Novo treinador

Melhor defesa e sem "invenções": o que esperar de Mozart no Coritiba

Por
Rafaela Rasera
27/11/2024 08:41 - Atualizado: 27/11/2024 08:42
Mozart volta para "casa" no Coritiba
Mozart volta para "casa" no Coritiba | Foto: Albaro Rosa/Foto Digital/Arquivo/UmDois

O Coritiba escolheu Mozart para ser o técnico da equipe na próxima temporada. Anunciado nesta terça-feira (26), ele retorna ao Alto da Glória, pela primeira vez como treinador efetivo, depois de ter conquistado o acesso pelo Mirassol, que encerrou a Série B na vice-liderança.

O técnico curitibano deixou o Mirassol depois de 83 jogos em duas temporadas e 130 pontos. Em 2023, bateu na trave com a equipe do interior paulista, ficando a um ponto do G4. A equipe insistiu no treinador para 2024 e o resultado veio.

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O Mirassol conquistou a inédita vaga na elite do futebol nacional com 67 pontos: foram 19 vitórias, 10 empates e nove derrotas, com 42 gols marcados e apenas 26 tomados, a melhor defesa da Série B.

O UmDois Esportes conversou com a imprensa paulista e pessoas ligadas ao treinador para trazer mais detalhes sobre a filosofia de jogo de Mozart e o que esperar do técnico no Coritiba.

Mirassol de Mozart foi marcado por força defensiva

Com Mozart no comando da equipe do interior paulista, o Mirassol teve a melhor defesa da Segunda Divisão, com apenas 26 gols tomados, cinco a menos que a segunda melhor defesa, a do Novorizontino. Foi o único time que levou menos de 30 gols na competição.

A consistência defensiva não foi apensas nesta temporada. Em 2023, quando ficou perto do acesso, o Mirassol levou 31 gols em 38 jogos, novamente atrás apenas do Novorizontino.

Na linha defensiva, o treinador trabalhou com uma linha quatro jogadores durante toda a temporada. Mesclando o 4-3-3 ou o 4-4-2.

Dentro de casa, o potencial defensivo chegou ao ápice e o time levou apenas seis gols em 19 partidas. Outro fator marcante é a quantidade de partidas sem ser vazado: 23 jogos.

Treinador do Coritiba gosta de time técnico e preza pelos treinamentos

Mozart é um treinador que gosta de times técnicos e tem um perfil direto.

No vestiário e no dia a dia com os jogadores, o ex-volante separa a questão motivacional do desempenho em campo. Um estilo diferente de Jorginho, ex-treinador do Coxa, que sempre destacou os discursos motivadores com o elenco.

Em entrevista recente ao UmDois Esportes, Mozart descreve como prefere dirigir seus times. Na época, ele ainda estava no Mirassol, que vivia a reta final pelo acesso.

"E eu acredito muito no processo de treinamento, coisa que é pouco valorizada no Brasil. O treinamento é o que faz evoluir o jogador, o jogo é o produto final. Mas sem preparação dificilmente você vai conseguir entregar um desempenho bom", detalhou Mozart.

"Para isso precisa de jogadores que se complementam, que jogam em mais de uma posilção, que tenham perfil físico atlético. São esses detalhes que fazem toda a diferença e nós conseguimos reunir isso neste ano", emendou.

Mozart não faz invenções dentro de campo e gosta do equilíbrio

Em 2023, o Mirassol foi o time com mais posse de bola da Série B. Nesta temporada, o time de Mozart foi o oitavo com mais posse de bola, mas teve maior consistência defensiva. Ainda que o destaque tenha sido a defesa, o ataque não foi negativo.

Segundo conta Neto Bragagnolo, setorista do Mirassol, o time soube propor jogo e criar chances de gol. No entanto, a equipe foi a que menos finalizou na competição.

"O time do Mirassol é bem propositivo, fica bastante com a bola, no ano passado liderou esse quesito. Neste ano não liderou, mas foi uma das maiores médias. É um time que cria muitas chances de gol. Não fez tantos gols assim, desperdiçou vários, mas é um time ofensivo e propositivo", disse, em entrevista ao UmDois.

"O time não fez muitos gols. Não é 100% culpa dele, mas acabou não sendo efetivo. Talvez é um ponto a ser melhorado, tanto que o Mirassol não teve nem de perto um dos melhores ataques no campeonato", completou.

Outra característica de Mozart é a consistência na formação da equipe. O treinador aposta no simples e não inventa na hora de escalar o onze inicial.

"O Mozart tem um estilo de não mudar muito a escalação. Então, ele conseguiu criar uma base no Mirassol desde o ano passado. Teve alguns reforços pontuais neste ano e isso ajudou muito na formação do elenco. Ele conseguiu formar um elenco bom. E com essa característica de não mudar muito, ele não inventa muito. Começou no 4-4-2 e terminou a temporada no 4-3-3. Foram os sistemas que ele mais usou", explica o jornalista.

Trabalho de Mozart no Coritiba depende de tempo e paciência

Um dos fatores que Mozart prega em seu trabalho é a continuidade, algo que ele encontrou no Mirassol. Mesmo em momentos ruins, com sequências sem vencer em 2023, o clube paulista seguiu com o treinador. Com isso, Mozart teve tempo para formar um elenco competitivo.

Durante a entrevista ao UmDois, em outubro, Mozart destacou uma das característica do Coritiba é o imediatismo.

O treinador usou este termo quando foi perguntado sobre jogadores que não conseguem desempenhar no Coxa e quando vão para outros clubes, conseguem jogar bem.

Mozart, novo técnico do Coritiba

"O Coritiba não é um clube que tem tanta paciência com o jogador".

"Eu entendo o imediatismo, mas são jogadores que hoje estão tendo as suas carreiras. Para jogar no Coritiba tem que entregar e o resultado tem que ser imediato, porque o torcedor não tem muita paciência", disse o treinador, na época.

"As coisas no Brasil infelizmente são para ontem, mas o futebol não é uma ciência exata. Precisa de tempo, de jogadores que se complementam, ter um elenco enxuto para dar continuidade ao trabalho. Um elenco de 40 jogadores eu não acredito que dê certo, porque jogam 11, mais 10 no banco e sempre terão 20 insatisfeitos", emendou.

Bragagnolo opina que o Alviverde pode usar o Mirassol como exemplo em relação à continuidade e estabilidade, mesmo diante da pressão que o clube vive, com os fracassos recentes nas Séries A e B.

"O Coritiba precisa se inspirar no Mirassol. É um exemplo que deu certo, o Mozart teve momentos ruins, principalmente no ano passado, ficou seis jogos sem ganhar, e o Mirassol o manteve. Então o Coritiba tem muito a aprender com isso. É também uma das explicações de um time estar subindo e outro não", destaca.

"E o Mozart vai ter esse desafio de estar num clube que já não vai ter a mesma paciência que o Mirassol teve com ele. Ele vai ter menos tempo disponível, tem mais pressão no Coxa e é algo que pesa contra ele. Mas o Coritiba fez uma grande escolha, ele é sem dúvida o melhor técnico dessa Série B", completa o setorista.

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Formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), gosto de contar as boas histórias que o esporte proporciona....

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