Pentacampeão investe, Inteligência Artificial chega ao futebol e faz "peneira" por vídeos
Cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, a Inteligência Artificial também já é uma realidade no mundo do futebol.
Plataformas com esta tecnologia têm surgido com a promessa de facilitar a vida dos olheiros dos clubes, filtrando e catalogando as habilidades de jovens através de vídeos cadastrados pelos próprios jogadores, sem que eles precisem estar fisicamente presentes em uma peneira de avaliação.
Como funciona a IA nas peneiras?
"A missão é democratizar as oportunidades no futebol. Alguns clubes têm seus olheiros, recebem um volume grande de conteúdos, mas ainda assim isso está muito restrito. Muitas vezes uma pessoa que está numa região muito distante, remota, não consegue chegar e ter essa visibilidade, e com a plataforma se amplia essa visão globalmente para que ele possa ter oportunidade em qualquer clube do mundo", diz Mariana Sensini, diretora geral da plataforma "Footbao".
Ajuda humana de analistas de performance
Uma das plataformas chama-se "Footbao", criada há menos de um ano e que já possui mais de 100 mil jovens cadastrados. Ela alia Inteligência Artificial com o conhecimento humano. Para isso, contratou também analistas de performance que ajudam no processo de filtragem.
Muitas das vezes, a empresa também promove torneios entre as escolinhas e ela mesma produz os vídeos presencialmente, para fornecer um catálogo de melhor qualidade.
"Quando se fala em IA, todo dia é um universo novo. Hoje o que nosso time acredita é que são necessárias as duas pontas: o analista de performance, que consegue identificar o que é importante, e a IA, para conseguir catalogar um volume muito maior de informações e trazer insights em cima disso. A IA entra para captar movimentos, velocidade, elementos de performance, e cria esse algoritmo. Enquanto o analista trabalha com o time de IA para mostrar o que precisa ser analisado daquele momento. Ainda é um trabalho em conjunto de humanos com a ferramenta", explica Mariana Sensini.
Especialistas em Inteligência Artificial também seguem essa linha de raciocínio. João Mendes Miranda, por exemplo, acredita que os trabalhos humano e virtual se complementam:
"A tecnologia de Inteligência Artificial incorporada ao aplicativo aiScout não substitui a expertise dos olheiros, mas sim complementa seu trabalho. Estamos fornecendo ferramentas que otimizam o processo de prospecção, permitindo que os profissionais humanos tomem decisões informadas com base em dados precisos e objetivos", disse João Mendes Miranda, especialista em IA.
"A Inteligência Artificial pode ajudar na captação como espécie de filtro. Você cria parâmetros para a IA, através de vídeos, e filtra atletas com características específicas. No entanto, depois disso é fundamental entrar o processo humano. O que a IA pode é ajudar em um primeiro passo do processo", completou Jorge Andrade, diretor de Formação e Transição do Internacional
Denilson é um dos acionistas
A Footbao escolheu o Brasil como o país pioneiro do projeto. Já há parceria com dez clubes e conversas estão em andamento com outros. No exterior, a plataforma fechou uma ação com o Lecce (ITA) onde foi aberto um concurso no aplicativo para a seleção de três jovens brasileiros que terão a oportunidade de treinar no clube italiano.
Denilson, ex-jogador e apresentador de TV, entrou como um dos acionistas da Footbao assim como o técnico da Suíça, Murat Yakin. Os dois também se apresentam como conselheiros da empresa e fazem ativações, pois além de servir como uma espécie de "peneira", a plataforma tem o lado de "gameficação", onde os jovens podem participar de desafios e receberem pontuações de seus vídeos no aplicativo.
"Queremos instigar as pessoas, despertar a curiosidade delas, fazendo com que procurem saber mais. É um novo universo digital e por causa disso, cheio de oportunidades a serem exploradas", afirma Denilson, no material de divulgação da Footbao.
Na Europa, fruto da parceria com Chelsea não vingou
Na Europa, a plataforma "aiScout" tem parcerias com Chelsea, Bournemouth e Major League Soccer (MLS), entre outros, mas o primeiro fruto do projeto com os Blues acabou não vingando.
O zagueiro irlandês Ben Greenwood foi aprovado para o sub-18 do Chelsea, porém, não permaneceu. Em seguida, assinou contrato com o Bournemouth e também não ficou. Posteriormente, se transferiu para o modesto Eastleigh e, atualmente, com 21 anos, se encontra no Weymouth, da sexta divisão inglesa.
Apesar de ainda não ter gerado um atleta que realmente tenha vingado no profissional, o Chelsea segue acreditando no projeto e nos benefícios que a Inteligência Artificial pode dar no processo seletivo da base.
"Eles criaram uma solução com potencial para revolucionar o processo de observação e desenvolvimento no futebol, o que nos ajudará a identificar, recrutar e desenvolver os melhores talentos de forma mais eficaz e eficiente do que nunca. Estamos muito satisfeitos por trabalhar com eles durante os próximos cinco anos e entusiasmados por descobrir a próxima geração de talentos", declarou Jim Fraser, chefe de Recrutamento de Jovens do Chelsea.