Adilson Batista reencontra felicidade e resultados no Londrina: “Vamos brigar pela quarta vaga”
Mais leve, mais feliz e mais ‘paizão’. É assim que o experiente técnico Adilson Batista define, aos 54 anos de idade, seu momento à frente do Londrina, quinto colocado da Série B, com 44 pontos, um a menos do que o Vasco, primeiro time no G4.
Contratado pelo Tubarão em março após dois anos longe do futebol, Pezão não vê a boa campanha como uma retomada pessoal, contudo. Vai muito além disso.
“É que vocês [imprensa] rotulam muito. Ninguém desaprende. Já terminei meus cursos, estou indo atrás de mais coisas, melhorando meus treinos, meu processo de gestão. Estou trabalhando feliz, o coração está bom, ainda mais com o Furacão na final da Libertadores”, brinca o treinador, torcedor assumido do Athletico.
Em janeiro de 2021, Batista sofreu um infarto que o obrigou a desacelerar e rever o estilo de vida. Um ano e oito meses depois, voltou a encontrar alegria que precisava no mundo da bola.
“Estou mais feliz, mais leve, digamos assim. Mais paizão, abraçando mais, mais carinhoso, compreensivo, calmo”, cita o filho ilustre de Adrianópolis, município localizado a 150 km de Curitiba.
Tubarão na cabeça
Quase rebaixado em 2021, o Londrina faz um campeonato surpreendente, especialmente por ter uma das folhas salariais mais baixas da competição. Na reta final, disputa contra gigantes como Grêmio, Vasco e Bahia – o Cruzeiro já garantiu o acesso antecipado – uma vaga na elite em 2023.
"Não vou entrar no assunto dinheiro, mas deve ser a folha mais baixa [da Série B] se você pegar os dados", admite Adilson, que pondera a diferença de poderio entre as equipes.
"Só que não vejo isso como problema, o que importa é o campo. Claro, clubes que investem mais têm mais condições de ganhar. Agora, você luta, você briga para estar entre os quatro e a gente colocou essa meta. Não sei se passei um sonho grande, mas acho que muita gente comprou essa ideia", enfatiza.
No início, os resultados não vieram. Com apenas uma vitória nos primeiros seis jogos, tudo indicava que o Tubarão passaria mais uma temporada lutando pela sobrevivência na Série B.
Na edição passada, por exemplo, o recém-promovido Tubarão escapou de forma dramática na última rodada, quando já não dependia somente de si para assegurar a permanência.
Mas após 29 rodadas disputadas, o Alviceleste se colocou no páreo a nove partidas do término do campeonato. E isso com dois confrontos diretos pelo caminho (Grêmio e Vasco), o que pode ser crucial para a selar o destino do clube londrinense.
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Na próxima sexta-feira (16), o desafio é contra Tombense, fora de casa.
"Temos de pensar jogo após jogo. Estamos trabalhando, o grupo está bem concentrado, está fazendo o que é pedido... Desde o início falei que iríamos trabalhar em busca disso, da quarta vaga", destaca Adilson, que decidiu morar no centro de treinamentos do clube para imergir no trabalho.
O Londrina, apesar do investimento salarial menor do que a maioria dos rivais, oferece boa infraestrutura de trabalho, com cinco campos, alojamento e uma logística privilegiada pela localização da cidade.
E o elenco, que conta com nomes experientes como o zagueiro Saimon, o volante João Paulo, o lateral-esquerdo Alan Ruschel e o atacante Douglas Coutinho, tem crescido no momento certo. O LEC é o terceiro melhor time do segundo turno, com 60% de aproveitamento, atrás somente de Ituano e Cruzeiro.
"São extremamente profissionais, com brilho nos olhos. Estão querendo, se entregando. Você pede e fazem as coisas. Não tive problema nenhum de disciplina em treinamento, relacionamento. Agora é a gente no dia a dia ir passando, mostrando, falando, orientando para irem melhorando porque o campeonato está se acirrando, os jogos estão ficando mais equilibrados, mais disputados" diz o treinador, ele próprio fazendo o melhor trabalho em muitos anos.
Do Cruzeiro (2019/20), saiu com 35,5% de aproveitamento em 12 jogos, além do estigma do rebaixamento após ser contratado para tentar um milagre nos últimos três jogos do Brasileirão. Do Ceará (2019), acabou demitido depois de 13 partidas e 35,9% dos pontos disputados. Já no América-MG (2018), foram 19 duelos e rendimento de 35%.
No Tubarão, vida nova. Até aqui, o rendimento de Batista é de 50,5%, com 13 vitórias, oito empates e dez derrotas na temporada.
"A grande maioria da imprensa nos colocava como rebaixado. Então, você vai mostrando para eles [jogadores] que [o clube] tem camisa, tem história, tem elenco, que era possível brigar. Tem coisa boa reservada pra nós", fecha Adilson, que espera contrariar as estatísticas e, depois de 40 anos, recolocar o Londrina na Série A.