Exclusivo

Coritiba: Reginaldo Nascimento desvenda erros da SAF e faz previsão sobre Mozart

Por
Rafaela Rasera
18/03/2025 12:02 - Atualizado: 18/03/2025 17:13
Reginaldo Nascimento passa trajetória no Coxa a limpo
Reginaldo Nascimento passa trajetória no Coxa a limpo | Foto: Divulgação/Coritiba

Ídolo do Coritiba, Reginaldo Nascimento fez história ao vestir a camisa coxa-branca em 338 jogos, o sétimo com mais partidas na história do clube. Depois de se aposentar, ele voltou ao Alviverde e viveu a transição entre associação e SAF, como auxiliar de Thiago Kosloski.

Quase dois anos depois de deixar o Coxa, Nascimento fala sobre os erros da SAF e conta bastidores do rebaixamento em 2023, quando participava da comissão técnica.

Veja também
+ Apostas no Campeonato Paranaense: Palpites e dicas em 2025
+ Coritiba vê crise interna explodir por causa de Rafinha

O ex-volante também relembra a chegada ao futebol paranaense, os primeiros títulos com o Coritiba, os clássicos contra o Athletico e destaca a importância de um time bem longe de Curitiba na carreira dele: o Bahia.

Assista à entrevista completa com Reginaldo Nascimento

Confira trechos da entrevista com Reginaldo Nascimento

Reginaldo Nascimento era o dono do meio-campo alviverde. Foto: Divulgação/Coritiba
Reginaldo Nascimento era o dono do meio-campo alviverde. Foto: Divulgação/Coritiba

Você é tão identificado com o Coxa que acham que você foi formado no clube. Mas, na verdade, você surge no Matsubara. Como foi a sua trajetória?

Na verdade, eu tive a felicidade de, com 16 anos, naquela época, que não era tão normal, jogar no profissional do Anápolis. E lá eu me destaquei jogando no profissional. E o Matsubara teve o interesse, porque naquela época o Matsubara era um dos maiores times que revelava jogadores de formação.

E aí, com 16 anos, ele teve um interesse por mim. Eu vim pro Matsubara e fiquei cinco anos lá. Aprendi muita coisa lá no Matsubara. E aí, como eu tive um destaque interessante lá, em 1997 eu vim parar aqui no Coritiba, e aí tem uma longa história com o Coritiba.

Já no seu primeiro ano, você é campeão do Festival Brasileiro, depois do Campeonato Paranaense em 1999, 2003 e 2004. Qual que é o teu título preferido?

Foram títulos tão marcantes, sabe? Eu te digo assim, eu cheguei em 1997, e quando eu cheguei aqui, pra mim foi uma experiência muito grande. O primeiro clube grande que eu realmente estava. Eu amava futebol, mas a gente não tinha a dimensão do que era jogar num time grande.

Então aquele título de 1997, no Festival, foi importante porque foi o primeiro. Ele me marcou por isso. Porque o torcedor do Coritiba já estava carente do Estadual. E aquela festa que teve no Couto Pereira foi interessante demais. E ali você conseguiu perceber em que lugar você estava.

O de 1999 foi um título importantíssimo pra minha história, porque foi o ano em que o clube estava há 10 anos sem ganhar um título estadual. Então aquele me marcou muito. E 2003 e 2004 foram importantes também, porque eu já era um jogador mais experiente, eu já era o capitão. E aí foram outros tipos de sentimentos. Se for pra classificar, talvez seria o de 2004 em cima do Athletico.

Time do Coritiba campeão na Baixada em 2004. Foto: Rodolfo Buhrer/Arquivo/Tribuna
Time do Coritiba campeão na Baixada em 2004. Foto: Rodolfo Buhrer/Arquivo/Tribuna

Em 2003 e 2004, como você falou, você já tinha uma liderança. Você é emprestado para o Bahia e, quando volta, se torna um líder. Como foi seu retorno do Bahia para o Coritiba?

