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Pelé completaria 83 anos nesta segunda-feira; nome do Rei continua ecoando após sua morte

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Estadão Conteúdo
23/10/2023 11:39 - Atualizado: 23/10/2023 11:39
Pelé virou adjetivo no dicionário
Pelé virou adjetivo no dicionário | Foto: Albari Rosa/Arquivo/Gazeta do Povo

Pelé é eterno. Já era assim que diretores de cinema retratavam sua vida e obra dentro de campo, com a camisa do Santos e da seleção brasileira. O que o Rei de Futebol fez dentro das quatro linhas ecoa fora dos gramados. E ainda mais: para além do esporte, superando barreiras de anos e gerações de torcedores que não viram sequer o astro atuar. Nesta segunda-feira, ele completaria 83 anos. Ele morreu no fim do ano passado, vítima de um câncer. Seu legado e seu nome sempre serão lembrados.

No último sábado, por exemplo, foi inaugurado em São Vicente, litoral de São Paulo, um píer em homenagem a Pelé. O evento na Orla do Gonzaguinha esteve lotado. Dentre os símbolos eternizados no local, frases icônicas, a famosa comemoração com soco no ar e o número 10 com uma coroa são os destaques. Estiveram presentes na celebração Edinho, seu filho, além de ídolos do Santos como Pepe, Edu, Mengálvio, Lima, Manoel Maria e Abel, que conheceram Pelé na Vila Belmiro.

O primeiro aniversário de Pelé desde sua morte terá mais comemorações. Torcidas organizadas do Santos prometem fazer uma festa no litoral paulista em homenagem ao ídolo maior. Em Santos, a prefeitura organizou uma programação especial para reverenciar seu nome. Destaque para a reinauguração do icônico bonde e o plantio de árvore em homenagem aos 1.283 gols marcados. O Museu Pelé, que normalmente fica fechado às segundas-feiras, abrirá as portas para receber visitantes com ingresso totalmente gratuito.

Em agosto deste ano, foi inaugurada a primeira escola do mundo com o nome de Rei Pelé, também em São Vicente, litoral paulista. Para a abertura do local, amigos do eterno camisa 10 marcaram presença, assim como sempre tem sido. Pepe, Edu, Mangálvio, Lima, Manoel Maria e Abel prestigiaram o evento. A estrutura do local conta com diversas ilustrações do astro. Elas servem de exemplo para tantas gerações que sonham com um futuro melhor, dentro e fora de campo.

As homenagens desde a morte do Rei, em dezembro do ano passado, têm sido contínuas. Logo em janeiro, poucos dias depois da perda para o futebol, a prefeitura de Santos organizou um roteiro turístico em memória de Pelé. A Vila Belmiro, palco de tantas exibições memoráveis, é o ponto de partida. O CT Rei Pelé e o Museu Pelé também fazem parte do itinerário, bem como o Monumento ao Camisa 10, situado na Nova Entrada de Santos. Sua memória continua viva, portanto.

O Memorial Necrópole Ecumênica, onde Pelé descansa, não poderia faltar às homenagens. Pelé tem fã no Brasil todo. Ele está em um mausoléu, no primeiro andar, e a visitação está aberta ao público desde maio. As informações são de que mais de 5 mil pessoas estiveram lá desde sua morte. Na entrada, duas estátuas feitas de ouro recepcionam os fãs como um verdadeiro Rei receberia seus súditos. Seu caixão também é dourado. A sala conta com grama sintética e ilustrações da torcida do Santos nas paredes. Pelé repousa direcionado à Vila Belmiro. O local de sepultamento foi escolhido pelo próprio jogador.

O legado de Pelé

Pelé morreu aos 82 anos, em São Paulo, dia 29 de dezembro de 2022. Ele passou um mês internado no Hospital Israelita Albert Einstein, no bairro do Morumbi. O Rei, durante muito tempo, lutou contra um câncer no cólon e constantemente era internado para avaliação de suas condições. A causa da morte, segundo o hospital, foi falência múltipla de órgãos. Ele esteve com a família nos últimos dias, entre o Natal de 2022 e sua morte, no dia 29.

O Rei era bastante ativo nas redes sociais e participava com frequência de algumas campanhas. Mas, especialmente, torcia por atletas brasileiros e se posicionava quando necessário. Por exemplo, como quando postou uma foto de Vinicius Júnior dançando após mais um episódio de racismo sofrido pelo atacante do Real Madrid. "E nós continuaremos combatendo o racismo todos os dias desta forma: lutando pelo nosso direito de sermos felizes e respeitados. #BailaViniJr", escreveu Pelé na ocasião. Ele também postou quando o amigo Messi foi campeão do mundo no Catar.

