Paranaense Feminino

Atletiba feminino tem torcida mista, campo de várzea e "escuridão"

Por
Rafaela Rasera
23/10/2024 17:19 - Atualizado: 23/10/2024 17:20
Atletiba feminino agitou estádio amador
Atletiba feminino agitou estádio amador | Foto: Rafaela Rasera/UmDois Esportes

Caía o fim da tarde da última terça-feira (22), quando o Estádio Maurício Fruet, no bairro Santa Quitéria, abriu as portas para receber os torcedores dos rivais Athletico e Coritiba para o clássico Atletiba da segunda rodada do Campeonato Paranaense Feminino de 2024.

O Athletico venceu por 3 a 1 e, mesmo com uma jogadora a menos, garantiu a vaga na final, marcada para este sábado (26), no Estádio do Trieste, em Santa Felicidade, às 16h.

A presença de público começou tímida depois que o estádio foi aberto, uma hora antes do jogo, marcado para às 18h. Depois, as arquibancadas da casa do Santa Quitéria, pentacampeão da Suburbana de Curitiba, ganharam um bom volume de alviverdes e rubro-negros misturados, muitos, inclusive, lado a lado.

Atletiba feminino não teve separação de torcidas

O que é impossível de se pensar no futebol masculino, aconteceu no embate feminino.

Nada de entradas separadas, divisão de torcida ou segurança reforçada. Pelo mesmo portão passaram torcedores rivais, e os que não entraram despercebidos pelo único segurança, enfrentaram uma revista.

O que não mudou do futebol de homens para o de mulheres foi a tensão do clássico. No primeiro minuto, o Furacão marcou, com gol de Balbino. Aos 30, Kakau empatou para o Coxa.

Na arquibancada mista, um princípio de confusão começou, mas os torcedores se acalmaram naturalmente e a provocação passou a ser apenas com cantos, respondidos entre uma torcida e outra.

Na etapa final, Rafinha fez o segundo do Furacão. Depois, Balbino foi expulsa e aumentou a tensão, mas Jaielly fez o terceiro e sacramentou o triunfo do Rubro-negro.

Atletiba recebeu estrutura de "estádio raiz"

Diferente da edição passada, quando três das quatro rodadas, incluindo a final do Estadual, foram no CT do Caju, do Athletico, que tem melhor estrutura e recebe o Brasileirão feminino, desta vez, toda a competição está sendo em estádios amadores da capital paranaense. Além do Santa Quitéria, serão utilizados os estádios do Trieste e do Capão Raso.

"Eu sempre acompanho o futebol feminino, até porque eu jogava, sou técnica. É uma emoção ver que hoje temos esses campeonatos para dar uma chance para as atletas. Eu só acho que falta ainda apoio da Federação em relação a campeonatos profissionais femininos", conta Fabiola Pinheiro, 39, torcedora do Athletico e técnica de futebol feminino amador.

"Sentimos falta de incentivos para poder dar continuidade aos projetos femininos no Paraná", completa. Pinheiro é técnica do feminino do Tottenham Vila Guaíra, que foi vice-campeão da última edição da Taça das Favelas. Algumas jogadoras do Coxa, como a goleira reserva Letícia e a meio-campista Rebeca, foram treinadas por ela em equipes amadoras da cidade.

A estrutura do estádio do clássico foi bem diferente quando comparada às edições do Estadual masculino. Sem portas nos vestiários, era possível ouvir de longe as conversas das duas delegações. Além disso, assim que anoiteceu, no intevralo da partida, o campo ficou escuro, e os refletores não conseguiram dar conta de iluminar melhor o jogo.

"Eu acho que foi um bom jogo, mas teve uma desorganização da Federação. No ano passado, eles falaram que iam dar uma atenção a mais para o futebol feminino. Hoje não teve nem iluminação no campo para ter condição de um jogo profissional", criticou William César, 32, irmão da autora do gol coxa-branxa, Kakau.

Na arquibancada do Atletiba, um campeão de futebol amador

Marcos Ferreira, 55, soube pelo dono do bar do Santa Quitéria que o Atletiba feminino ia acontecer no bairro onde mora. Conhecedor do campo, o autônomo voltou ao estádio onde acumula lembranças de quando era jogador de futebol amador.

Ferreira jogou pelo Santa Quitéria nos anos 1990, além de ter passado pelo Urano e ter conquistado o Sul-Brasileiro de Futebol Amador pelo Fanny, que é pentacampeão da competição.

"É a minha primeira vez vendo o Atletiba feminino. Eu morei muitos anos aqui no bairro e o rapaz que cuida do bar do estádio me avisou que ia ter o jogo e eu resolvi vir assistir", conta o ex-jogador.

Depois de anos de futebol amador, Ferreira voltou ao campo do Quitéria, desta vez para assistir ao time do coração, representado pelas Gurias Furacão.

"É bem diferente para mim, porque sempre vim aqui. Sou atleticano, mas não vou muito aos jogos. No Atletiba masculino já fui. Interessante as torcidas misturadas, bom que deu tudo certo. O jogo foi um pouco nervoso e pegado, mas foi parelho. Os times se dedicaram ao máximo", disse o torcedor.

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