COB aumenta suspensão de Wallace para 5 anos e corta verbas da CBV
O Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil (COB) aumentou de 90 dias para cinco anos a suspensão do jogador Wallace. A pena vale para clubes e seleção e pode representar o fim da carreira do jogador de 35 anos.
A punição diz respeito a uma postagem feita pelo atleta nas redes sociais com enquete sobre um tiro no presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
Wallace entrou em quadra pelo Cruzeiro no último domingo (31), e inclusive marcou o ponto do título da Superliga masculina, respaldado por uma liminar do Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O Conselho de Ética do COB, no entanto, entende que a suspensão aplicada era soberana.
Após a partida, Wallace disse que cometeu um erro e estava arrependido da postagem referente a Lula. Além do aumento da supensão de Wallace, o Conselho também anunciou punição à Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).
De acordo com a decisão, a CBV ficará suspensa por seis meses como filiada ao COB, mesmo período pelo qual terá a perda de repasses de verbas oriundas do Banco do Brasil e do Ministério do Esporte. Por fim, Radamés Lattari, presidente da entidade, também foi suspenso.
"Ao entrar o em quadra, o atleta sabia que estava agindo ilicitamente e a CBV também tinha pleno conhecimento de que sua decisão de permitir a participação do voleibolista na competição, enquanto vigorava a punição, era ilícita e antiética", diz trecho da sentença.
Entenda a punição de Wallace por postagem sobre Lula
Wallace foi afastado pelo Cruzeiro no final de janeiro, depois de fazer uma série de postagens no Instagram sobre sua visita a um stand de tiro.
Na ocasião, abriu uma caixa de perguntas aos seguidores, foi questionado por um seguidor se "daria um tiro na cara do Lula" e respondeu com uma enquete. "Alguém faria isso: sim ou não?". Após a repercussão, gravou um vídeo pedindo desculpas e dizendo que não tinha a intenção de promover ideias violentas.
No dia 3 de abril, o CECOB determinou a suspensão do oposto, por 90 dias, de todas as atividades relacionadas ao COB, bem como às entidades esportivas ligadas ao sistema olímpico brasileiro.
A CBV interpretou a decisão como motivo para bani-lo de suas competições pelo período determinado, mas uma liminar concedida pelo STJD na semana seguinte acatou o pedido da defesa do atleta e determinou que ele fosse liberado para jogar.
O presidente do STJD do Voleibol, Eduardo Affonso de Santis Mendes Farias de Mello, concordou com o argumento apresentado pelo advogado do jogador, Leonardo Andreotti. Na avaliação deles, a forma como a suspensão foi posta impossibilita Wallace apenas de assumir cargos administrativos no COB ou demais confederações ligadas à entidade, sem extensão à esfera esportiva.
Mesmo com a liminar, o Cruzeiro estava em dúvida sobre utilizar ou não Wallace na partida decisiva da Superliga, com medo de receber alguma punição, possibilidade que não está descartada. O COB, que questionou o STJD e reafirmou que sua decisão pode ser interpretada claramente como um banimento de competições, estuda tomar alguma atitude em relação ao uso do oposto pelo Cruzeiro na final.
Além da suspensão de 90 dias das atividades relacionadas ao COB, com cumprimento a partir do dia de abertura do processo, Wallace estava impedido de defender a seleção brasileira de vôlei por um ano - agora, ambas as punições aumentara para cinco anos.
Ele anunciou a aposentadoria após os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, mas aceitou retornar para a disputa do Mundial do ano passado, no que deve ter sido seu último ato com a camisa com a qual foi campeão olímpico em 2016, no Rio, e medalhista de prata em 2012, em Londres.