Entrevista

Alex revela inspirações, fala sobre treinar o Coritiba e se toparia dirigir o Athletico

Por
Fernando Rudnick
24/11/2020 12:47 - Atualizado: 29/09/2023 23:09
Alex revela inspirações, fala sobre treinar o Coritiba e se toparia dirigir o Athletico
| Foto: Arte: Osvalter Urbinati

Na segunda parte da entrevista ao UmDois Esportes, Alex falou sobre suas inspirações para a nova carreira de técnico, destacou seus objetivos e deixou claro que o início, por que não, poderia acontecer no clube do coração, o Coritiba.

"Eu, por exemplo, sei o que carregaria pra mim trabalhar no Coritiba. Não sou bobo, estou na bola há 30 anos, sei como é que funciona. Mas o Coritiba é um clube com muito potencial. Não só pra mim, como pra qualquer outro profissional. Se eu tiver oportunidade de iniciar ou de um dia trabalhar no clube, sinceramente, não vejo problema nenhum", revel o paranaense.

No Brasil, treinar o Athletico é a única coisa que o futuro técnico Alex descartaria. "É desnecessário. Tanto pra mim enquanto coxa, pra minha família, e também pro próprio atleticano", acredita o ex-jogador que, aos 43 anos, está pronto para se tornar treinador de futebol em 2021.

Leia a primeira parte da entrevista aqui.

Veja o bate-papo na íntegra:

UmDois Esportes Você já citou algumas vezes que o Zico foi o melhor gestor de grupo com quem você trabalhou. Como você se inspira nele?

O principal é a segurança do teu cargo. Das experiências que trago como jogador, e agora desse período na televisão e também observando, conversando com muitos, a grande preocupação do treinador é com quem está do lado dele. Será que esse cara está comigo, será que não? E o Zico demonstrava uma segurança muito grande com as coisas que ele ia fazer. Eu lembro de problemas com a diretoria porque ele prometia pro cara… olha, você vai jogar daqui a dois domingos. No meu plano você vai jogar. E muitas vezes têm coisas que fogem um pouco do treinador, existe esse envolvimento contratual entre o clube e o jogador e o Zico não estava nem aí pra isso. Ele simplesmente falava, fazia e deixava a coisa acontecer. Os problemas apareciam, ele dominava no peito, protegia o time e ia embora. Agora, isso você só tem com o tempo. Eu aprendi que no futebol, se você falar algo, tem que tentar cumprir o mais próximo daquilo que você falou. É o que dá problema no futebol. As pessoas falam: ah, o salário está atrasado, isso dá problema. Nunca vi salário atrasado dar problema, sinceramente. O que vi dar problema é o diretor sentar com você e dizer que paga dia 20, mas não aparecer no dia 20. Aquilo te dá problema. Todo mundo que está envolvido em futebol conhece os problemas. Se você joga em um clube com dificuldades financeiras, você conhece as dificuldades. O problema passa a ser maior quando a figura central, o executivo, o diretor ou o próprio presidente, fala e não cumpre. Isso inclui até o treinador que fala que vai colocar o jogador pra jogar na sexta-feira e não coloca. A questão não é por que não coloquei, mas por que falei que colocaria. Isso te traz problema. E isso o Zico fazia muito bem. Independente do que acontecesse, ele mantinha o que falava. Isso facilita.

Mas peguei outros treinadores que agiam por caminhos diferentes, mas faziam coisas parecidas. Eu tive experiências com vários tipos de treinadores, vários tipos de personalidades. Mas a maioria tinha processos parecidos, mesmo com caminhos diferentes. O que mudava, muitas vezes, era como os caras eram formados. Por exemplo, tive Luxemburgo no auge e Felipão no auge. Mas não tem como comparar um cara que nasceu no Interior do Rio Grande do Sul com alguém que nasceu no subúrbio carioca, no mesmo período. São duas educações diferentes, de pais diferentes, histórias de vida diferentes. Então, eles têm uma linha, sabem com chegar pra ganhar, sabem como chegar pro jogador, mas também trazem a história de vida deles. E isso você começa a observar as diferenças no dia a dia.

Quais características dos técnicos com quem trabalhou você tentaria repetir no seu trabalho?