A minha ida para o Bahia foi uma mistura de alegria com frustração. A gente tinha disputado um campeonato, a Sul-Minas, e o clube decidiu que eu não jogaria. E eu fiquei muito chateado porque algumas pessoas falaram que o Coritiba era muito grande pra mim. E eu vi aquilo e falei: vou ter que trabalhar bastante lá no Bahia.

E foi um ano sensacional. Eu costumo dizer que a minha história no Coritiba, de sucessos e insucessos, foi definida antes e depois do Bahia.

Você volta e assume esse papel de liderança. Ao longo do tempo você adquire essa importância para o Coritiba. Você acha que hoje em dia não existe mais esse jogador com identificação? Isso faz falta?

O futebol mudou muito. Antigamente, a gente fazia o contrato de um ano e você tinha que lutar o ano todo pra tentar renovar no final do ano. Hoje, e eu acho normal e natural, acho que até foi um benefício que o futebol teve, o atleta tem uma garantia de no mínimo de três anos de contrato.

Então ele termina esse ano de contrato e ele quer ir embora do clube. Eu vejo pouco provável um atleta ficar tanto tempo como eu fiquei no clube. Mas eu acho que falta isso. Essa identificação ainda precisa existir. Eu gosto muito dos remanescentes.

E falando sobre essa questão de liderança, o Coritiba hoje tem o Rafinha. Você acha que ele também, hoje em dia, no elenco do Coxa, pode ter um pouco dessa figura?

Eu acho que ele é uma figura até melhorada do que eu, sabe? Acho que ele tem muito mais conteúdo hoje, muito mais informação. As vivências que ele teve fora do país e os títulos que ele conquistou. Eu acho que ele tem tudo, tudo.

E, na verdade, ele já tem esse perfil de liderança. Eu acho que ainda não conseguiu se exercitar bem essa liderança pelo momento do clube. E parece que não está surgindo efeito porque o clube está vivendo um momento muito difícil. E eu acho que essa liderança, eles têm que se unir e saber liderar juntos. Eu acho que isso é o primordial.

Aproveitando que você tocou neste ponto, a gente está num momento difícil para o torcedor coxa-branca. Eliminado do Paranaense, duas semanas antes na Copa do Brasil. Você, como um cara que fez parte do clube recentemente, o que acha que acontece com o Coritiba?

Eu vivenciei lá como colaborador também. Então, eu vi algumas coisas que definem o futebol. Eu acho que não está tudo errado. Tem muitas coisas boas lá. Principalmente, na formação de atletas, o Coritiba tem formado grandes atletas e a gente tem que valorizar isso.

Eu só acho que nos jogadores que vêm para dar uma sustância melhor para o elenco, eu acho que nisso tem errado. Eu acho que você errar em dois ou três faz parte do processo. O problema maior é quando você erra em uma quantia maior do que isso.

Então, eu acho que se acertar essa situação, juntamente com o torcedor, o torcedor faz parte importantíssima para esse acesso. Quando ele entende esse papel, eu sei que ele está chateado, mas ele tem que entender que ele é a parte principal dessa retomada do Coritiba.

Em 2023, você foi auxiliar do Thiago Kosloski, então você viveu um pouco dessa transição de associação para a SAF. Você acha que teve algum erro do Coritiba naquele momento, que podia ter sido feito de uma forma melhor?

A gente sabia do desafio, que era grande. A gente só teve dificuldade, eu não sei se isso seria considerado um erro, mas na transição de associação com a SAF, as pessoas que estavam abaixo da SAF não tinham essa identificação nem com a cidade e nem com o clube.

Talvez isso tenha sido um grande problema, porque estava Thiago, Nascimento e o Willian, que tinham totalmente identificação com o clube com os interesses do clube.

E as pessoas realmente estavam com interesse em outras situações.

Não estou falando que prejudicaram o clube, mas eles não tinham a mesma visão que a gente em relação ao clube e ao torcedor. E as coisas não mudaram.

E aí eu via o Thiago toda hora se expondo nas entrevistas e pessoas não dando a cara para bater. Principalmente naqueles inícios de quatro, cinco jogos, apareciam muitas pessoas se exibindo. Mas quando as coisas começaram a ficar difíceis, foram poucas pessoas que se expuseram mesmo.

