Há cerca de dez dias, Ocimar de Almeida Júnior teve uma conversa decisiva sobre seu futuro profissional. Em uma chamada de vídeo com António Oliveira e Lucas Drubscky, respectivamente técnico e head esportivo do Coritiba, ouviu justamente o que gostaria. Mais do que isso: foi totalmente convencido do que precisava fazer.
“Parece que reacendeu algo que já existia dentro de mim e não restou dúvidas de que eu tinha de estar aqui”, explica o volante Junior Urso, anunciado como reforço do Coxa na antevéspera de Natal.
Após jogar duas temporadas no Alviverde, entre 2012 e 2013, Urso escolheu retornar para casa, como o próprio jogador definiu. Felicidade era sua prioridade. “Quero estar onde queriam que eu esteja. Essa foi a chave”, garante, em entrevista ao site do clube.
+ Mercado da Bola: veja todas contratações em 2023
Opções e propostas não faltavam pelo atleta de 33 anos. Ele ficou muito próximo, aliás, de fechar com o Vasco após rescindir com o Orlando City, dos Estados Unidos, em novembro.
No entanto, uma cláusula que a 777 Partners, dona da SAF do Cruzmaltino, exigia no contrato não fazia sentido para o Urso. Assim, o negócio foi interrompido e o Coxa reapareceu no caminho com o ‘pacote completo’.
“Eles [Coritiba e Urso] namoram há algum tempo, antes mesmo de começarmos a conversar com o Vasco”, revela a empresária Stephanie Figer, que trabalha com o jogador há sete anos.
“Em novembro, quando fiz a rescisão no Orlando, o pessoal do scout [do Coxa] já tinha me sondado, mas as coisas tinham avançado com o Vasco. Uma vez não concretizando, foi retomada a conversa com outros clubes. Mas diante do projeto e do desejo muito grande de terem o Junior como protagonista, isso foi um fator decisivo, assim como a lembrança dele do clube”, completa.
Retorno ao Brasil
“Orlando City SC e meio-campista Junior Urso se separam no retorno do brasileiro para casa por motivos pessoais”.
Essa foi a manchete que estampou o site do clube americano no dia 10 de novembro, quando a notícia da saída do jogador surpreendeu a todos, especialmente pelos números do paulista de Taboão da Serra na última de suas três temporadas na Major League Soccer (MLS).
Foram 41 jogos, seis gols e quatro assistências, todos recordes da passagem, além de liderar a equipe na conquista inédita da US Open Cup. Ao todo, o volante somou 100 jogos (89 como titular), 14 gols e 11 assistências pelos Lions.
O bom desempenho faria os dirigentes do Orlando, naturalmente, ativarem a opção de renovação automática por mais uma temporada. Porém, o tempo longe da família e do Brasil levaram Junior Urso a buscar uma solução amigável para rescindir.
“Ele passou a pandemia lá, ficou longe da família e tinha o desejo de retornar para ficar mais próximo”, conta a empresária.
Mais ofensivo
Desde que deixou o Coxa, Urso ficou mais tempo no exterior do que no Brasil. Foram quatro anos na China, atuando por Shandong Luneng e Guangzhou R&F, além do período nos EUA, intercalados por boas passagens por Atlético-MG, em 2016, e Corinthians, em 2019.
E o tempo mudou o jogador que era conhecido, basicamente, como um bom marcador e ladrão de bolas em sua época de Coxa. Ao estrear com gol no futebol chinês, ele percebeu que poderia ajudar ofensivamente.
“Comecei a aprender e aprimorar essa ideia de pisar na área”, lembra.
Junior Urso
Em 2014, fez três gols pelo Shandong, um a menos do que em dois anos no Alviverde. Na temporada seguinte, no entanto, quase quadruplicou o número – fechou com 11.
Depois, fez sete pelo Galo, no retorno ao Brasil, e mais seis em duas temporadas pelo Guangzhou (2017 e 2018). No Corinthians, em 2019, Junior Urso anotou outros sete gols e consolidou-se com um segundo volante de forte presença na área rival e capacidade de finalização.
Agora, de volta ao Coritiba, quer seguir balançando as redes – e feliz. “No Coxa foram uns três gols e agora já tenho uns 50 e poucos até aqui… Hoje, mais maduro, estou de volta, muito feliz, e acredito que tenho muito a acrescentar para o clube”.