Essa é uma pergunta muito legal e é uma coisa que me questiono muito de como posso usar algo que se usava em 1998, por exemplo. O Felipão que eu conhecia, a última vez que ele me treinou foi em 2002, estamos falando de 18 anos atrás. Essa talvez seja uma briga. Como utilizar coisas que eu achava que eram legais para o momento de hoje, pra novas gerações de jogadores e seres humanos. Então eu tenho guardado na minha cabeça as coisas que gostava que os caras fizessem comigo e as coisas que não gostava. E o mesmo com os jogadores ao meu lado. Às vezes via treinadores fazendo coisas que não se faz. Quando eu tinha eu acesso maior falava, você não deveria ter feito aquilo com fulano. Mas era do cara, da pessoa. Naquele momento talvez coubesse, hoje em dia não sei se caberia.

Se eu pudesse escolher uma característica, algo que me chamava muito a atenção, era o poder de convicção do Luxemburgo. Eu vi o Vanderlei dizer pra mim na terça-feira o que ia acontecer no domingo. Isso era magnífico. Tive histórias com ele de no jogo anterior ele falar pra eu tomar o terceiro cartão amarelo porque no jogo tal imaginava uma outra situação comigo fora do campo. E na hora de trocar não titubeava muito.

Lembro de uma história com ele. Eu estava com o Coxa em Foz do Iguaçu treinando e ele foi passar uns dias com a família no mesmo hotel. E após um treino a gente sentou tomar um negócio. Nosso treinador era o Dado Cavalcanti. Sentamos eu e o Deivid e começamos a falar a respeito do trabalho do Dado, que a gente gostava. Ele agradeceu, falou que era muito legal o que estávamos falando, disse que o Dado ainda era um menino. Agora, pra ver se o Dado se tornaria um baita de um treinador teríamos de ver como ele trabalharia no jogo, no campo. Existem treinadores que dão treinos maravilhosos e na hora do jogo, de alguma forma, falham. Então vamos esperar o que acontece com o Dado. E aquilo ficou na minha cabeça.

E realmente o Vanderlei dava treino bem, dava palestra bem, se comunicava bem. E chegava no jogo ele tinha as convicções dele. Se eu tivesse de escolher uma característica de um treinador seria esse poder de convicção dele. Ah, vou tirar um zagueiro e vou meter um atacante. Só que isso, que é o que eu falei do Zico, vem com a confiança no cargo.

Muitas vezes o treinador chega no clube pressionado, chega no clube caindo, como a gente brinca, o cara que chegou desempregado. E esse pensa o que é mais fácil fazer… um jogo mais de criação, um jogo melhor formulado, ou vamos fazer o simples, nos trancar aqui atrás, jogar por uma bola num escanteio, numa falta. Deixar um jogador rápido pra tentar um contra-ataque. Mas tem treinador que nem isso deseja. Defende com dez atrás e se terminar 0 a 0 pra ele está ótimo. Acho que leva tempo. Sorte daquele que é jovem e já consegue ter essa confiança, esse espírito, essa não preocupação com o emprego.

O Coritiba tem eleições no dia 12 de dezembro. Alguma chapa te sondou para ser treinador?

Não… Eu vou escolher meu candidato, voto e vou pra casa. Eu quero ter minha relação com o Coritiba de torcedor, de arquibancada, de associado. Então eu vou lá, torço com meus filhos, pego minhas coisas e vou pra casa. As pessoas tem uma ilusão de que participo do clube de forma efetiva, que dou palpite e isso e aquilo. Isso nunca aconteceu. Outras pessoas me cobram de que eu devia ter essa atitute, o que acho errado. Se eu quero dar palpite, melhor estar dentro. A partir daquele momento da minha participação em 2014 – quando era efetivo, era o capitão e tinha acabado de encerrar a carreira – tenho informações pelas pessoas que conheço e por vocês da imprensa. Conheço o Vialle, o Follador, o Samir, conheço pessoas envolvidas nas três chapas. São coxas, algumas ideias se encontram com as minhas, outras não. E cabe ao associado ir no dia 12 votar. E fica minha torcida para quem ganhar que possam fazer o que está sendo mostrado.