Mesmo após sua morte, uma equipe e familiares continuaram seu legado na internet. Postagens de Pelé são frequentemente feitas como forma de manter seu nome vivo na memória dos fãs e acompanhar assuntos que ele faria se estivesse vivo. Postou foto com Elis Regina, com Senna e uma em que Rodrygo, menino da Vila, olha para sua imagem abraçando uma bola de futebol. De Bia Haddad e Marta, de Neymar e Ronaldo, Pelé era e continua sendo um grande torcedor dos brasileiro e das brasileiras esportistas.

A herança de Pelé

Em seu testamento, Pelé determinou que 30% de seus bens fossem destinados à mulher Márcia Aoki, que inclui a casa em que morava no Guarujá. O 70% restantes seriam divididos em até nove partes. Cinco filhos de seus casamentos (três de seu primeiro e dois de seu segundo), duas filhas reconhecidas, uma enteada que pediu para ser reconhecida e uma mulher que pediu para ser reconhecida por teste de DNA.

O valor desse montante, segundo o advogado de Pelé, é indeterminado. Durante sua carreira, o atleta do século 20 acumulou diversos bens e valores, mas também se desfez de muita coisa conforme foi precisando com sua aposentadoria e também por interesse próprio. O Hospital Albert Einstein ainda espera por essas determinações para receber sobre os dias em que ele ficou internado pela última vez.

Em julho, os filhos de Pelé concordaram com a inclusão de Gemima, enteada de Pelé, entre os herdeiros. O inventário está sendo feito na 2ª Vara de Família e Sucessões de Santos e a família tem prezado pela discrição. O Estadão apurou na época que o valor total da herança ainda estava sendo levantado pelos advogados. Estimava-se que Pelé tenha deixado fortuna de R$ 78 milhões.

A reportagem apurou, ainda, que os filhos de Pelé não tinham realizado o exame de DNA para que pudessem comprovar a existência de uma nova filha do Rei. Pelé respondia na Justiça uma ação de paternidade movida por Maria do Socorro Azevedo, que é representada pela Defensoria Pública de São Paulo e alega ser sua filha, tornando-a também herdeira legítima do jogador. Ele não recorreu em vida e decidiu que ia fazer o teste de DNA, mas acabou morrendo antes de realizar o exame.

Pelé citou a possibilidade de ter uma outra filha em seu testamento e os filhos entenderam que o exame era necessário para dar continuidade ao processo do inventário de maneira harmoniosa, mas também para a questão acabar não sendo julgada de maneira inadequada nos tribunais.

Em março, Márcia Aoki, viúva de Pelé, concordou que o inventário do marido ficasse sob a administração de Edinho, filho mais famoso do Rei. Com o aval dos irmãos, o ex-goleiro pediu para administrar a herança do pai assim que o inventário foi aberto, argumentando estar em posse de bens do inventariado e mais familiarizado com os negócios da família. A transferência da função de inventariante foi apreciada pela 2ª Vara de Família e Sucessões de Santos.

Mais homenagens ao Rei

Dentre tantas homenagens que vem recebendo desde sua morte, Pelé pode ainda dar nome a uma medalha da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). A honraria é concedida a esportistas e paradesportistas profissionais ou amadores. O projeto de resolução (PR) é o 51/2023, da deputada estadual Delegada Graciela (PL).

Chamada de Medalha do Mérito Esportivo Rei Pelé, a homenagem será feita a pessoas que incentivem a prática de esportes através de trabalhos de cunho social, de formação da cidadania e de lazer, ou através da participação em competições de alto rendimento. "Uma vez aprovado, as medalhas a serem concedidas pelos deputados, como reconhecimento a figuras esportivas que inspiram a sociedade paulista, serão um segundo passo para enaltecer a contribuição oferecida pelas pessoas que fomentam a prática esportiva", declarou a deputada estadual Delegada Graciela.

"A ideia é premiar não apenas os atletas de alto rendimento, mas também quem lida com o esporte no dia a dia, muitas vezes sem incentivo e com pouca ou nenhuma estrutura, formando crianças e adolescentes como atletas e como seres humanos. Essas pessoas também estarão aptas a obter o reconhecimento da Assembleia Legislativa da maneira que merecem", completou.

Caso seja aceito, o PR 51/2023 determina que cada deputado estadual indique uma pessoa para receber a Medalha Rei Pelé a cada quatro anos. A entrega ocorreria na Alesp, em Sessão Solene.

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