Festa do Flamengo deixa 30 feridos, 11 detidos e lojas saqueadas
A celebração do Flamengo pelas conquistas da Copa do Brasil e da Copa Libertadores deixou um rastro de torcedores feridos, janelas quebradas e lojas saqueadas no centro do Rio de Janeiro. Na comemoração, que reuniu milhares de torcedores na tarde de domingo, eclodiram brigas supostamente entre torcidas organizadas rivais. O tumulto cresceu e a Polícia Militar interveio com bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral e gás de pimenta, para dispersar os torcedores.
O Hospital Municipal Souza Aguiar informou que cerca de 30 pessoas foram atendidas em sua Emergência. Tinham ferimentos diversos, em decorrência das brigas e confusões que marcaram o evento.
A comemoração, convocada pelo clube, começou às 10h do domingo. Reuniu os atletas em um caminhão e milhares de torcedores rubro-negros ao longo da avenida Presidente Antônio Carlos e da rua Primeiro de Março. Essas vias são tradicionalmente usadas em desfiles de blocos carnavalescos. O clima foi de festa até por volta de 13h.
Até que começaram algumas brigas isoladas. Mais pessoas se envolveram. As confusões cresceram até que os atritos se tornaram um tumulto com dezenas de envolvidos. Sobre o caminhão, o atacante Gabriel e Rodolfo Landim, presidente do clube, pediram que os torcedores parassem de brigar. Reforçavam que era um dia para comemorar. Não tiveram sucesso.
Na confusão, prédios públicos, como o da sede do Tribunal de Justiça do Rio, tiveram vidros quebrados. O tumulto se espalhou. Três embarcações da CCR Barcas (Neves, Pão de Açúcar e Urca), responsável pelo transporte de passageiros na Baía de Guanabara, foram vandalizadas por torcedores.
Alguns grupos invadiram a área restrita das barcas durante a travessia Rio-Niterói, o que, segundo a empresa, violou medidas de segurança. Os invasores danificaram lixeiras, iluminação, assentos, sistema de detecção de incêndio, câmeras de segurança, ar-condicionado e placas de sinalização. Os prejuízos foram avaliados em R$ 112 mil, informou a concessionária.
Saques
Enquanto o tumulto se desenrolava, alguns homens aproveitaram para arrombar as portas de uma unidade da Lojas Americanas e uma da rede Ponto Frio, na rua Uruguaiana. Imagens de saqueadores correndo com caixas de eletrodomésticos se espalharam pelas redes sociais. Centenas de pessoas tiveram de fugir da confusão.
A Polícia Militar informou que, alertada sobre os saques, "equipes foram ao local e as mercadorias já tinham sido recuperadas por funcionários da loja". "Equipes do 5ºBPM (Praça da Harmonia), Batalhão de Polícia de Choque, (BPChq), Batalhão Especializado em Policiamento em Estádios (BEPE) e Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidão (RECOM) atuaram em diversos pontos da região Central do Rio", informou nota da corporação.
Segundo a PM, as unidades atuaram para conter confusões entre os torcedores. Ao fazer um balanço dos tumultos, a corporação informou que onze pessoas, "envolvidas em confusões e furtos", foram encaminhadas para a 5ª Delegacia de Polícia (DP), que fica no Centro da capital fluminense.
A corporação afirmou que "policiais do 5º BPM (Praça da Harmonia) e do Centro Presente prenderam os criminosos que praticaram furto". Os produtos furtados, informou, foram recuperados.
Vídeos publicados nas redes sociais, porém, indicam que a ação da PM visou também torcedores que estavam afastados dos tumultos. Muitos se queixaram de uso excessivo e desproporcional de força pelos policiais.
Prejuízos
A empresa Lojas Americanas informou que "a loja estava fechada no momento da ação, e o alarme disparou assim que a invasão aconteceu". "A Polícia foi acionada e a companhia ainda está levantando os prejuízos e contribuindo com as investigações", diz uma nota divulgada pela empresa.
A Viavarejo, empresa controladora da rede Ponto Frio, informou que o "incidente ocorrido na loja de Uruguaiana" não teve vítimas. "A empresa está prestando todas as informações às autoridades competentes", afirmou em nota. Procurada pela reportagem do Estadão, a assessoria de imprensa do Flamengo não se manifestou.