O que eu tenho dito para todos os envolvidos em chapas é que o Coritiba tem que se preocupar com quem dirige o sub-17, o sub-20, o sub-15. Financeiramente não temos condição de competir com a maioria dos clubes. Então temos que começar a criar dentro de casa situações onde possamos ter, além da parte técnica que meninada sempre dá, a parte financeira. E você começa se preocupando com meninos que tem hoje 15, 16, 17 anos.

Um clube de futebol parece com um município. O cara não investe em educação porque vai funcionar depois de quatro anos. E talvez o cara não esteja mais lá. Mas é algo que o clube precisa se preocupar. Não com sucessão de nomes, mas com sucessão de ideias. E que essa disparidade, principalmente na questão financeira, possa diminuir um pouco ao longo dos anos.

Você se imagina treinando o Coritiba em algum ponto da sua carreira? Descarta começar por lá?

Nunca descartei nada. Meu único descarte é trabalhar no Athletico pela minha relação com o Coritiba. E, te digo mais, trabalhar no Athletico, para a maioria dos profissionais, é algo espetacular devido ao momento que o clube atravessa. Eu, enquanto torcedor e conhecedor da história dos clubes e da minha história, é a única coisa que não vou me permitir dentro do futebol porque é desnecessário. Tanto pra mim enquanto coxa, pra minha família, e também pro próprio atleticano. Mas as outras coisas não descarto nada, não. Futebol é muito dinâmico, muito rápido. Eu, por exemplo, sei o que carregaria pra mim trabalhar no Coritiba. Não sou bobo, estou na bola há 30 anos, sei como é que funciona. Mas o Coritiba é um clube com muito potencial. Não só pra mim, como pra qualquer outro profissional. Seja jovem, iniciando como eu, ou para outro em meio de carreira ou alguém com carreira consagrada. O Coritiba é um clube importante do Brasil, com uma estrutura boa, com torcedor que participa, um clube interessante pra muita gente trabalhar. Se eu tiver oportunidade de iniciar ou de um dia trabalhar no clube, sinceramente não vejo problema nenhum. Nunca descartei e pretendo não descartar nada relacionado a futebol. Como profissional de futebol, como jogador, pretendo ser algo parecido como treinador. Sabendo que a rotatividade é muito maior.

Na Europa você é ídolo do Fenerbahçe, com estátua, inclusive. Treinaria um rival lá?

Acho que vale o mesmo que para o Athletico, que jamais me convidaria pra treinar. Parece que times menores da Turquia até me convidariam para entrar no mercado turco, mas os grandes rivais Besiktas, Galatasaray, o Istanbul Basaksehir, Trabzonspor… Esses nem fariam o convite e não acredito nesta possibilidade. Existe um respeito mútuo, reciprocidade de entendimento da situação.

Isso não vale para os clubes de São Paulo e Minas, onde sua identificação é com Palmeiras e Cruzeiro. Como profissional de futebol você não deixaria de treinar estes times, correto?

Vou ser um profissional do futebol. Quando falo do Coritiba, o que diferencia do Palmeiras e do Cruzeiro, é que existe uma relevância histórica familiar. Nunca paguei ingresso pra ver jogo do Palmeiras ou do Cruzeiro. Fui muito bem recebido no Palmeiras, sou muito bem recebido, tenho um carinho absurdo pelo clube – e vale o mesmo pelo Cruzeiro. Agora, aquela é uma história de jogador, que acabou em 2014. O que diferencia com o Coritiba é minha relação pessoal. Eu sou torcedor, gosto do Coritiba, entendo a relação de rivalidade com o Athletico. E na Turquia, por tudo que foi oferecido, não tem lógica ir para um clássico contrário no campo do Fenerbahçe sendo que tem uma estátua minha na frente. Não vejo muita lógica nisso. Em relação a Cruzeiro e Palmeiras, existe essa relação histórica, eterna. Mas eterna para o jogador, que já ficou para trás.

Qual seu grande sonho como treinador? Onde você quer chegar?

