Pelé inspira futuras gerações e resgata memória de fãs em velório
Às 10h05 desta segunda-feira os portões da Vila Belmiro, o estádio do Santos, se abriram para que fãs de todas as partes pudessem prestar suas últimas homenagens ao Rei Pelé. Milhares de pessoas se aglomeraram junto aos portões do estádio. As filas foram organizadas de modo que todos tivessem alguns segundos próximos ao caixão. Crianças, jovens e adultos enfrentaram o forte calor na Baixada Santista para reverenciar o Rei.
Nas casas que rodeiam a Vila Belmiro, garotos jogam bola, tendo como paisagem e vizinho o palco onde o Rei e tantos jogadores históricos desfilaram suas habilidades. O hino do Santos declama "Nascer! Viver! E no Santos morrer. É um orgulho que nem todos podem ter". O jovem Pablo, de 11 anos, esbanja tal orgulho. Ele atua no sub-11 da equipe e tem em Pelé um espelho para a carreira.
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"Pelé foi um grande jogador, me inspiro muito nele. Quero fazer história também no Santos, como o Rei. Futebol é tudo para mim. Sem ele não seria nada. Se Deus quiser mais para frente vou poder ajudar o meu clube, o Santos", diz o garoto.
A mesma paixão percorre o mesmo trajeto que a família de Pelé. Maria Alice, 11, e Raíssa, 17, são de Itajubá, no Sul de Minas. Dondinho, pai do Rei, jogou em um clube da cidade, o Yuracan, antes de se transferir para Três Corações, onde nasceu o ídolo máximo do futebol mundial. As garotas, acompanhadas das mães, não viram obviamente o Rei em campo, mas guardarão o jogador como uma ambição.
"Eu quero seguir a carreira que o Pelé seguiu. Eu acho que ele foi um dos jogadores mais importantes que o Santos já teve. É uma história muito importante. É muito emocionante", relata Raíssa. "Agora Pelé está em um lugar melhor. Todo brasileiro sabe que ele era um jogador maravilhoso", complementa Maria Alice.
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Francisco Paulo é professor em Curitiba e reservou o dia em meio às férias escolares para vir a Santos. "Vi o Pelé jogar duas vezes. Já chorei um monte. Para a minha geração, o Pelé fez parte do nosso imaginário e da nossa educação, como matemática, português, história... Fazer gol como Pelé, vibrar como Pelé. 'Faça como o Pelé', falava meu pai. Ele ajudou a me educar. Em viagens para o exterior, todo mundo quer falar com você. É até mais fácil conseguir informações", afirmou.
Em todos os cantos e arredores da Vila Belmiro, torcedores do Santos agitam bandeirões com fotos e frases para Pelé. Na Vila Belmiro, não apenas santistas se despedem do Rei. Torcedores com camisas de outros clubes, como Palmeiras, São Paulo, Corinthians, Portuguesa Santista e Barcelona passaram pelo corredor que cruza o gramado do estádio. Torcedores do time da Baixada, porém, são maioria. Heloísa Nunes é uma delas e faz questão de separar a pessoa do ídolo. O Edson do Rei Pelé.
"O Rei merece todas as nossas homenagens. A cidade também. Sou santista desde pequena. A porta que o Pelé abriu no esporte não tem palavras para explicar. Ele foi uma ótima pessoa. Vida pessoal dele era o Edson. Mas para o Pelé eu tinha de vir aqui e prestar uma homenagem", afirmou.
O velório de Pelé segue até 10h de terça-feira no Estádio Urbano Caldeira, a Vila Belmiro. A entrada de público não será interrompida, nem mesmo durante a madrugada. Em nenhum momento até aqui, a fila de torcedores ficou vazia. Para registrar o momento, eles usam seus celulares. Mas só a memória é capaz de guardar os lances, a história e a vida do Rei.