Anunciado pelo Coritiba nesta quarta-feira (14), o reforço português Josué Pesqueira, de 33 anos, viveu experiências singulares durante a carreira. O atleta começou na Europa e depois passou por Israel entre 2019 e 2021. No território, ele presenciou o conflito na Faixa de Gaza entre israelenses e palestinos.
O português foi contratado pelo Hapoel Beer Sheva, que disputa a primeira divisão do país, em 2019. Na primeira temporada pela equipe, fez 36 jogos e marcou seis gols. Mas foi em seu segundo ano no time, que teve que enfrentar a realidade da guerra no Oriente Médio.
O português conta que o grupo Hamas entrou em confronto com as forças armadas de Israel e ele precisou se abrigar em um bunker para não correr risco de vida. Do esconderijo, ouvia as bombas explodindo.
“Me senti seguro até meu segundo ano, quando Israel passou a trocar bombas com o Hamas. Foi a primeira vez em que não me senti seguro na vida e tive medo. Ouvia as bombas caindo a meio quilômetro da minha casa. Estava no bunker e ouvia os aviões passarem. O alarme tocava de cinco em cinco minutos para nos abrigarmos no local. Foram 11 ou 12 dias de muito estresse”, contou o atleta em uma entrevista ao jornal português Mais Futebol, em 2022.
O reforço do Coritiba ainda revelou que o time ficou perto de disputar uma partida em um estádio que fica a cerca de 30 minutos da Faixa de Gaza, mas a partida foi cancelada devido ao risco. Durante o confronto, inclusive, o campeonato foi paralisado.
“Lembro que íamos jogar em Ashdod, que tem o estádio mais antigo de Israel. Nessa altura, eu perguntei: ‘Se toca o alarme, para onde vamos?’. Me responderam que tinham um bunker com capacidade para 20 pessoas. Nós, só entre jogadores, éramos mais de 20. Comecei a pensar: ‘Eu não jogo aqui’. Felizmente foi cancelado e voltamos para as nossas casas. Ashdod fica pertíssimo da Faixa de Gaza e podia acontecer algo muito grave“, relatou Josué.
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Meia do Coritiba chegou a dormir em bunker
O atleta conta que preferiu dormir no bunker a ficar em sua casa. No país, Josué percebeu que aquela realidade era comum para os atletas que nasceram no território, que chegavam a ir treinar em dias de bombardeios.
“Foram 11 dias difíceis. Cheguei até a dormir no bunker porque tinha medo de dormir no quarto ou na sala e não ouvir o alarme. Coloquei cobertores e almofadas. Nem sei quantas vezes fui para o bunker. Foram muitas vezes por dia”, relembrou Josué.
“Para os jogadores israelenses, aquilo é algo que eles encaram com normalidade e muitos iam treinar. Eu não saía de casa para nada. Levavam comida para mim”, disse o jogador.
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Josué já foi preso após jogo na Holanda
Além de ver a guerra de perto, o reforço do Coritiba também já foi detido pela polícia holandesa depois de um jogo pela Conference League, quando atuava no Legia Varsovia, em 2023.
O time polonês perdeu de 1 a 0 para o AZ Alkmaar. Depois do fim da partida, quando os jogadores tentaram embarcar no ônibus para voltar para a Polônia, o estádio foi fechado pelas autoridades holandesas, que não queriam liberar o time.
Josué, então capitão da equipe, e outros membros da comissão técnica do Legia Varsovia entraram em conflito com os policiais, que o levaram para a prisão. O meia passou a noite detido.
“Foi uma noite terrível. Nunca tinha vivido nada tão mau e injusto. Não desejaria aquelas horas, incertezas e medos ao meu maior inimigo. Estou fora da prisão mas vou demorar para me recuperar mentalmente”, relatou ao jornal holandês Sportowefatky.
Reforço do Coritiba não joga desde maio
Quarto reforço anunciado pelo Coxa nesta janela de transferências, Josué não entra em campo desde o dia 25 de maio, quando fechou a temporada 2023/2024 com o Legia Varsovia.
O atelta escolheu não renovar com a equipe que defendia desde 2021. No total, atuou por três temporadas, em 130 partidas, com 29 gols e 32 assistências, sendo eleito o melhor estrangeiro da equipe.
Além do meia, o Coxa já anunciou o volante Zé Gabriel e os atacantes Eryc Castillo e Júnior Brumado, que estreou contra a Ponte Preta, no último domingo (11).