Ter uma carreira longa e consistente, parecida como foi como atleta. Poder sair dos locais onde trabalhar convicto que deixei meu melhor, tendo feito coisas boas. Essa é minha intenção. Onde isso vai me levar? Isso vai depender muito dos resultados, daquilo que vai acontecer no dia a dia. Posso pegar um clube no meu primeiro ano e ser um fracasso. E aí vai depender muito de mim, vai depender muito do mercado. Tem muito isso no futebol, a gente vê treinador que surge bem e que de repente some. Ou o contrário, que surge mal, mas aparece de novo ali na frente. Não dá para cravar nada nesse sentido.

E o principal, pra mim, é fazer com que tenha um processo de evolução com os meninos com quem tiver oportunidade de trabalhar. Ajudar muito a entender por que se joga futebol. A parte financeira é importante e ninguém vai ser hipócrita de dizer que não, mas mais importante que isso é as pessoas lembrarem que você esteve ali um dia. É muito legal quando você é lembrado por algum torcedor de uma coisa simples. Você fez um gol naquela partida e eu estava com meu pai, minha namorada… as lembranças ficam, né? Muito mais do que qualquer coisa situação, o futebol tem esse poder. Quem jogou tem essa condição de trazer isso pro cara. Você está nesse momento hoje e tem condição de marcar esse dia pra alguém, então vamos trabalhar em busca disso. Porque dinheiro, a partir do momento que fizer o contrato, ele vai receber. E pra ele melhorar o contrato, ter evolução financeira, ele precisa fazer com que o trabalho seja reconhecido. Esse reconhecimento, muitas vezes, é perdido por falta de entendimento. E acho que nisso tenho condição de ajudar algumas pessoas.

Há algum exemplo da sua carreira de jogador que você usará para seus comandados não repetirem?

Vários. Depende do momento. Acho engraçado porque tem muita gente que me chama de gênio, diz que joguei muito, que fui um dos maiores meias que viu, aquela coisa toda que é muito legal, muito positiva e que fico lisonjeado. Mas já vi pessoas que vieram me falar isso e sei que os caras me criticavam no limite. Que eu não corria, que era frio, que não participava. De que no jogo grande não fazia nada, o que é normal da paixão. Mas o mais legal é que eu entendi como a roda gira nesse meio.

E tem aquilo que falei em várias respostas. Uma coisa é o torcedor, a arquibancada, outra é o cara na rede social, outra é o jornalista, o jornalista de rede social. E ter esse entendimento de como funciona a coisa te ajuda a absorver o elogio, a crítica. Vai te ajudar a entender se a crítica é construtiva ou se é pejorativa. Vivenciei isso tudo por 20 anos. E dependendo do que acontecer, em vários momentos já vou ter vivenciado aquilo na pele do jogador. Vou viver aquilo sendo treinador dele. Então têm vários exemplos que podem ser usados com certeza.

O Alex treinador vai ser estilo Luxemburgo, de terno e gravata, ou vai de agasalho mesmo?

Depende, não posso treinar o Cuiabá de terno e gravata, por exemplo, fazendo 40ºC. Uma coisa é você treinar aqui em Curitiba numa quarta-feira à noite, com nossa temperatura agradável abaixo de 20ºC. Se você quiser usar terno e gravata, você pode. Meu estilo vai ser o que sempre fui enquanto jogador. De uma sobriedade normal, que é minha. Nunca fui um cara espalhafatoso, nunca fiquei gritando com todo mundo. Na hora que é pra brincar, vamos brincar. Na hora de trabalhar, vamos trabalhar sério. Sempre fui disciplinado, regrado. É o que vou passar pro pessoal. Minha ideia é que eu tenha um time que trabalhe muito, que seja muito resiliente durante a semana pra transferir isso pro jogo. E fora isso, essa vai ser minha maior briga, para que seja um ambiente leve, um ambiente onde os atletas e a comissão gostem de estar. É isso que faz os times chegarem. Leveza de ambiente, com muito trabalho, com muita seriedade, sabendo que nesse processo vai ter muito erro. Erros meus, dos atletas, da diretoria, de alguém ligado a nós. Muita injustiça, que às vezes vamos ter que abraçar aquilo e tentar dissipar de alguma forma positiva pra gente. É muito mais nesse sentido, não vai ser diferente do que fui dentro do campo. Seria um personagem e não é isso que desejo. Desejo passar o que aprendi jogando, o que aprendi depois, com os cursos, com as pessoas que me ensinaram muita coisa. Levar isso para a parte individual para que possamos ter um coletivo bom, um bom time, um bom ambiente de trabalho e que a gente consiga bons resultados.

