Entrevista

Reforços, renovações e redução de salários: Follador avalia início no Coritiba

Por
Fernando Rudnick
03/02/2021 01:31 - Atualizado: 29/09/2023 20:10
Follador completou um mês à frente do Coritiba no último dia 31 de janeiro
Follador completou um mês à frente do Coritiba no último dia 31 de janeiro | Foto: Albari Rosa/Foto Digital/UmDois Esportes/Gazeta do Povo

Renato Follador completou um mês como presidente do Coritiba no último dia 29 de janeiro. Dois dias depois, a equipe chegou à marca de cinco jogos de invencibilidade no Brasileirão, mas ainda segue muito distante de escapar do rebaixamento a cinco rodadas do fim do campeonato.

Em entrevista ao UmDois Esportes, o dirigente fez um balanço do início de trabalho no clube e falou sobre o futuro. Reiterou que a escolha do técnico Gustavo Morínigo foi certeira, detalhou as mudanças estruturais e defendeu o critério implantado para a contratação de reforços.

Ao mesmo tempo em que frisou que a prioridade é desenvolver as categorias de base, Follador disse que o time vai ganhar atletas de renome em sua reformulação. "Virão os jogadores, as estrelas, que temos certeza que a torcida vai ficar muito contente".

Leia a entrevista completa com Renato Follador, presidente do Coritiba

Qual o sentimento depois de um mês de trabalho?

Eu posso te dizer que foi um período de mudanças intensas internamente. De montagem da estrutura de backstage, que consideramos as comissões técnicas, a reformulação total da área de marketing, da área financeira, da área administrativa. Foi uma mudança radical, não só no que diz respeito a pessoas, mas no que diz respeito ao modelo de gestão. Isso a gente conseguiu durante esse mês, num tratamento de choque, estruturar a parte executiva, a parte operacional do clube. Estamos caminhando nisso, ainda não terminou. Em termos de gestão, o que havíamos prometido na campanha nós fizemos.

Na parte de campo, a situação é um pouco mais delicada porque, apesar de tudo, ainda temos chance de permanência na Série A, e pegamos um plantel que não podíamos mexer. Falei aos atletas que não me interessava o passado e que eles seriam avaliados durante o restante do Brasileiro, o que significa que janeiro e fevereiro seria a oportunidade para mostrarem que querem continuar dentro do Coritiba. Uma cobrança que fiz muito e que coloquei como prioridade ao Gustavo Morínigo é que queria mudança de postura dentro de campo. Vitória é consequência, derrotas também virão, mas eu exigi uma mudança de postura. E nesse aspecto estou feliz porque a gente percebeu essa mudança, apesar do primeiro tempo contra o Grêmio ter sido ruim, e não é à toa que estamos há cinco partidas invictos. Jogamos contra um Fluminense em ascensão, contra um São Paulo disputando a liderança, e conseguimos jogar de igual para igual. Antigamente tínhamos um time retranqueiro, sem confiança para atacar, e hoje temos temos um time diferente. No conjunto da obra, mudamos radicalmente.

Na sua opinião, a mudança de postura deixou claro que a contratação do Gustavo Morínigo foi um acerto?

Não temos nenhuma dúvida de que acertamos. Tanto com ele, quanto com sua comissão técnica, com o Júlio Sérgio. É uma equipe de um nível excelente e percebemos que também que a torcida está contente, não só com a qualidade da equipe técnica, mas também com o que digo que é um estilo diferente do brasileiro, que privilegia muito a técnica e não tem muita preocupação com a raça, a força. Eu gosto muito desse estilo paraguaio, diria que o Paraguai até substitui a Argentina hoje no que diz respeito à raça, à entrega, à luta até o fim. E isso o Gustavo nos trouxe – e nos trouxe também o que talvez seja nosso grande discurso de campanha, que é trabalhar com as categorias de base, aproveitar os jovens. Tivemos vários jogos em que cinco ou seis jogadores eram oriundos da base, e que na gestão anterior não eram utilizados.

Muitos desse jovens têm contratos curtos. Você estão renovando com esses jogadores?

Sim. Desde o início da gestão, sabedores do que viria pela frente no curto prazo, montar um novo time em dois meses, já partimos para essas renovações. Eu diria para você que estão praticamente concluídas as renovações do jogadores de todos os jogadores da base do elenco.

Você sempre criticou a contratação de jogadores "para encher prateleira", digamos assim...

Só para você ter uma ideia: dos 56 jogadores que tínhamos, vamos iniciar o campeonato [Paranaense] com aproximadamente 35. Vai ser uma redução drástica no plantel profissional, não só reduzindo o custo, mas buscando melhorar a qualidade dentro de campo. Desses 35, aproximadamente um terço é oriundo das categorias de base.

A promessa de trazer jogadores pontuais de renome segue viva?

Sim, já estamos em contato.

Os reforços que ainda não foram oficializados (Waguininho, Val, Jhony Douglas) não podem deixar a impressão na torcida de que são apenas para encher a prateleira?

Quando eles forem apresentados, o scout vai ser apresentado junto. E as pessoas vão ver que as decisões não são mais tomadas por empatia, por achar que é bom. Os números vão provar que são bons. Além de terem passado pela avaliação de quase 15 pessoas, os números científicos provam que não só em minutagem, mas cada um dentro de seus fundamentos principais, como assistências, gols, cruzamentos, todos tem um scout excepcional. Eles podem não ser muito conhecidos da torcida coxa-branca, mas com certeza o futebol deles é de primeira classe. E, claro, virão os jogadores, as estrelas, que temos certeza que a torcida vai ficar muito contente.

E os jogadores emprestados?

Obviamente que depende de uma negociação, mas depende muito mais do clube de origem. No caso do Sabino, por exemplo, o Santos não abre mão. As conversas para a venda ao Japão estão avançadas. Os demais, vamos conversar até o final do Brasileiro. Mas continuam em período de avaliação e dependem do posicionamento do nosso departamento técnico. Não queremos antecipar etapas. Estamos tendo muito critério nas contrações e dispensas.

Há alguma definição sobre teto e folha salarial para a temporada 2021?

Isso não existe. Temos trabalhar com a média salarial e com a folha total. Com certeza a média terá de ser muito menor do que é hoje. No que diz respeito a salários, é caso a caso. E como você mesmo falou que pensamos em trazer uma ou duas estrelas, não podemos colocar teto salarial nesse sentido. Temos por premissa reduzir bastante o valor da folha, vamos ter de cortar um terço do que pagamos hoje. Mas com a avaliação e captação que estamos fazendo, achamos que vamos ter muito boa qualidade.

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Fernando Rudnick é formado em jornalismo e pós-graduado em comunicação esportiva. Sempre repórter, começou a cobrir o dia a dia dos times paranaenses em 2009, quando entrou na Gazeta do Povo. Atualmente, é coordenador do UmDois Es...

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