História

De Belfort Duarte a Couto: Antes da Baixada, estádio do Coritiba também mudou nome

Por
Rafaela Rasera
29/02/2024 08:09 - Atualizado: 29/02/2024 10:36
Couto Pereira, Estádio do Coritiba.
Couto Pereira, Estádio do Coritiba. | Foto: Átila Alberti/UmDois Esportes

No início da semana, o conselho do Athletico aprovou a mudança do nome do Estádio Joaquim Américo Guimarães para Estádio Mario Celso Petraglia. A iniciativa não é novidade para o rival Coritiba, que há quase 50 anos mudava o nome do seu estádio de Belfort Duarte para Couto Pereira.

O primeiro nome da casa do Coxa foi uma homenagem ao atleta maranhense Belfort Duarte, que jogava pelo América-RJ. O jogador nunca chegou a vestir as cores do Alviverde, mas foi o time onde ele fez história que foi adversário do Coritiba na partida de inauguração do estádio, em 1932.

No jogo, um avião sobrevoou o estádio e lançou a bola para o pontapé inicial. O Coritiba venceu o América-RJ por 4 a 2.

"Quando fomos escolher o clube que enfrentaríamos na inauguração, decidimos que seria o campeão da capital do Brasil, o Rio de Janeiro, na época. Como o América foi campeão estadual, os convidamos para a inauguração. E então escolhemos um desportista relevante para o clube carioca, por isso, Belfort Duarte", explica Guilherme Straube, pesquisador do Grupo Helênicos, que estuda a história do Coritiba.

Belfort Duarte dividia as profissões de engenheiro e jogador e saiu do Maranhão para morar no Rio de Janeiro no início de 1900. Com desejo de jogar no Fluminense, ele se associou ao América-RJ, que sofria financeiramente, e foi o maior responsável por colocar a equipe carioca entre as maiores do estado na época.

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Ele foi um dos nomes que revolucionou o futebol brasileiro e também mudou o conceito de criação e manutenção de clubes por todo o país. Segundo Straube, o nome em homenagem ao esportista era provisório, mas foi só após 45 anos que o clube encontrou um motivo para trocar a identidade do estádio, quando Major Antônio Couto Pereira, ex-presidente do clube paranaense, faleceu em 1976.

"O ex-presidente Couto Pereira, considerado por nós do Helênicos o presidente que mais contribuiu para o crescimento do clube, morreu em dezembro de 1976. Em fevereiro de 1977, o conselho aprovou a mudança do nome do estádio", conta o pesquisador.

Estádio Major Antônio Couto Pereira

Major Antônio Couto Pereira, de terno branco, e Manoel Ribas, interventor do Paraná.
Major Antônio Couto Pereira, de terno branco, e Manoel Ribas, interventor do Paraná.

Antes do Estádio Belfort Duarte sequer existir, foi Antônio Couto Pereira que procurou e encontrou um terreno no Alto da Glória para construir uma praça esportiva só do Coritiba.

Major foi o primeiro presidente do clube, com passagens entre os anos 1927 a 28, 31 a 34 e 37 a 45. Foi durante seu mandato que foi construído o espaço hoje ocupado pelas cabines de rádio, chamado de setor social.

Em 1945, Couto se afastou das funções presidenciais e se manteve conselheiro da equipe. Em 1976, ele morreu e o conselheiro Cândido Gomes Chagas propôs a mudança do nome do estádio em homenagem ao ex-presidente.

"A intenção era que fosse um nome temporário, até que um coritibano relevante morresse. Só que demorou tanto para isso acontecer, que o nome Belfort Duarte acabou 'pegando' e não foi mudado até 1977. Sim, Seiler e Essenfelder faleceram antes, mas não houve movimentação interna para a mudança. Precisou morrer Couto para isso finalmente acontecer", detalha Straube.

A "praga" e o título de 78

Coritiba (4) 0x0 (1) Athletico - Paranaense - 17/12/1978
Coritiba (4) 0x0 (1) Athletico – Paranaense – 17/12/1978

Um ano depois da mudança de nome do estádio alviverde, o clássico Atletiba definiria o campeão do Campeonato Paranaense de 1978.

Em meio às provocações entre os rivais, Straube conta que um dirigente do Athletico afirmou que, triste com a mudança de nome, a filha de Belfort Duarte, D. Mary, teria jogado uma praga no Coritiba e ele nunca mais seria campeão.

Com o rumor, o presidente do Coxa, na época, Evangelino da Costa Neves, convidou a filha do falecido jogador para comparecer ao clássico.

"O presidente Evangelino fez questão de trazer do Rio a filha de Belfort, que prestou uma bonita homenagem a ela e agradeceu pelo clube ter homenageado o seu pai por 45 anos", conta o pesquisador.

Com praga ou não, 90 minutos e uma disputa de pênaltis depois, o Coxa levantou a taça de campeão paranaense pela 26ª vez.

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Formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), gosto de contar as boas histórias que o esporte proporciona....

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