Retrospectiva 2020: pandemia e drama em um ano que não acabou
Quando a bola rolou em janeiro de 2020, ninguém poderia imaginar que a temporada entraria definitivamente para a história do futebol. A pandemia de coronavírus atingiria em cheio o esporte, acarretando graves impactos no mundo da bola. O jogo ficou em segundo plano.
Megaeventos cancelados, campeonatos paralisados, estádios sem torcida e protocolos de saúde que não evitaram que uma série de atletas contraísse o vírus.
Uma temporada histórica - e triste - de um ano que acabou apenas no calendário. Relembre os principais momentos na retrospectiva.
Assolada pelo vírus, Europa entra em transe
A Organização Mundial da Saúde (LMS) caracterizou a Covid-19 como pandemia em 11 de março. Dois dias antes, o Campeonato Italiano já havia sido suspenso por causa do coronavírus.
Em 13 de março seria a vez do Campeonato Inglês parar, faltando duas vitórias para o Liverpool ser campeão. A medida se estenderia por todo o continente, deixando em suspense disputas continentais, como Liga dos Campeões e Liga Europa, assim como jogos entre seleções.
Estádios viram "bombas biológicas"
Enquanto a pandemia avançava na Europa em fevereiro, as partidas ainda seguiam seu ritmo normal, com estádios cheios e sem maiores precauções. O cenário rapidamente se provou perigoso. Um exemplo veio da Itália.
O prefeito de Bérgamo classificou o jogo entre Atalanta x Valência, em 19 de fevereiro, em Milão, como uma "bomba biológica", com 40 mil pessoas no estádio possivelmente infectadas.
Libertadores suspensa
A Conmebol também rapidamente suspendeu a disputa da Libertadores e da Sul-Americana. Inicialmente, a paralisação previa retorno no dia 5 de maio. A previsão se demonstrou exageradamente otimista. As disputas seriam retomadas em setembro.
Copa América e Eurocopa suspensas para 2021
Dia 17 de março, tanto a Uefa como a Conmebol anunciaram o adiamento para 2021 das disputas da Eurocopa e Copa América, respectivamente. Assim como ocorrera com os clubes, o futebol internacional também parou diante do novo vírus.
Olimpíada adiada pela primeira vez na história
A busca do
Brasil por mais um ouro olímpico no futebol, desta vez em Tóquio, também foi
golpeada pela pandemia. Em março, o Comitê Olímpico Internacional confirmou o
adiamento da Olimpíada para 2021, com data marcada para o dia 23 de julho do
ano que vem.
Férias fora de época
Com a bola parada e os campeonatos sem previsão de retorno, a maioria dos clubes brasileiros concedeu férias extemporâneas aos elencos. Com isso, de maneira inimaginável poucos meses antes, os boleiros novamente entraram em recesso entre março e abril.
Estádios viram hospitais de campanha
Durante a paralisação das partidas, estádios de todo o mundo cederam suas estruturas para a construção de hospitais de campanha em meio à pandemia. O Pacaembu, em São Paulo, foi uma das praças esportivas transformadas.
A retomada europeia
A Premier League, na Inglaterra, e a Liga dos Campeões indicaram a retomada das disputas mundo afora. Em meados de junho, a disputa na Inglaterra voltou.
Já no dia 7 de agosto, a principal competição de clubes do mundo retornou em novo formato: com todos os jogos em Portugal, com partidas únicas eliminatórias, sem público. Na final, dia 23 de agosto, o Bayern de Munique bateu o PSG e ficou com o título.
Black Lives Matter e um ano de posicionamentos
O retorno do futebol coincidiu também com o apelo mundial do movimento Black Lives Matter, nascido nos Estados Unidos, contra o racismo.
Na Inglaterra, os atletas de Tottenham e Manchester United se ajoelharam antes da partida de retomada da competição em meio à pandemia. O movimento se replicaria nas partidas mundo afora.
Retomada no Brasil
O Campeonato Carioca foi o primeiro a retomar suas partidas em meio à pandemia, em junho. Nas semanas seguintes, os demais campeonatos regionais também recomeçariam. A CBF, por sua vez, ajustou o calendário nacional, com Brasileirão, Série B e Copa do Brasil "invadindo" o ano de 2021.
Estádios viraram gigantes vazios
O cenário de estádios vazios visto na Liga dos Campeões rapidamente se tornaria o padrão para a volta do futebol ao redor do planeta. A melancólica cena de atletas duelando diante de arquibancadas assustadoramente vazias rapidamente se tornou o "novo normal" do esporte.
