Retrospectiva 2023: Coritiba paga caro por erros e vive ano para esquecer
Em janeiro, a expectativa era grande. A conquista suada da permanência na Série A em 2022 indicava que o Coritiba poderia sonhar mais alto. Para aumentar a animação do torcedor, nunca se investiu tanto em contratações na história do clube.
Doze meses depois, a consequência de erros de análise e planejamento ruim apareceu. Durante a temporada, o Coxa colecionou eliminações e, no fim do ano, viveu seu pior momento: mais uma vez rebaixado para a Série B.
Mas para além do futebol, o ano do Alviverde também teve transformações estruturais profundas, com a transformação em SAF, comandada pela Treecorp Investimentos. Veja a retrospectiva 2023:
Eliminação precoce no Estadual
O início do ano já dava indícios do ano decepcionante que o Coritiba iria apresentar. Campeão do Paranaense em 2022, o Alviverde caiu nas quartas de final em 2023. Na primeira fase, terminou em terceiro lugar, atrás de Athletico e Operário, com seis vitórias, quatro empate e uma derrota.
Porém, logo no primeiro mata-mata, parou no Cascavel. No jogo de ida, derrota por 3 a 1 no Olímpico Regional. Na volta, um frustrante empate por 0 a 0 no Couto Pereira. marcou a eliminação precoce. Nas arquibancadas, muito protesto e gritos de vergonha para o técnico António Oliveira.
Adeus na terceira fase na Copa do Brasil
Na Copa do Brasil, o Coxa chegou até a terceira fase da competição, objetivo da diretoria, mas, mesmo assim, a campanha foi decepcionante. Depois de um empate por 3 a 3 com o Sport, no jogo de ida no Couto Pereira, o Alviverde perdeu por 2 a 0 na volta.
A partida marcou também a estreia de Antônio Carlos Zago no comando do Coritiba, período que se tornaria um pesadelo para o torcedor coxa-branca. Com a eliminação, em abril, restou para o Coxa apenas o Brasileirão.
O jejum sob a direção de Zago
Zago entrou e saiu pelas portas do CT da Graciosa sem ter conquistado nenhuma vitória com o Coritiba. Foi com o técnico que o Alviverde registrou uma das piores marcas da sua história: o maior jejum de vitória desde a fundação do clube, em 1909.
Ao todo, o Alviverde ficou 18 partidas sem vencer. Zago comandou a equipe coxa-branca por 12 jogos, teve oito derrotas e quatro empates. Os outros seis foram na época do português António Oliveira.
Apesar dos resultados ruins, Zago só acabou demitido depois de uma polêmica entrevista, quando reclamou publicamente dos atletas e afirmou que o elenco precisaria ser reforçado para não ser rebaixado.
Kosloski no comando
Depois do fracasso de Zago, o técnico do time sub-20, Thiago Kosloski, assumiu interinamente. Os primeiros resultados foram animadores, mas logo depois o Coxa voltou a perder. E nesse período, mais um recorde negativo: a maior sequência de derrotas da história do clube: oito reveses seguidos.
Sem conseguir evitar o rebaixamento, Kosloski foi demitido após a derrota para o Fluminense, que decretou a sétima queda do Alviverde na história. Coxa-branca desde criança, Kosloski ficou no comando por 23 jogos, com oito vitórias, um empate e 14 derrotas.
A chegada da SAF
Na metade de 2023, aconteceu a mudança mais profunda na estrutura do Coritiba na história. O clube vendeu 90% de sua SAF ao grupo Treecorp Investimentos. O fundo de investimentos assumiu o compromisso de investir R$ 1,3 bilhão no Coxa nos próximos dez anos.
Do montante total, R$ 500 milhões deles serão destinados à modernização do Couto Pereira, R$ 270 milhões para quitação total das dívidas, além de R$ 100 milhões para o novo CT. Outros R$ 450 milhões vão para a operação do futebol (folha salarial e contratação de jogadores).
Com a queda para a Série B, o grupo tem a opção de reduzir o orçamento anual para o futebol pela metade (de R$ 120 milhões para cerca R$ 60 milhões), mas o CEO do clube, Carlos Amodeo, afirmou que não vai restringir o orçamento.
O caso Alef Manga
Outro destaque negativo de 2023 foi o envolvimento de Alef Manga em manipulação de resultados no Brasileirão. Em julho, ele virou réu na Operação Penalidade Máxima.
Proibido de jogar futebol por um ano no Brasil, o Coxa emprestou o atacante ao Pafos FC, do Chipre. Ele fez seis jogos e não marcou nenhum gol. Em novembro, após a FIFA internacionalizar a punição do atleta, ele rescindiu o contrato e voltou ao Brasil.
Em entrevista recente ao Globo Esporte, o atacante afirmou que se arrepende e quer voltar ao Alto da Glória.
O vexame no Brasileirão
Entre recordes negativos e trocas de técnicos, o Coritiba fez a pior campanha da história no Brasileirão e sofreu o sétimo rebaixamento.
O Verdão terminou a participação no Brasileirão de 2023 com apenas 30 pontos em 38 rodadas. Ao todo, foram apenas oito vitórias, seis empates e 24 derrotas, tendo saldo negativo de 25 gols.
Em 2020, o Coxa havia terminado a disputa com 31 pontos, o que era então a pior campanha do clube – sete vitórias, dez empates e 21 derrotas, com saldo negativo de 23 gols.
Guto Ferreira e o planejamento da Série B
Depois do rebaixamento para a Série B, a diretoria contratou Guto Ferreira para ser o comandante na temporada de 2024. Ele retornou ao clube um ano depois de ser dispensado, no fim de 2022, quando garantiu a permanência do Coxa na elite.
Antes de Guto chegar, o Alviverde já havia anunciado o executivo de futebol Júnior Chávare para comandar as operações de futebol, como contratação de jogadores e análise de elenco.
Em dezembro, o head esportivo Artur Moraes foi demitido pelo Alviverde. Durante todo o ano, desde a chegada da SAF, o dirigente foi muito criticado pela montagem do elenco.
Com os novos rostos nos bastidores do Coxa, o clube definiu um perfil de contratações específicas para o ano que vem. Até agora, os três reforços anunciados pelo Coritiba, Arilson, Rodrigo Gelado, Matheus Frizzo e Vini Paulista são atletas que passaram o ano na Série B.
Alguns, como Arilson, com o Criciúma, Frizzo, com o Botafogo e Vini Paulista, com o Juventude, já participaram de campanhas de acesso à elite. Juntos, os três chegam com o desafio de levar o Coxa de volta à Primeira Divisão.