STJD fala em novas fases de operação que investiga esquema de apostas: “Há mais por vir”
Procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Ronaldo Piacente afirmou nesta quarta-feira que "há mais coisas por vir" em referência à evolução das investigações que apuram manipulação de partidas do futebol brasileiro. O STJD suspendeu preventivamente oito jogadores com base nas provas coletadas pela Operação Penalidade Máxima, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO).
"A informação que eu tenho é que realmente não há envolvimento de clubes, mas tem mais coisas por vir", afirmou Piacente. "Eu indaguei o porquê de alguns atletas mencionados que não foram denunciados, a informação que recebi é que não há provas por enquanto", disse Ronaldo.
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O procurador-geral do STJD participou de um evento organizado pela Federação Paulista de Futebol (FPF), que discute manipulação de partidas de futebol e os mecanismos capazes de proteger a integridade do esporte. Depois de duas fases da Operação Penalidade Máxima, o MP já denunciou 25 pessoas, entre eles 15 atletas por envolvimento em esquema de apostas.
"Afirmo que as investigações não vão parar apenas nessas duas etapas. Teremos a terceira, a quarta e a quinta. É impressionante o que vimos em relação aos atletas sendo aliciados", projetou o vice-presidente administrativo do STJD, Maurício Neves Fonseca.
As investigações do MP levaram a Procuradoria do STJD a denunciar oito desses jogadores. A denúncia foi acatada pelo presidente do órgão, Otávio Noronha, que suspendeu por um mês, de forma preventiva, Eduardo Bauermann, Moraes, Gabriel Tota, Paulo Miranda, Igor Cariús, Matheus Phillipe, Fernando Neto e Kevin Lomónaco. Caso sejam declarados culpados no julgamento, ainda sem data marcada, os atletas podem ficar até 720 dias banidos do futebol.
Piacente defendeu o trabalho do STJD. Segundo ele, não houve morosidade para oferecer as denúncias no âmbito esportivo. A Procuradoria só o fez depois das provas coletadas pela investigação do MP, como mensagens e áudios de WhatsApp e depósito de pagamentos, porque considerou que os relatórios apresentados pela Sportradar, agência de monitoramento de apostas esportivas em âmbito mundial que tem contrato com a CBF, não era suficiente para embasar a denúncia.
"Não dá pra sair denunciando todo mundo com base em relatório", argumentou. "As questões do relatório são subjetivas. Ele analisa, por exemplo, que o zagueiro não foi de forma firme no atacante. A bem da verdade, não houve nenhuma denúncia possível fruto dos relatórios. Não tem nem indício de prova, o que existem são fatos que a empresa analisa de forma subjetiva", sustentou.
Relatório anual de integridade da Sportradar apontou que o Brasil ocupa o primeiro lugar no mundo entre os países com mais jogos suspeitos de manipulação de jogos em 2022. A empresa, parceira da CBF, da Uefa e de outras federações, identificou 152 episódios suspeitos, sendo 139 jogos de futebol. Os 152 representam 12% do total no mundo. A Rússia aparece em segundo lugar, com 92.
Piacente disse que "há mais jogos para serem investigados", mas não citou quais. Ele negou que árbitros tenham participado do esquema fraudulento. "Até hoje, não há", assegurou. A declaração foi endossada por Rafael Bozzano, procurador do STJD. "Não há nenhuma menção à arbitragem. Não chegou nada. Só fake news que ecoam com complexidade muito grande".