Demafe pede torcida única em clássicos: “Vamos encarar aquele povo em oito?”
Tapumes, divisórias e seguranças privados são insuficientes para evitar brigas generalizadas como as do clássico Atletiba dessa quarta-feira (16), no Couto Pereira. Essa é a visão do delegado titular da Delegacia Móvel de Atendimento a Futebol e Eventos (Demafe), da Polícia Civil, Luiz Carlos Oliveira, defensor de torcida única em partidas de grande porte em Curitiba.
Para o delegado, diversos erros levaram às cenas de selvageria, mas o principal deles foi a curta distância que separava coxas-brancas e atleticanos.
“Seguranças podem, de repente, evitar algumas coisas, mas só até certo ponto. Depois, não conseguem conter a massa. Minha opinião é de que dentro do estádio você tem que perder em arrecadação e ganhar em segurança. É preciso de um espaço vazio para dividir as torcidas porque, lamentavelmente, a educação do povo é essa, tratar o adversário como inimigo”, afirma.
Confira a tabela do Campeonato Paranaense
Na partida entre Coritiba e Athletico, a Polícia Militar (PM) só entrou em ação após o início da briga. Apesar de o efetivo total ter sido de 280 policiais, não há mais presença deles na separação das torcidas – existem somente barreiras físicas, além dos seguranças contratados, que também são responsáveis por revistar os torcedores.
A determinação do comando é de que os policiais devem estar nas vias públicas, com a atuação dentro dos estádios em caso de necessidade, já que as partidas são eventos particulares.
“[A entrada de bombas no estádio] é uma fragilidade nas revistas feitas pelos seguranças, não por policiais”, diz Oliveira.
“Existe uma determinação de que a PM não trabalha mais dentro do estádio, entendeu? Veja bem, a Demafe estava ontem com seu maior efetivo. E aí, você acha que vamos encarar aquele povo em oito pessoas?”, questiona o delegado, que vai sugerir ao Ministério Público o retorno jogos com torcida única na capital.
Identificação dos envolvidos
O Coritiba realizou um Boletim de Ocorrência por danos após o clássico. As imagens das câmeras do circuito interno foram requisitadas para que a identificação dos envolvidos seja feitas.
“Não interessa quem começou a briga. Interessa é evitar o começo. Esse negócio de apontar é querer se posar de vítima. Não pode começar e se começar tem que ter polícia para coibir, não segurança”, conclui Oliveira.