Seneme diz que árbitros cumprem rigoroso protocolo e não têm ligação com apostas
Convidados por quatro deputados diferentes para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito da Manipulação de Resultados, que tenta refazer os passos do Ministério Público, Wilson Luiz Seneme, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, negou qualquer tipo de ligação dos árbitros brasileiros com a máfia acusada de manipular jogos das Séries A e B do Campeonato Brasileiro, além de partidas de Estaduais.
"Não consegui, com toda minha experiência no futebol e na arbitragem, detectar nenhum aspecto que pudesse, durante as jogadas ocorridas, nos dar alguma base de elemento ou para o árbitro ter relatado em súmula ou alguma outra resposta ao tribunal que não fosse a que eles cumpriram a regra do jogo", explicou Seneme.
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Na primeira reunião da CPI depois da prorrogação do prazo da comissão por mais 60 dias, Seneme afirmou que não recebeu nenhuma informação sobre conexão entre árbitros e apostadores que fraudaram resultados de partidas do futebol. "Se eu tivesse recebido, eu já tinha procurado o Ministério Público."
Seneme depôs na Câmara em audiência nesta terça-feira, 22, porque os parlamentares consideraram que ele podia contribuir com "informações esclarecedoras e fatos relevantes para as investigações em curso", como diz um dos requerimentos.
Seneme explicou os casos de manipulação de resultados não fizeram a CBF alterar o protocolo sobre o comportamento dos árbitros porque os juízes já seguem um cronograma cauteloso que, conforme ele, coíbe o profissional de se envolver com esquemas de apostas ou outros esquemas ilegais.
"A gente faz semanalmente reuniões com mais de 800 profissionais pra tratar de cuidados que os árbitros devem seguir, formas de se preservar, inclusive num contexto familiar, na chegada aos estádios, durante as viagens", falou o chefe da arbitragem da CBF.
Seneme disse que o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) pediu à CBF todos os áudios e vídeos do árbitro de vídeo de todas as partidas das séries A e B do Campeonato Brasileiro. O material, segundo ele, foi enviado.
A CPI da Manipulação de Resultados retoma os trabalhos nesta quarta-feira. Os parlamentares vão ouvir o jogador Nino Paraíba, suspenso pelo STJD por envolvimento em manipulação de partidas no ano passado.
Atualmente no Paysandu, o lateral-direito Nino P recebeu dinheiro para levar cartão amarelo em três partidas do Brasileirão de 2022, quando defendia o Ceará, contra Flamengo, São Paulo e Cuiabá. Ele fez acordo com o MP-GO, não foi denunciado e se tornou testemunha.