Jornalista compara mulheres narrando futebol a "boi berrando" e gera polêmica
O veterano jornalista paranaense, Osires Nadal, gerou polêmica ao criticar duramente a presença de mulheres narradoras no futebol brasileiro.
Em longa entrevista concedida ao canal do jornalista Cosme Rímoli (confira aqui a entrevista completa), o jornalista de 79 anos, que esteve na cobertura de 12 edições de Copas do Mundo, incluindo a mais recente, no Catar, em 2022, abordou uma série de temas ligados ao futebol brasileiro e à própria carreira.
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No entanto, um trecho em específico da entrevista de Nadal gerou forte polêmica e inclusive notas de repúdio.
Perguntando por Rímoli sobre a presença de mulheres na narração de partidas de futebol, o veterano comunicador do bordão "O Paraná te abraça" deu resposta contundente. "Aquela história de mulher no fogão não é verdadeira", iniciou Nadal.
"Mas mulher narrando futebol e um boi berrando é quase a mesma coisa. Horrível, horroroso. Nada contra as pessoas, são bonitas, simpáticas, inteligentes. Mas narrar futebol não é para mulher. Nem futebol feminino", disparou.
Nadal aprofundou-se na análise acerca da presença feminina no jornalismo esportivo. "Vai vencer no cansaço, no costume? Acho que não é isso. Eu acho que a televisão tem que ter um sentido de 'você vai ser comentarista'. Aliás, tem boas comentaristas, boas repórteres", prosseguiu.
"Agora, narrar futebol, com todo respeito, a todas elas, para não cometer injustiças, mas em especial às da Globo, todas precisam primeiro viver o futebol, entender que futebol não tem narração de mulher", continuou.
Osires Nadal, jornalista esportivo, sobre mulheres narrando futebol"É horrível, desastroso, ruim, faz mal para o ouvido".
Por fim, Nadal afirmou que prefere ouvir à narração do rádio caso haja mulheres narrando partidas de futebol na televisão. "Eu, por exemplo, ouço o rádio debaixo da televisão, quando tem mulher narrando. Não entra, meus ouvidos não se acostumara. Não dá para entender".
Escolha por mulheres na narração tem cunho econômico, diz jornalista
Osires Nadal ainda afirmou que a opção das emissoras de televisão pela narração feminina teria cunho econômico, pois estas seriam mais baratas que os narradores masculinos.
"Talvez o custo operacional tenha causado este excesso de mulheres. Tem muita repórter boa, mas tem outras que são desastrosas. Então, vamos tratar de educá-las, orientá-las, dar o espaço a elas dentro da condição pessoal de cada uma para que tenhamos um trabalho dentro do padrão da emissora para a qual elas trabalham", completou.
Entidades jornalísticas repudiam falas de Osires Nadal
As falas de Osires Nadal sobre o cenário das mulheres na narração de futebol justificaram uma nota de repúdio, emitida pelo Sindicato dos Jornalistas do Paraná (SindijorPR) e da Comissão Nacional de Mulheres da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
"Essas declarações não apenas demonstram um profundo desprezo pelo trabalho e pela presença das mulheres no jornalismo esportivo, como também perpetuam estereótipos ultrapassados e prejudiciais, deslegitimando o talento e a competência das profissionais da área", diz a nota oficial das entidades.
"Em um momento em que o debate sobre a igualdade de gênero e a representação feminina ganha cada vez mais espaço na sociedade, comentários como os de Nadal representam um retrocesso na luta por respeito e reconhecimento", prossegue o texto.