Luto

Morre Diego Maradona, aos 60 anos

Por
UmDois Esportes
25/11/2020 16:25 - Atualizado: 29/09/2023 23:09
Morre Diego Maradona, aos 60 anos
| Foto: Alejandro Pagni/AFP

O ídolo do futebol argentino Diego Armando Maradona morreu nesta
quarta-feira em Buenos Aires. Aos 60 anos, completados no mês passado,
ele vinha trabalhando como técnico do Gimnasia La Plata e lutava contra
uma série de problemas de saúde. Ele faleceu depois de sofrer parada
cardiorrespiratória.

Maradona havia deixado o hospital há duas semanas após ser internado
para tratar hematoma no cérebro. Depois disso, o camisa 10 da Argentina
foi levado para casa, na cidade de Tigre, região metropolitana de Buenos
Aires, para terminar sua recuperação.

Polêmico e gênio da bola, ele transcendeu o universo do futebol e entrou
para a história como um dos maiores de todos os tempos. Maradona nasceu
em 30 de outubro de 1960 e passou a infância em Villa Fiorito, na
periferia de Buenos Aires. Ali, começou a se destacar por sua habilidade
com a bola nos pés. Nesta época, o seu maior ídolo era o brasileiro
Roberto Rivellino, canhoto como ele. No livro "Yo Soy el Diego de la
Gente", ele reverencia Rivellino.

"Sempre o menciono como um dos maiores. Ele teve elegância e rebeldia.
Ele se rebelou contra os poderosos", disse Maradona. Na Copa de 70,
então com dez anos, Maradona ficou encantando com os "elásticos" de
Rivellino, no México.

Quase duas décadas depois, também no México, foi a vez de ele se
consolidar como uma estrela do futebol, quando como capitão da seleção
argentina levantou a Copa do Mundo em 1986. Foi lá que marcou seus gols
mais famosos: o polêmico com a "mão de Deus" e outro no qual saiu
driblando os adversários desde o meio de campo, ambos contra a
Inglaterra.

Na Argentina, Maradona despertou devoção e paixões a ponto de alguns fãs
terem criado a Igreja Maradoniana, cujos fiéis o consideram seu deus.
"Gostaria de ver Diego para sempre, driblando por toda a eternidade",
cantou a banda de rock Ratones Paranoicos, em uma das dezenas de canções
feitas em homenagem ao camisa 10.

Pela seleção argentina, ele chorou de raiva ao receber a medalha de vice
na Copa do Mundo da Itália, em 1990. Jogou outros dois Mundiais:
Espanha-1982 e Estados Unidos-1994, quando pronunciou a frase "cortaram
minhas pernas", depois de testar positivo no controle antidoping para
efedrina, em meio a um momento de renascimento no futebol. Mais tarde,
como treinador, comandou a seleção nacional entre 2008 e 2010, até a
Copa do Mundo na África do Sul, com Lionel Messi em campo. Mas seu
destino foi selado com uma dura derrota para a Alemanha nas quartas de
final

Maradona disputou 676 partidas e marcou 345 gols em 21 anos de carreira,
entre seleção e clubes. Ele deu os primeiros passos nas divisões de
base do Argentinos Juniors, clube pelo qual estreou na primeira divisão
aos 15 anos, em 20 de outubro de 1976. Seguiu para o Boca Juniors
(1981-1982), onde conquistou um campeonato nacional. Transferido para o
Barcelona (1982-1984), foi contratado em seguida pelo italiano Napoli
(1984-1991), onde virou ídolo.

Mas, em 17 de março de 1991, seu vício em cocaína custou-lhe a primeira
suspensão. Voltou aos gramados atuando pelo espanhol Sevilha (1992-1993)
e de lá retornou à Argentina para uma breve passagem pelo Newell's Old
Boys em 1993. Depois da Copa do Mundo de 1994 e da segunda sanção por
doping, vestiu mais uma vez a camisa do Boca, onde deixou os gramados em
25 de outubro de 1997, cinco dias antes de seu 37.º aniversário. Em uma
despedida memorável em 2001, dentro do estádio La Bombonera lotado,
Maradona falou sobre seus vícios. "Errei e paguei, mas o que fiz em
campo não se apagou".

Maradona foi mais do que um grande jogador. Indomável, enfrentou o poder
do futebol mundial, desafiou o establishment, abraçou líderes da
esquerda latino-americana, fez amizade com Fidel Castro, tatuou Che
Guevara e é o ídolo de figuras lendárias do esporte.

PROBLEMAS - Em 2000, o argentino sofreu um ataque cardíaco devido a uma
overdose no resort uruguaio de Punta del Este. Fez um longo tratamento,
com idas e vindas a Havana, longe das câmeras. Pesando 100 quilos, outra
crise cardíaca e respiratória o surpreendeu em 2004 em Buenos Aires e o
deixou à beira da morte.

Recuperado, fez uma cirurgia bariátrica e perdeu 50 quilos, para
retornar um ano depois como apresentador de televisão. Em 2007, os
excessos no consumo de álcool o levaram a uma nova hospitalização, agora
por hepatite. Foi internado em um hospital psiquiátrico. Saiu
novamente.

Para os gramados, voltou como treinador, função que já havia tentado,
sem sucesso, no Mandiyú (1994) e Racing (1995). Depois de liderar a
seleção nacional, comandou o Al Wasl (2011-2012) dos Emirados Árabes,
depois o Al Fujairah (2017-2018) e seguiu para o México, onde esteve à
frente do Los Dorados de Sinaloa (2018). Operado dos joelhos e com uma
bengala, assumiu em 2019 em seu país o comando do Gimnasia y Esgrima La
Plata.

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