Suburbana de Curitiba retorna após dois anos com clubes em reconstrução; veja destaques
Mais antiga até que o Campeonato Brasileiro, a Suburbana de Curitiba está de volta após dois anos parada. A competição nunca tinha sido interrompida desde 1941 até a chegada da pandemia de Covid-19.
E, como aconteceu em todos setores, não foi um período fácil. Os tradicionais clubes de bairro ficaram sem abrir seus estádios e, consequentemente, sem nenhum recurso para sobreviverem. A temporada será de reconstrução.
Com ajudas aqui e ali, os amadores conseguiram manter as contas básicas em dia. Se foi difícil para os clubes grandes do futebol brasileiro, imagina para os times quem lutam para se manter dentro de seu reduto.
"Foi muito desafiador. Fizemos grandes sacrifícios. Nós estamos apostando muito no apoio do torcedor, no consumo nos jogos, na bilheteria, na loja oficial agora com a volta do campeonato. Sem o jogos, muitos patrocinadores deixaram de apoiar o amador, claro, por questões econômicas no nosso país. Temos que inovar para que o clube seja autossustentável. É um recomeço para o futebol amador", disse Leandro Andrade, presidente do Operário Pilarzinho.
Clubes mais tradicionais da Suburbana também sofreram
Até os clubes mais estruturados, como Trieste, Iguaçu e Santa Quitéria, passaram por dificuldades. Com doações dos dirigentes, dos patrocinadores, dos sócios e dos torcedores, conseguiram manter as contas em dia.
"No começo da pandemia, quando não podíamos locar o campo, abrir o bar, foi mais difícil. Mas com ajuda de torcedores e sócios, conseguimos pagar as contas e manter o clube em dia", resumiu Sidnei Toaldo, presidente do Iguaçu, que possui um quadro de sócios de mais de 400 torcedores.
Sem atividades em campo, os clubes aproveitaram para fazer melhorias em seus patrimônios. O Capão Raso, por exemplo, finalizou sua sede social e construiu um campo sintético ao lado do campo principal.
Já o Santa Quitéria conseguiu recursos para trocar a iluminação do estádio Maurício Fruet para LED, arrumou e nivelou o gramado e finalizou o projeto do complexo com novas arquibancadas.
O próprio Quitéria também abriu seu estádio para ajudar pessoas carentes. Um grupo da comunidade se reuniu para produzir marmitas para pessoas necessitadas. Olhar para a comunidade também foi a matriz do Tanguá, que volta à elite do amador depois de 23 anos.
"Estamos ansiosos por essa volta. Mas esse foi um período bem importante, porque conseguimos organizar o clube, promover nosso projeto social, com atividades aos jovens do bairro no contraturno escolar, manter as categorias de base e, principalmente, reestruturar o patrimônio do clube. Nossa maior dificuldade foi estar de portas fechadas e manter, ao mesmo tempo, tudo funcionando", disse o Tanguá, via assessoria de imprensa.
Mas chegou a hora de matar as saudades daquela resenha com os amigos, do clássico pão com bife, dos estádios raízes com alambrados e da festa das torcidas!
O retorno do tradicional campeonato amador da Série A será neste sábado (25), com jogos acontecendo a partir de 15h30 pelos bairros de Curitiba. (A Série B já está em andamento desde o fim de semana do dia 11 de junho).
Trieste entra como favorito em 2022
Maior campeão da Suburbana, com 13 títulos, o Trieste entra como favorito ao título em 2022. Além do time de Santa Felicidade, serão outros 11 clubes disputando o taça: Iguaçu, Operário Pilarzinho, Santa Quitéria, Capão Raso, Vila Sandra, Novo Mundo, Imperial, Nova Orleans, Uberlândia, Fortaleza e Tanguá.
Mesmo tendo sofrido com a pandemia, o Tricolor conseguiu se reestruturar com a retomada das atividades. Além dos recursos do seu centro poliesportivo, o Trieste Stadium, o clube também tem o patrocínio máster do Flamengo. Além disso, o time vem treinado há mais tempo que os rivais.
"Como qualquer outro ramo da sociedade, ficamos sem atividades. Foram oito meses fechados, voltando com as atividades, nós nos mantivemos com a capitação do Flamengo, que é o nosso parceiro que administra. E voltamos com as atividades de academia, quadras, campo de futebol, nos ajudou bastante. Então, essa foi a tônica da retomada", explicou Marcos Antônio Anzolin, diretor do clube.
Ex-profissionais seguem encontrando abrigo no futebol amador
De Alex Mineiro a Luizinho Netto e Léo Gago mais recentemente, a Suburbana de Curitiba reúne ex-profissionais que se destacaram pelo Estado e fora dele. O objetivo é se manterem ativos ou até mesmo retomar - e finalizar - à carreira próximos da família.
Este, com certeza, era um dos propósitos do goleiro Rodolfo, ex-Athletico e Fluminense, que chegou a acertar com o Capão Raso, vestiu a camisa, mas desistiu antes do começo deste campeonato. Quem também quase se arriscou no amador em 2022 foi Dagoberto, que recebeu convite do Operário Pilarzinho.
"Trocamos figurinhas, sim. Mas ainda não é o momento para ele. O Dagoberto tem alguns projetos pessoais, que não permitem ele focar no amador. Também tivemos contato com outros atletas de nível alto do profissional, mas preferimos deixar em off. O Dagoberto deixou em aberto a possibilidade para jogar futuramente com a gente", revelou o presidente do clube.
Mas a Suburbana já tem grandes nomes confirmados. O goleiro Vinícius Barrivieira, ex-Athletico, vai jogar no Novo Mundo. Rodrigo Mancha, revelado pelo Coritiba, está confirmado no elenco do Trieste. O veterano Alex Fraga vai atuar pelo Santa Quitéria. Nomes como os dos zagueiros Aderaldo e Camargo, além do lateral-direito Adriano Lara também são conhecidos dos atleticanos e paranistas.
Neste ano ainda, dois ex-jogadores de história em clubes da capital vão se aventurar no comando de equipes. O ex-goleiro Altevir Sales vai treinar o Vila Sandra, enquanto que o ídolo paranista Ednelson é o treinador do Trieste.
Há também os que fazem o caminho inverso. Como foi o caso do jovem Matheus Bueno, que foi revelado pelo Novo Mundo e contrato pelo Coritiba. Hoje, joga Gil Vicente, de Portugal.
Duelos da primeira rodada, neste sábado (25), 15h30:*
- Fortaleza x Vila Sandra, no Antônio Monteiro Sobrinho, na CIC
- Trieste x Tanguá, no Francisco Muraro, em Santa Felicidade
- Santa Quitéria x Novo Mundo, no Maurício Fruet, no Santa Quitéria
- Iguaçu x Nova Orleans, no Egydio Ricardo Pietrobelli, em Santa Felicidade
- Uberlândia x Capão Raso, no Manoel Gustavo Schier, no Novo Mundo
- Operário Pilarzinho x Imperial, José Carlos de Oliveira Sobrinho, no Capão Raso
*Veja a tabela completa no site da Federação Paranaense de Futebol