Ex-gerente aponta interferência da Treecorp no Coritiba ainda em 2022; diretoria nega
Demitido do Coritiba na semana passada, o gerente de preparação esportiva, Paulo Thomaz de Aquino, acredita que a Treecorp, fundo de investimentos que fechou, no início de maio, acordo para comprar 90% SAF da coxa-branca, liderava as decisões do departamento de futebol do clube desde o ano passado.
De acordo com Paulão, houve uma mudança no processo de contratação de atletas a partir da saída do técnico Guto Ferreira, após o Brasileirão. Na visão dele, com participação da empresa que, naquela época, ainda negociava a compra da SAF (Sociedade Anônima do Futebol).
"Novembro do ano passado foi um marco para nós. Acabou o comitê de futebol. Existia, perto da janela, também um comitê de contratação, que a gente se reunia diariamente. Essa foi uma decisão interna do clube, dos gestores. Ficou um processo restrito ao G5 e ao head esportivo. Já era, também, capitaneado pela SAF. Ela já dava suas contribuições em novembro. A partir dali, ficamos à margem dessas decisões", afirmou Thomaz de Aquino em entrevista ao ge.globo.
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Ele também pontua que o processo de venda, sem dúvidas, influenciou no planejamento para a temporada 2023.
"Não estava assinado, mas, ao mesmo tempo, já estava conduzindo para o processo ser concretizado. São várias pessoas dando opiniões, acaba gerando um desgaste, divergências, acredito eu. E isso trouxe algumas consequência", apontou o ex-dirigente alviverde.
Diretoria do Coritiba nega interferência prévia da SAF
A diretoria do Coritiba, contudo, nega qualquer interferência da Treecorp antes da chegada do CEO Carlos Amodeo, que começou a trabalhar no clube em maio deste ano, junto com o head esportivo Artur Moraes.
Segundo o vice-presidente Osíris Klamas, a contratação de jogadores passou, sim, a ser conduzida por um grupo menor de pessoas, mas todas de dentro do clube.
"[A participação da Treecorp] era uma percepção dele, talvez, porque acabamos com o comitê... O Paulão perdeu, não diria força, pois tinha sua função, foi importante até o final, mas saiu daquele picadeiro que a gente tomava as decisões. Então, até por que a gente não podia abrir muito, mesmo internamente, acaba-se imaginando que possa ter havido essa intervenção, mas não aconteceu", justifica Osíris, que cita que a venda esteve ameaçada alguns meses atrás por causa de discordâncias em pontos importantes do contrato.
"A SAF em nenhum momento opinou ou participou. Houve alguns momentos em que o próprio Glenn [Stenger, presidente em exercício] e o Léo [Leonardo Boguszewski, profissional que ajudou a construir o contrato da SAF] disseram que estava difícil, que arriscava não sair mais o negócio. Foram negociações pesadas. Então, assim, o Paulão e vários atores, pessoal da captação, que antes participavam ativamente, acabaram isolados", afirmou.
Sobre a troca de Guto por António Oliveira, Klamas reitera que a opção foi por não acreditar que o treinador que salvou o time do rebaixamento em 2022 poderia representar um salto de patamar que a diretoria esperava.
"Nós fizemos avaliação de que o Guto não aguentaria esse ano [2023]. Ele foi importantíssimo, agradecemos, mas sempre escutamos algumas lideranças entre os jogadores e a gente definiu que precisaria subir um patamar, no nosso modo de ver, do treinador. Teve a coincidência do António Oliveira ser português, e aquela questão do próprio Artur estar lá em Portugal, mas não teve nenhuma relação da SAF ter indicado, de jeito nenhum. Tanto é que avaliamos outro treinadores como o Roger, o próprio Tiago Nunes, Jair Ventura. Alguns nomes foram levantamos e a gente viu que a possibilidade, naquele momento, seria o António", completa.