Brasileirão e os surtos de Covid-19
O Brasileirão voltou em agosto, com previsão de término em fevereiro de 2021. Apesar dos protocolos de segurança impostos pela CBF, surtos de coronavírus assolaram os clubes do país, desfalcando equipes inteiras para jogos importantes.
Em setembro, o Flamengo encarou o Palmeiras mesmo com 16 casos de coronavírus no clube. A Justiça chegou a suspender o jogo, mas depois a partida foi mantida. Em novembro, novos surtos aconteceram, afetando praticamente todas as equipes da disputa.
Racismo na França e uma atitude histórica
Em um ano marcado por tensões raciais e acusações de racismo no esporte, os jogadores de PSG, da França, e Istanbul Basaksehir, da Turquia, abandonaram uma partida da Liga dos Campeões no início de dezembro.
A atitude aconteceu após uma acusação de um ato racista praticado pelo quarto árbitro, o romeno Sebastian Colţescu, contra o auxiliar-técnico do time turco, o camaronês Pierre Webó. O jogo seria retomado no dia seguinte, com nova equipe de arbitragem.
Racismo no Brasil e polêmica na Série A
Acusações de racismo também aconteceram no Brasil. A de maior repercussão envolveu o meia Gérson, do Flamengo, e o colombiano Ramírez, do Bahia. O atleta flamenguista registrou boletim de ocorrências contra o estrangeiro, alegando ter sofrido injúria racial.
Ramírez, por sua vez, negou as acusações. Já o Bahia, após analisar imagens da partida, reintegrou o colombiano ao time após concluir não ter sido possível identificar a suposta fala racista.
Robinho: de "rei das pedaladas" a criminoso condenado
Em outubro, o Santos anunciou o retorno do veterano atacante Robinho, que responde a uma acusação de estupro na Itália. Após pressão de patrocinadores e torcedores, o Peixe rescindiu o contrato do jogador.
Em 10 de dezembro, Robinho acabaria condenado em segunda instância pela Justiça da Itália a nove anos de prisão pelo crime de estupro. O jogador ainda tem mais uma instância para recorrer.
Pelé, o Rei do Futebol, completa 80 anos
O ano de 2020 também foi de vida. O Rei do Futebol, Pelé, completou 80 anos no dia 23 de outubro, tendo sido celebrado ao redor do planeta. Aqui, no UmDois Esportes, também homenageamos Pelé.
Carneiro Neto celebrou o Rei, Mauro Cezar Pereira relembrou a tarde em que pensou ter visto um gol de Pelé e nossa equipe ainda rememorou o dia que Pelé ganhou de um senhor de 92 anos o único prêmio que não conquistou
Morte de Maradona arrasa o mundo do futebol
No dia 25 de novembro de 2020, o peito dos amantes de futebol de repente ficou apertado. Uma profunda tristeza inundou o mundo da bola: morreu Diego Armando Maradona.
A lenda argentina, que vinha trabalhando no Gimnasia La Plata lutava contra problemas de saúde e morreu após uma parada cardiorespiratória. De Nápoles a Buenos Aires, lágrimas caíram pelo Pibe.
No UmDois Esportes, o leitor viu como o Brasil chorou pela morte de Maradona, e leu as homenagens de Augusto Mafuz e Mauro Cezar Pereira ao inesquecível e problemático gênio hermano.
Messi iguala recorde de Pelé
Após a humilhação sofrida contra o Bayern na Liga dos Campeões, Messi fez de tudo para deixar o Barcelona. Não conseguiu. Na marra, os catalães mantiveram o argentino em seu elenco, mesmo a contragosto do ídolo. E ele novamente fez história.
Em dezembro, ao marcar contra o Valladolid, Messi bateu a marca de Pelé e tornou-se o jogador com mais gols por um mesmo clube na história do futebol: 644 tentos pelo Barça, contra 643 de Pelé pelo Santos.
A volta dos públicos na Europa. E a "volta" da pandemia
Em dezembro, na Europa, países como Inglaterra e França gradualmente reabriram os portões dos estádios para um público reduzido. Parecia o começo de um retorno à normalidade pré-vírus.
No mesmo mês, entretanto, uma nova onda da pandemia abateu a Europa, governos criaram novas políticas de isolamento social, com países entrando em lockdown, colocando em risco a volta do público às praças esportivas.