Opinião

A arquibancada é delas

Arquibancada só de mulheres e crianças para Coritiba x Aruko

A voz feminina foi – literalmente – ouvida pela primeira vez nas arquibancadas. Na partida entre Coritiba e Aruko pelo Campeonato Paranaense só mulheres e crianças compareceram ao Couto Pereira. Foram 8.871 vozes – o melhor público da rodada de estreia.

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Pela primeira vez, elas comandaram a bateria, puxaram as músicas, bandeiraram e frequentaram a bancada livres de assédio, insegurança, violência e medo. Um local majoritariamente masculino foi totalmente delas, de todas as idades. E as integrantes da organizada Império Alviverde, que comandaram o show, fizeram história.

Outras muitas ali estrearam em um estádio de futebol e puderam levar seus filhos de forma segura. Do pontapé inicial do jogo até o apito final, o apoio foi incondicional. Nem mesmo o calor e a breve chuva desanimaram. Algumas ainda se revezavam em amamentar ou alimentar seus filhos, que curtiram muita a festa. Foi tudo lindo e emocionante.

E além dos “gritos de guerra” tradicionais em todos os estádios, também não faltaram vaias para os adversários, xingamentos para a arbitragem e explosão de alegria quando o atacante Alef Manga tirou o zero do placar, depois de quase 90 minutos de expectativa.

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Um lance do segundo tempo ainda arrancou gargalhadas das presentes: um quero-quero foi atingido por uma bolada e ficou imóvel por alguns segundos. Apreensão que se transformou em risadas depois dele sair voando tranquilamente.

O apoio feminino foi reconhecido pelo técnico António Oliveira e pelos jogadores do Coxa, que puderam retribuir com a vitória.

Uma pena que um dia histórico desses só tenha sido possível por conta de uma punição causada por brigas. Que os clubes promovam medidas de incentivo para a presença feminina e punam os infratores. Porque, apesar de todas as contrariedades, as mulheres lutaram – e seguem lutando – por seu espaço nas arquibancadas, sejam dentro das organizadas ou em seus próprios coletivos, como Gurias do Couto, Atleticaníssimas e Gralhas da Vila aqui em Curitiba.

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E que, a partir de ontem, todo estádio de futebol seja cada dia mais feminino, com mais igualdade, respeito e PAZ. Porque o amor por um clube de futebol indefere de gênero.

O próximo capítulo de uma arquibancada mais democrática será protagonizado pelas torcedoras do Athletico. No próximo sábado (21), contra o Maringá, da mesma forma, somente mulheres e crianças poderão estar na Arena da Baixada para assistir ao jogo. O setor inferior do estádio já estava esgotado nesta segunda-feira (16), com mais de 20 mil check-ins.

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