Após passagem no Cruzeiro e chegada ao Coritiba, Autuori diz que SAFs não são "salvação"
Apresentado pelo Coritiba, seu segundo trabalho em uma SAF, o diretor técnico Paulo Autuori afirmou que o modelo não pode ser tratado como a "salvação" do futebol brasileiro. Antes no Cruzeiro, o dirigente disse que não pretende mais trabalhar em clubes que têm modelo associativo.
"Quando se vê instituições centenárias no futebol brasileiro em declínio evidente, repetindo práticas, se pensa que as SAFs serão a salvação do futebol brasileiro, quando são apenas uma ferramenta a mais para a estruturação do mercado. A expectativa externa, da mídia e torcedores, é que a SAF vai trazer dinheiro,contratar jogadores e vamos ser fortes de novo. Isso é uma visão simplista e completamente equivocada", opinou Autuori em entrevista coletiva nesta segunda-feira (13).
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Segundo ele, as SAFs devem ser responsáveis por construir uma gestão sólida dos clubes, para que, a partir disso, os resultados esportivos apareçam.
"As SAFs quando entram chegam com uma ideia de construir uma gestão responsável que permita gradativamente uma solidez, que vai trazer capacidade de investimento e suportar o projeto desportivo. Isso demanda processos sólidos. Há uma certa dificuldade de entender. Se exige das SAFs que em um, dois ou três se consiga tudo. O importante é a estruturação do mercado. A gestão é algo fundamental", afirmou.
Autuori tem experiência com o modelos de SAF no futebol, já que seu último trabalho foi no Cruzeiro, em 2023. Sob a gestão de Ronaldo, ele foi diretor técnico da Raposa e chegou a comandar a equipe interinamente no fim da temporada. Com a nova venda, Autuori decidiu deixar o clube.
Em um novo trabalho, na SAF coxa-branca, o dirigente afirmou que não pretende trabalhar em clubes associativos novamente.
"O que nós queremos nesse processo é que a gente olhe para dentro e ver que temos qualidade. [Ser] um gestor que implementa processos e que dá visibilidade com solidez. Eu estou aqui por causa disso. Hoje, eu não me vejo mais trabalhando em clube com arcabouço associativo, em que a política é terrível, condiciona e limita o crescimento do clube", explicou.
Autuori tinha conversas com Coritiba desde 2023
Desde o ano passado, o Coritiba tinha conversas com Autuori para trabalhar no clube, mas, na época, as negociações acabaram esfriando. Com a chegada em um momento de tensão entre torcida e clube, o diretor pediu uma "atmosfera favorável" no jogo desta terça-feira, contra o Guarani.
"Se eu estou aqui é porque acredito e muito na SAF, e ela é liderada pelo Amodeo. Essa ideia de que vai chegar [a SAF] e recuperar em um ou dois anos, quando instituições centenárias tiveram anos e anos e conseguiram botar em declínio uma instituição. Isso tem que ser falado de forma clara. O momento é difícil, cabe a nós mudarmos isso. Só peço que amanhã a gente possar criar um ambiente e uma atmosfera extremamente favorável, para que todos nós saiamos do jogo com o resultado que nos interessa", disse.