LaLiga reconhece insultos racistas contra Militão em jogo do Espanhol
A defesa da LaLiga no processo aberto pelos insultos racistas contra o brasileiro Vinicius Júnior, em jogo com o Valencia pelo Campeonato Espanhol - realizado na temporada passada -, enviou um documento escrito ao tribunal, em que explica que o zagueiro Éder Militão também foi alvo de expressões do mesmo cunho e pediu que ele seja chamado para prestar depoimento.
No dia 26 de maio deste ano, o tribunal número 10 da cidade de Valência abriu uma investigação pelas ofensas de cunho racial proferidas contra o ex-Flamengo, que foi o autor da denúncia.
A corte citou como investigados três torcedores do clube alvinegro, que foram identificados pelo próprio Vinicius e também pelo sistema de monitoramento por câmeras do estádio Mestalla, onde o jogo aconteceu.
Dois deles prestaram depoimento no mês passado, enquanto o terceiro envolvido prestou esclarecimentos ontem.
Peritos em leitura labial sustentam acusação de insultos a Vinícius Júnior
A LaLiga, aparecendo como acusação particular no processo aberto pelos insultos racistas ao jogador brasileiro Vinícius Júnior no estádio Mestalla, em maio, apresentou ao tribunal um laudo pericial sobre a leitura labial dos torcedores processados com a intenção de contradizer o que eles declararam, onde admitiram os gestos, mas não os insultos racistas.
No dia 26 de maio, o tribunal 10 de Valência abriu uma investigação por insultos racistas que Vini Jr. denunciou ter recebido dias antes no jogo entre Valencia x Real Madrid, pelo Campeonato Espanhol, e citou três torcedores do Valencia - entre 18 e 23 anos - que foram identificados por um lado pelo próprio jogador e por outro pelo sistema de câmeras do local.
Dois dos investigados prestaram depoimento em junho, enquanto o terceiro fará nesta terça-feira, embora, como os outros dois, apenas respondesse às perguntas de seus advogados, ignorando as do promotor ou dos advogados das acusações privadas. Federação de Futebol e Real Madrid, que apareceu como "ofendido" nas últimas semanas (não foi quando os primeiros depoimentos foram feitos).
O jogador do Real Madrid, alvo dos insultos, foi intimado a depor no dia 28 de setembro e foi-lhe oferecida a possibilidade de fazer por videoconferência, após a instrutora ter aceitado adiar seu depoimento por estar de férias.
Fontes do processo informaram à Agência EFE que o depoimento do terceiro jovem foi idêntico ao dos outros acusados, ou seja, admite certos gestos mas nega ter proferido quaisquer insultos, bem como qualquer motivação racista.
Um dos advogados deste jovem, Manuel Izquierdo, explicou aos jornalistas no final do depoimento que o seu cliente "não disse nada a Vinícius, apenas reagiu às provocações do jogador com um gesto de dois segundos em um jogo de máxima rivalidade" .
"Evidentemente, não acho que a ação dele constitua um crime de ódio ou racismo, não tem nada a ver com isso. O Real Madrid e a LaLiga querem que tudo o que aconteceu desde a chegada do ônibus visitante ao Mestalla seja julgado, mas o que o tribunal vê é o que aconteceu aos 72 minutos de jogo. Meu cliente fez um gesto, nada mais".
Por outro lado, este advogado considera que “Vinícius pouco se importa com o que aconteceu, como demonstra o fato de ter adiado o seu depoimento. Dá a importância que este assunto realmente tem, que é nula”.
Outro advogado do jovem que depôs hoje, Ramón Igual, advertiu sobre a "desproporção" da acusação. "A do nosso réu foi uma reação infeliz, rude e repreensível, isso não será negado, mas não podemos colocar uma causa geral contra o racismo nesses meninos, como parece ser pretendido."
"Não podemos confundir futebol com negócio futebolístico. É notório que ele mediou uma provocação de Vinícius, que cinco minutos antes desses acontecimentos estava fazendo o gesto de 'a Segunda' para Gayá. É um tipo de jogador que sempre existiu", acrescentou este advogado.
Como acusação particular, a LaLiga apresentou à juíza de instrução vários vídeos da chegada do Real Madrid ao Mestalla que aparentemente reforçam a tese do insulto racista a Vinícius Júnior e que podem levar a processos judiciais pelos fatos ocorridos também fora do estádio e na extensão do processo investigativo.
Diversas capturas de tela estão anexadas à denúncia em que vários jovens podem ser identificados gritando a onomatopeia "uh, uh, uh" ou entoando "você é um macaco" e "Vinícius você é um macaco".
Nesta ampliação da denúncia, também é anexada uma publicação do perfil do Ultra Yomus no Twitter, na qual os torcedores são convidados a dar as boas-vindas ao time e indica a juíza de instrução que atualmente este grupo está atualmente localizado no extremo norte, nas mesmas arquibancadas onde estavam os torcedores investigados por insultos racistas.