Thiago Kosloski e Reginaldo Nascimento no Coritiba, em 2023. Foto: Átila Alberti/Arquivo/UmDois Esportes
Thiago Kosloski e Reginaldo Nascimento no Coritiba, em 2023. Foto: Átila Alberti/Arquivo/UmDois Esportes

Você acha que a SAF do Coritiba é a pior do Brasil?

Eu acho que é a que deu menos resultado. Não sei se é a pior. Eu não vejo omissão em relação a eles. Eles tentaram, no ano que chegaram, investiram em três jogadores muito caros. Esse ano eles investiram, o ano passado eles investiram em alguns atletas.

Talvez o problema não seja a SAF em si. Talvez o problema seja as pessoas que estão abaixo da SAF. Eu acho que, no mínimo, você tem que entender de futebol para as coisas funcionarem. E aí eles colocaram, não sei se o dinheiro é deles, mas colocaram o dinheiro.

Eu acho que o erro de repente teve em algumas escolhas. Tiveram algumas escolhas que deram certo e algumas escolhas que realmente não aconteceram como eles esperavam.

Você trabalhou junto com o Mozart no clube. Qual é o tamanho do desafio que ele aceitou?

O desafio é muito grande porque o Mozart tem uma identificação com o clube. Eu lembro de quando a gente jogava junto, eu atravessava a rua do Couto Pereira, eu morava na Mauá e o Mozart também.

Muitas vezes eu fui almoçar na casa da mãe dele ali. Então eu sei a identificação que ele tem com o clube e eu sei o quanto deve estar sofrido para ele.

Mas eu falo isso com 100% de certeza: o Mozart hoje, o torcedor pode ficar até chateado comigo em relação a isso, mas o Mozart hoje é um dos melhores treinadores do Brasil.

Ele tem espaço para ser um dos melhores treinadores do Brasil.

Ele tem muito conhecimento. E infelizmente não está acontecendo. Mas eu acredito e peço para o torcedor do Coritiba ter paciência. A promessa da SAF agora de trazer alguns reforços, eu acredito que esse ano para a Série B vai melhorar.

Você acha que o Coxa vai conseguir ir bem na Série B?

Eu acho que precisa de alguns reforços. As escolhas do Paranaense, principalmente, escolha até de preparação. No início, começou com o Sub-20, depois fez uma equipe mista, depois colocou o time principal, então eu acho que, essas escolhas, não sei se foram acertadas.

Mas acho que agora não tem mais desculpa. Agora é o campeonato da vez, é o campeonato que o torcedor espera, e é o campeonato que os jogadores e comissão querem entregar para o torcedor.

Onde apostar no Paranaense 2025

As melhores bets legalizadas do Brasil oferecem apostas no Campeonato Paranaense 2025. É possível dar palpites no vencedor de cada jogo, total de gols da partida, campeão da competição, entre outros mercados.

Veja também:
Seleção brasileira: Dorival esboça escalação com substituto de Neymar
Seleção brasileira: Dorival esboça escalação com substituto de Neymar
Ex-Athletico e destaque do Paranaense, meia vai jogar em clube da Série A
Ex-Athletico e destaque do Paranaense, meia vai jogar em clube da Série A
Após discurso condenando atos racistas, presidente da Conmebol causa polêmica com fala
Após discurso condenando atos racistas, presidente da Conmebol causa polêmica com fala
Athletico tem reforço de peso para decisão contra o Maringá; veja as escalações
Athletico tem reforço de peso para decisão contra o Maringá; veja as escalações
+ Notícias sobre Coritiba
Coritiba cancela amistoso contra o Botafogo após diretor exaltar jogo
Recuou

Coritiba cancela amistoso contra o Botafogo após diretor exaltar jogo

Associação do Coritiba indica Alex em nova função e outro CEO para a SAF
Novidades

Associação do Coritiba indica Alex em nova função e outro CEO para a SAF

Criticado pela torcida, jogador é emprestado pelo Coritiba a rival da Série B
Mercado da bola

Criticado pela torcida, jogador é emprestado pelo Coritiba a rival da Série B

Coritiba: Reginaldo Nascimento desvenda erros da ...