Pinheirão: Dono contesta valor da desapropriação e aponta avaliação 452% maior

O terreno de 124 mil m² do Estádio Pinheirão, localizado no bairro Tarumã, em Curitiba, vale R$ 358,6 milhões de acordo com a defesa do proprietário do local, o empresário João Destro. A quantia é 452% superior ao apontado pelo governo do Paraná no processo de desapropriação da área.
O valor cinco vezes maior do que o original consta no processo que corre na Justiça, obtido pela reportagem do UmDois Esportes. O decreto que torna o Pinheirão um imóvel de utilizada pública foi assinado pelo governador Ratinho Junior em 23 de outubro de 2024.
"Faz-se necessário ressaltar que o imóvel em questão não está sendo ofertado ao mercado, mas sim desapropriado. Nesse contexto, mesmo considerando que o conjunto amostral (pesquisa imobiliária) obtido por este Engenheiro Avaliador contém apenas elementos oriundos de ofertas (anúncios) de terrenos a venda em Curitiba, o valor de mercado do imóvel deve refletir seu valor justo e real, sem considerar descontos que seriam aplicáveis em uma negociação comum de mercado", sustenta a defesa da JD Agricultura e Participações Sociais Ltda.
Após criticar o projeto e a avaliação feita pela Procuradoria-Geral do Estado, na casa de R$ 64,9 milhões, Destro contratou a empresa RJ Ribas Engenharia para realizar a avaliação imobiliária do valor de mercado do terreno. Esse laudo, que considera o potencial construtivo da área, foi anexado à defesa.
Agora, a Justiça determinou que um perito faça uma nova avaliação da área. O processo está nessa fase e um desfecho ainda está distante.

Por que o Estádio Pinheirão foi desapropriado?
O Estado decidiu desapropriar a área após anunciar projeto que previa a extinção do Pinheirão. A ideia da administração estadual é transformar o espaço em uma arena multiuso com centro de exposições, conforme foi antecipado pelo UmDois Esportes.
Inicialmente, o governo estadual sinalizou pagar R$ 64,9 milhões pelo terreno do Pinheirão. Na sequência, o plano é arrecadar até R$ 1 bilhão da iniciativa privada para ser aplicado na construção do complexo. A arena multiuso, por exemplo, teria capacidade para 25 mil pessoas e teria hotéis, restaurantes e centros comerciais no entorno.
Inaugurado em 1985, o Pinheirão já serviu como casa de Athletico, Paraná Clube e seleção brasileira, além de ter abrigado jogos do Coritiba em diferentes épocas.

Pinheirão foi arrematado em leilão "por impulso"
Em 2012, o empresário João Destro desembolsou R$ 57,5 milhões pelo Pinheirão. Ele classificou a compra, na época, como algo que aconteceu "por impulso". No entanto, revelou à Gazeta do Povo que gastava outros R$ 6 milhões anuais com limpeza e segurança da área, além de impostos. Desde o leilão, a área teve valorização imobiliária mesmo com estádio abandonado há 17 anos.
O valor final a ser pago pelo governo a Destro vai depender da avaliação da Justiça. Os trâmites judiciais podem, inclusive, atrasar o início das obra do governo do Paraná, incialmente prevista para começar nos últimos meses de 2025 ou início de 2026.

Governo do Paraná reafirma avaliação feita sobre o Pinheirão
Procurado pelo UmDois Esportes, o governo do Paraná reafirmou, em nota, que publicou o decreto declarando o imóvel como utilidade pública no ano passado.
"A avaliação feita pela Procuradoria-Geral do Estado foi de R$ 64 milhões. O proprietário entrou com uma contraproposta e a Justiça determinou que um perito faça uma nova avaliação. O processo está nessa fase".
Dono do terreno detonou projeto do governo e criticou Ratinho Junior
Em entrevista ao UmDois Esportes, João Destro disse que a venda do terreno dependia de "uma boa conversa". Depois de ser surpreendido com a desapropriação, o empresário criticou o projeto e a postura do governador do Paraná.
"Acho que o Ratinho foi muito infeliz na decisão dele, até porque não nos ouviu", disse o empresário, em áudio que circulou nas redes sociais e cuja veracidade foi confirmada pelo UmDois Esportes.
"Agora, o governador pegar dinheiro público e investir nisso daí, acho que é um pouco prematuro e insensato, não é verdade? Quando existem tantas necessidades na segurança pública, nas estradas, na saúde pública, nas escolas, que é a função precípua do governo", critica Destro.
"Porém, acreditamos que o governador Ratinho possa ter a humildade de voltar atrás", declarou o fundador do Grupo Destro, antes do processo se desenrolar.