Entrevista

Joel Malucelli conta por que decidiu investir na SAF do Coritiba e revela expectativas

Joel Malucelli é investidor da SAF do Coritiba.

Presidente do Coritiba entre 1996 e 1997, o empresário Joel Malucelli, 77 anos, é um dos investidores do fundo da Treecorp para a compra da SAF do clube. A operação deve ser concluída em cerca de 45 dias, após aprovações do Conselho Deliberativo, da Assembleia de Sócios e também do juízo da Recuperação Judicial (RJ).

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Em entrevista exclusiva ao UmDois Esportes, Joel explicou os motivos que o levaram a investir na SAF coxa-branca e revelou suas expectativas para o futuro do Coxa.

Para o empresário, que também trabalhou com futebol no extinto JMalucelli, a quebra com o modelo atual de comando é o principal benefício para, aos poucos e com muito trabalho, colher resultados esportivos.

“Dois anos de uma gestão despreparada em um clube de futebol desmonta o clube por dez anos. É muito difícil recuperar depois de uma gestão assim. Nesse modelo novo, com CEO remunerado, isso certamente não vai acontecer porque não há prazo de validade”, diz o empresário, que em 2022 quitou a dívida com o argentino Ezequiel Cerutti para cancelar o Transfer Ban imposto ao clube.

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Leia a entrevista completa abaixo:

O que te levou a ser investidor na compra da SAF do Coritiba?

O principal motivo é ajudar. Ajudar a superar as atuais dificuldades, que não são poucas. Eu sempre estive à disposição do clube em todos os momentos, e não iria deixar de participar agora. Minha intenção realmente é de ajudar, não estou visando lucro financeiro nenhum. Até porque na minha idade não é para fazer aplicações a longo prazo.

E como aconteceu a sua entrada no fundo?

A princípio, eu e mais outros pares que têm condições financeira, para ajudar o Coritiba, fomos convidados e tínhamos aceitado. E aí, no decorrer do processo, não sei se mais alguém entrou, mas confirmei minha presença e vou ajudar, vou entrar nesse fundo. O Coritiba tinha duas saídas: ou renovar tudo que está lá na área do futebol, reformular completamente, ou ter uma injeção de vida nova como está sendo agora.

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A venda da SAF é o único caminho para o Coxa?

Não só para o Coritiba, mas para todo o futebol brasileiro. Eu, que já estive lá dentro, senti bem. Da fórmula que o futebol é tocado no Brasil, você pode ter um presidente perfeito, que deixe tudo direitinho, deixe o clube em ordem e planeje o futuro. Você pode fazer tudo isso, que é bonito no papel, mas quando infelizmente entram diretorias que são despreparadas… Dois anos de uma gestão despreparada em um clube de futebol desmonta o clube por dez anos. É muito difícil recuperar depois de uma gestão assim. Nesse modelo novo, com CEO remunerado, isso certamente não vai acontecer porque não há prazo de validade. Não tem presidente que vai ficar por dois, três ou quatro anos. Só esse fator já aumenta a possibilidade de sucesso. Outro fator é que agora o futebol [do Coritiba], sendo uma operação rentável, o que não era anos atrás, com receitas novas entrando no futebol, vai fazer com que tudo seja melhor.

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O que você espera ver da SAF a curto prazo?

Número um, montar um departamento de futebol competente. Não adianta o presidente ser bem-intencionado se não montar uma estrutura de formação de atletas e uma estrutura profissional competente. Eu digo competente com elementos que conheçam o futebol e os jogadores brasileiros, que vivam o futebol. A prioridade – e se eu tiver oportunidade de sugerir aos diretores do fundo – é que priorizem o futebol. É preciso de uma estrutura muito bem montada. Não é só com craques que você faz um bom time. Você vê equipes com jogadores medianos que competem na ponta da tabela, isso é competência do departamento de futebol.

A médio e longo prazo?

Eu não tenho menor dúvida que o caminho a ser trilhado vai ser de sucesso. Mas o futebol não admite estratégias financeiras ou de resultados a não ser no papel. Na realidade, você não tem bola de cristal para dizer se daqui a dois, três, quatro anos, vamos disputar entre os seis, sete melhores do Brasil. É irresponsabilidade dizer. Mas acima de tudo tem de estar o trabalho bem feito, que depois os resultados aparecem. E hoje não devemos achar que o clube daqui a X anos vai disputar o Brasileiro, por exemplo. Não é justo iludir o torcedor nesse sentido. Você tem que mostrar trabalho e aí os resultados vão aparecer.

Você será membro do Conselho de Administração da SAF do Coritiba?

Não. Não almejo ser do Conselho, absolutamente nada. Também e não os conheço, não sei do potencial futebolístico que eles têm. Lógico que se for convocado para expressar meu conhecimento que já tive no futebol, não declinarei. Mas não tenho pretensão desse Conselho, que parece que serão dez membros escolhidos por eles, né?

Seu papel será, então, como um torcedor que contribui financeiramente na SAF…

Exatamente. Isso que pretendo fazer, criticando se tiver de criticar, elogiando se tiver de elogiar, mas sempre junto ao clube para que a gente possa fazer o Coritiba cada vez maior.

Você sabe quem são os outros investidores do fundo?

Sinceramente, aqui do Paraná não tenho conhecimento. Acho que por enquanto não tem ninguém. Mas espero que mais coxas-brancas que tenham condição financeira possam me seguir nesse projeto. Acho que é o momento de dar ao clube tudo o que nos proporcionou de bom até hoje. E como trata-se de um projeto a médio prazo, tenho certeza que outros coxas vão me acompanhar.

O que poderá ser considerado sucesso da SAF do Coritiba na sua opinião?

Acho que sempre tivemos um papel não muito preponderante no futebol brasileiro. A gente sempre perdeu para os gaúchos e mineiros. Eu espero, no mínimo, igualar o nosso prestígio aos times do futebol mineiro e gaúcho. O Athletico já fez a parte dele, falta o Coritiba fazer a parte dele agora.

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