Bicho dobrado e cobrança por rádio: as histórias de Manga no Coritiba

O ex-goleiro Manga morreu nesta terça-feira (8) aos 87 anos. Durante a carreira vitoriosa, o jogador teve uma passagem pelo Coritiba e foi o herói do título do Campeonato Paranaense de 1978.
Em apenas uma temporada, Manga se tornou ídolo coxa-branca e ainda foi protagonista de histórias marcantes. Uma delas envolveu o jornalista Carneiro Neto, colunista do UmDois Esportes, antes de um clássico entre Coritiba e Athletico.
"Fiz uma promoção certa vez na Rádio Clube Paranaense e o repórter era o Paulo Mosimann, o Foguetinho. A promoção era que tinha Atletiba no domingo e o Manga não tomava gol há umas cinco, seis rodadas", disse.
"Fiz a promoção que quem marcasse um gol no Manga, ganhava um auto rádio das Lojas Hermes Macedo. Se ninguém fizesse gol, o Manga ganharia o auto rádio. Lançamos a promoção, mas na quarta-feira teve rodada, o Rio Branco fez um gol e o Manga foi vazado pela primeira vez. Consequentemente, a promoção perdeu efeito e eu suspendi a promoção. Na cabeça do Manga, a promoção continuava e ele não foi vazado no Atletiba", completou Carneiro Neto.
Vencedor da promoção, Manga cobrou Carneiro pessoalmente pelo prêmio. "Primeiro, ele cobrou do Foguetinho. 'Cadê o auto rádio de Manguinha? Manguinha fenômeno não tomou gol no Atletiba'. Foguetinho explicou, mas ele foi na rádio na terça-feira e perguntou de mim. 'Manguinha veio buscar o auto rádio'. Eu abri o armário e entreguei para ele".
Manga foi o herói do Coritiba no título do Paranaense de 1978

Manga foi o grande nome do Coritiba no título do Campeonato Paranaense. Após três empates em 0 a 0 com o Athletico, o goleiro foi fundamental na vitória nos pênaltis por 4 a 1. Mais de 50 mil pessoas viram a conquista do Estadual no Couto Pereira.
Por ser o grande nome da campanha, o goleiro cobrou o presidente Evangelino da Costa Neves um prêmio maior. "Manga queria bicho dobrado pelo título de 1978 do Coritiba, porque ganhou do Athletico nos pênaltis e ele fez a diferença. Claro que fez. Mas mais nas três partidas que terminaram em 0 a 0, o Athletico em cima e o Manga defendendo tudo".
"O Manga foi no escritório do Evangelino Neves, pediu bicho dobrado e ele teve que dar para não ter escândalo", lembrou Carneiro Neto.
A passagem de Manga pelo Coritiba durou apenas 22 partidas. Depois do final da temporada de 1978, o goleiro jogou no Grêmio em 1979. Na sequência, ele encerrou a carreira no Barcelona de Guayaquil, do Equador.
Coritiba lamenta morte do goleiro Manga
Em post nas redes sociais e no site oficial, o Coritiba lamentou a morte de Manga e exaltou a passagem do ídolo pelo Alto da Glória.
O Coritiba lamenta com pesar o falecimento de Haílton Corrêa de Arruda, o eterno Manga, que escreveu seu nome na história do clube com suas defesas inesquecíveis. Manga faleceu na manhã desta terça-feira (8). Completaria 88 anos de idade no próximo dia 26.
Manga foi decisivo na conquista do Campeonato Paranaense de 1978, diante do rival, em uma das finais mais emblemáticas da nossa história. Com sua experiência e liderança, levou o Coritiba à vitória em uma emocionante disputa de pênaltis, diante de mais de 50 mil pessoas no Couto Pereira.
O jogador foi referência mundial no esporte. Não por acaso, o dia 26 de abril, data de seu nascimento, foi escolhido para celebrar o Dia do Goleiro aqui no Brasil. Uma justa homenagem que vai além da brilhante trajetória de Manga. O reconhecimento de um legado que permanece vivo a cada defesa, a cada vez que um arqueiro veste a camisa 1 e entra em campo.
Manga é eterno. E estará para sempre na memória de todos nós, coxas-brancas e de todos que amam o esporte.
Neste momento de despedida, o Coritiba se une aos familiares e amigos de Manga e a todos aqueles que já se emocionaram com sua grande dedicação e inesquecíveis atuações em campo.