Maria Carolina Santiago faz história e Brasil fatura mais três medalhas na natação
Maria Carolina Santiago fez ainda mais história na Paralimpíada de Tóquio.
Depois de encerrar um jejum de 17 anos sem medalhas de ouro para as nadadoras do Brasil, a atleta pernambucana se tornou a única mulher brasileira a conquistar três ouros em uma única edição dos Jogos ao vencer a prova dos 100 metros peito classe S12 (deficiência visual moderada).
E não foi só: o Brasil também levou uma prata com Cecília Araújo nos 50m livre da classe S8 (atletas com um membro amputado ou dificuldade de movimento na parte inferior do corpo).
Maria Carolina dominou a prova desde o começo, largando na frente, virando em primeiro e segurando a vantagem no final. O tempo da brasileira foi de 1min14s89, novo recorde paralímpico. A prata foi da russa Daria Lukianenko, que terminou em 1min17s55 e o bronze para a ucraniana Yarina Malto, com o tempo de 1min20s31. Outra brasileira presente na prova, Lucilene Caetano ficou no quinto lugar (1min30s25).
"Foi realmente foi uma prova muito bem nadada, muito bem executada. Eu não estava nervosa, eu queria estar ali, estava pensando que seria minha última caída na água em Tóquio. Os 100m peito são minha prova favorita, e é tão difícil acertar ela. Eu acertei com meu técnico, passei como ele falou para passar, voltei como ele falou para voltar, e quando vi que éramos campeões foi uma alegria grande", comentou Maria Carolina, em entrevista ao canal SporTV.
Cecília Araújo fatura a prata
Já Cecília fez uma boa prova, se mantendo na segunda colocação praticamente do começo ao fim. A atleta potiguar de 22 anos marcou o tempo de 30s83, enquanto a medalhista de ouro, a russa Viktoria Ishchiulova, que completou a prova em 29s91, e a de bronze, a italiana Xenia Palazzo, fechou em 31s17.
Maria Carolina já havia conquistado outras quatro medalhas: ouro nos 50m livre S12/S13, ouro nos 100m livre S12, prata no revezamento 4x100m 49 pontos (a soma das classes do quarteto tem que dar 49) e bronze nos 100m costas S12. O detalhe é que, mesmo com 36 anos, esta foi a primeira vez que a nadadora competiu nos Jogos Paralímpicos.
A natação brasileira está tendo uma excelente Paralimpíada: além dos três ouros de Maria Carolina, Wendell Belarmino, Gabriel Bandeira e Gabriel Araújo levaram um ouro cada; mais cinco pratas e nove bronzes foram conquistados nas piscinas.
Bronze no masculino
Já Talisson Glock conquistou sua primeira medalha individual em Tóquio ao chegar em terceiro por apenas dez centésimos na final dos 100m livre da classe S6 (atletas com dois membros amputados ou problema motor em um lado do corpo)
Na prova, o chinês Hongguang Jia dominou a primeira metade da piscina, virando na primeira posição. Contudo, na parte final, não conseguiu manter o ritmo e foi ultrapassado pelo italiano Antonio Fantin (1min03s71), novo recordista mundial, pelo colombiano Nelson Crispim Corzo (1min04s82) e, por fim, por Talisson, na batida de mão (1min05s45).
Foi a segunda medalha de bronze de Talisson em Tóquio - a anterior também foi de bronze, no revezamento 4x50m livre misto 14 pontos (ou seja, a soma das classes dos atletas tem que dar 14), ao lado de Daniel Dias, Joana Neves e Patrícia Pereira. Glock ainda compete em Tóquio na prova dos 400m livre da classe S6, que terá a primeira bateria na noite desta quarta, às 21h.
Natural de Joinville (SC), Talisson tem 26 anos e perdeu a perna e o braço esquerdos ao ser atropelado por um trem. Ele começou no esporte paralímpico em 2010, com 15 anos e já conquistou medalha de ouro em Mundiais e Parapan-americanos. No Rio-2016, conseguiu medalha de bronze nos 200m medley S6.