Brasileirão

Inspiração para o Coritiba? Ceará de Lisca escapou da queda ao “zerar” classificação

Por
Fernando Rudnick
26/06/2023 20:15 - Atualizado: 05/10/2023 10:00
Lisca ajudou o Ceará escapar do rebaixamento em 2018.
Lisca ajudou o Ceará escapar do rebaixamento em 2018. | Foto: Divulgação/Ceará

Em 2018, o Ceará decidiu "zerar" sua classificação no Brasileirão após 12 rodadas. Com apenas cinco pontos na tabela oficial – até então o pior início da história do pontos corridos ao lado do Athletico (2011) – o Vozão inverteu a lógica para tentar uma improvável permanência na elite.

O recomeço foi diferente: 12 pontos em sete jogos, com aproveitamento de 58%. Era tudo que o time precisava para acreditar em sua própria força.

"A partir da nossa sétima rodada, estávamos sempre em sexto, quinto, sétimo, nono. Ficamos oscilando no bloco da frente na nossa tabela. E foi ali que consegui convencer os jogadores de que a gente jogava de igual para a igual com qualquer um", relembra o técnico Lisca, responsável por comandar a inédita reação, em entrevista ao UmDois Esportes.

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Cinco anos atrás, o Ceará tinha somente um ponto a mais do que o Coritiba soma atualmente no mesmo período. Além da pior largada da história na Série A, o Coxa acumula 18 jogos sem vitória. A situação no Vozão não era tão diferente assim. O time também vivia uma crise sem precedentes, afundado em uma sequência de 16 jogos sem vitória.

Porém, apostando na mudança de alguns pontos-chave, conseguiu terminar a temporada com 44 pontos, fora da zona de rebaixamento. Resposta nunca antes vista depois de um início com 13,8% de aproveitamento.

"É possível [o Coritiba escapar]. Tu precisa de um aproveitamento de praticamente 50% para fazer uns 39, 40 pontos e escapar. O campeonato precisa ser isso. O que a gente fez naquele momento foi focar jogo a jogo, não se preocupar muito com a pontuação dos adversários nem com a hora em que iríamos sair do Z4", fala Lisca, que substituiu Jorginho no Alvinegro a partir da nona rodada.

Talvez o grande trunfo foi a parada obrigatória para a Copa do Mundo, situação que o Alviverde não tem. Com cerca de um mês para treinar, o Ceará contratou sete jogadores e, principalmente, compreendeu que os resultados iniciais tinham que ficar para trás.

"Tínhamos que esquecer o que passou e começar a focar à frente. Nisso, a primeira vitória foi bem importante porque ela muda o ambiente, mostra para os jogadores que eles têm condições de jogar contra qualquer time", explica o treinador.

Aproveitamento de 50% salvou o Ceará em 2018. Foto: Divulgação.
Aproveitamento de 50% salvou o Ceará em 2018. Foto: Divulgação.

Arrumação de trás para frente

Caso queira se espelhar na reação do Ceará, o Coxa precisa consertar seu sistema defensivo, hoje o segundo pior da competição, com 26 gols sofridos. No pós-Copa, por exemplo, o Ceará tomou 20 gols em 26 jogos – média de 0,7 gol/jogo. Antes, o retrospecto era de 18 sofridos em 12 duelos, o que representa 1,5 por partida.

"É fundamental, nesse momento, tomar mínimo e gols possível. A história mostra que defesas mais consistentes têm sucesso em pontos corridos. Passamos da pior defesa para segunda melhor", cita Lisca, que também conseguiu implantar um estilo de jogo mais organizado e vertical, com capacidade de chegar rápido e com poucos passes ao gol rival.

Aproximação com a torcida

É impossível escapar do rebaixamento sem o apoio da torcida. Mas como trazer as arquibancadas para o lado do time em um momento tão ruim?

"Mostrando postura dentro de campo, tendo uma atitude diferente, com entrega, organização. O time precisa mostrar que está representando a torcida neste momento de dificuldade", diz Lisca, que já tinha salvado o Ceará de uma queda à Série C em 2015 e, por isso, acelerou a reconexão da equipe com os torcedores.

Em casa, com Lisca, o Vozão teve aproveitamento de 64%. Foram sete vitórias, seis empates e uma derrota. "Eu já tinha uma história no Ceará e isso injetou confiança, a relação ficou forte. Acredito que a torcida do Coritiba pode fazer isso também porque é uma torcida apaixonada. Ano passado, quando era técnico do Santos, fiquei impressionado com a fidelidade, com o ambiente do Couto Pereira", aponta.

"Acho que o caminho é esse aí. A tendência é uma mudança de plantel nessa abertura de janela, com a SAF chegando. É preciso acreditar que dá para fazer esses 50% de aproveitamento. O Coritiba tem bons jogadores, é preciso achar um time", conclui o treinador, sem clube desde que deixou o Avaí, no ano passado.

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Fernando Rudnick é formado em jornalismo e pós-graduado em comunicação esportiva. Sempre repórter, começou a cobrir o dia a dia dos times paranaenses em 2009, quando entrou na Gazeta do Povo. Atualmente, é coordenador do UmDois Es...

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