de maneira polêmica na 19ª rodada, com o clube na sexta posição, mas com apenas uma vitória nos últimos nove jogos.
Já isolado nas tomadas de decisões, Oliveira apostou novamente em Rogério Micale, treinador com histórico de fracasso em 2018. A decisão do presidente se provaria totalmente equivocada. E o elenco mostrou ser mais fraco que se pensava. A partir dali, o Tricolor entrou em vertigem, rumo à Série C.
Presidente abandona o clube
O rebaixamento para a Série C ainda não havia sido selado quando Leonardo Oliveira abandonou o Paraná à própria sorte. Em janeiro de 2021, através de uma carta, o cartola renunciava, sem maiores satisfações à torcida.
Na conta bancária, levou consigo mais de R$ 700 mil, fruto de pagamentos que fez a si próprio em decorrência do posto de interventor do Ato Trabalhista, referendado pela Justiça do Trabalho. Assim como o clube, de 2018 a 2021, Oliveira foi da glória ao fracasso total na gestão tricolor.
FDA Sports e Paraná: um espetáculo de amadorismo
Após a renúncia de Oliveira, Sérgio Molletta assumiria a presidência brevemente, e também pediria renúncia. A gestão, então, cairia no colo de Luiz Carlos Casagrande. O veterano Casinha conseguiu provar que tudo que está ruim, pode sempre piorar. E muito. Sua gestão foi uma proeza negativa.
Em uma condução amadora e atrapalhada, Casinha fechou parceria com a também amadora FDA Sports. O resultado foi uma catástrofe, com rompimento após dois meses, um caminhão de jogadores sem qualidade contratados, salários atrasados, elenco mal formado e um caminho sem volta para a Série D.