Você pretende fazer mais alguns estágios de acompanhamento em clubes antes de começar?

Se a pandemia permitir, sim. Tem a questão do protocolo da CBF, que tem que ser respeitado. Há vários times com surto, mas se eu tiver oportunidade, sim. Mas caso não tenha, é o que falei. Já estudei, já joguei, falta praticar. Vamos pro campo. Vou dar treino, vivenciar com a rapaziada e vamos encarar o que se tem no futebol… jogo, viagem, imprensa, expectativa do torcedor, do clubes, as logísticas complicadas, a situação da pandemia.

E o moedor de técnicos que é o futebol brasileiro…

Mas um dia isso acaba porque as pessoas estão percebendo que muitas coisas não passam pelo treinador. E é óbvio que você tem que obter resultados, é inegável. Ninguém quer contratar um treinador que não ganhe seus jogos. Mas quero fugir de algumas situações de hoje em dia para que o cara faça uma análise mais correta. Claro que vai ter um clube acima de mim, uma ordem. Mas se eu puder permitir que vocês da imprensa trabalhem, pode ver treino todo dia. Não tenho o que esconder de vocês para que não fiquem inventando histórias.

Isso seria revolucionário no futebol brasileiro já que o acesso é cada vez mais restrito…

Mas eu penso o contrário. Sou de um tempo em que saia para beber com o repórter, tomava chopp com ele. Óbvio que hoje até o próprio repórter mudou. No meu período de atleta existia aquela coisa do on e off. Olha, isso é em off, guarda pra você. Hoje a mesa do lado ouviu e o cara já leva pra frente de outro jeito. Mas a forma que vejo é que evita fofoca. O João não joga por que? Não joga porque treina mal, porque se apresenta gordo, chega atrasado, comportamento dele é péssimo. Só que o João foi a melhor contratação do meu clube e o que a imprensa vende? Que o João tem que jogar, só que ninguém vê o dia a dia do João. Mais aí não depende do treinador. Têm clubes que detestam a imprensa, que não é permitido entrar. Eu respeito, mas discordo. Acho que é o trabalho da imprensa, o meio-campo pro torcedor. Ah, o time dele fez isso e isso durante uma hora e meia. Você faz a análise em cima do que viu. O treinador controla tudo. Horário, disciplina, regras, treinos, bola parada. Mas no jogo quem controla é o jogador. E o grande problema, pra mim, é que como a imprensa não vê treino e o jogador não tem assumido, fica mais fácil pra você moer o treinador. Teu time tomou três gols iguais de bola parada, por exemplo.

E você treinou a semana toda bola parada…

É fácil pro comentarista da rádio, pra quem vai escrever no jornal, dizer que parece que esse time não treina. Quantas vezes você já ouviu isso? Na verdade, o cara treina. Só que chega no jogo e o número cinco desconcentrou e você tomou o gol. E aí você troca a marcação durante a semana. O número 9 vai lá e desconcentra também e você toma o gol de novo. Não é um processo de que o cara não treine, é algo que você tem que entregar pro jogador. É o jogador quem ganha o jogo, quem vai errar um passe. Por isso que digo que a imprensa tem que ver o treino para ver o que o treinador está pedindo, pra ver que tipo de ideia ele tem. Mas vou ser empregado do clube e acima de mim vão ter pessoas que mandam, que têm a caneta.

Queria desejar boa sorte nessa nova carreira e que você traga essas novas ideias pro futebol.

Vou precisar (risos). Está chegando uma geração nova, as coisas estão mudando. Já têm alguns trabalhando. E a tendência é que as coisas mudem. Se vai ser melhor ou pior, ninguém sabe. Que vai ser diferente a gente sabe que vai. Vou nessa onda e tentar passar minhas ideias.

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Fernando Rudnick é formado em jornalismo e pós-graduado em comunicação esportiva. Sempre repórter, começou a cobrir o dia a dia dos times paranaenses em 2009, quando entrou na Gazeta do Povo. Atualmente, é coordenador do UmDois Es...

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