Terreno de CT do Coritiba entra em leilão para quitar dívidas trabalhistas
O terreno em que o Coritiba planeja construir seu centro de treinamento, em Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba, entrou em programação de leilão a ser realizado no dia 13 de março.
A avaliação inicial para o leilão seria de R$ 9,3 milhões, montante que poderia ter lances a partir da metade do valor em segundo leilão. A área do patrimônio coxa-branca possui 448.125 m². O certame seria para quitar débitos trabalhistas do Alviverde.
Nos bastidores do Coxa, entretanto, a possibilidade de leilão é rejeitada e o clube estaria já em processo de emissão de alvará para construir no local.
A dívida com o ex-preparador físico Cevanei Gabriel da Rosa já está na lista da Assembleia de Recuperação Judicial do clube e o credor, inclusive, votou a favor do fluxo de recebimento e já amealhado duas parcelas do acordo.
Em julho de 2011, o Coritiba fechou a compra da área por R$ 1,7 milhão na oportunidade, com a intenção de construir um novo centro de treinamentos. Mais de dez anos depois, no entanto, o terreno não foi utilizado pelo clube. O Coxa utiliza o CT da Graciosa para a sua preparação.
Nota oficial
Às 21h11, o Coritiba publicou nota oficial sobre o assunto em seu site:
"Por meio da presente nota, o Coritiba informa que tomou conhecimento da decisão proferida pelo juízo da 14ª Vara do Trabalho de Curitiba, que determinou a penhora e leilão do CT Campina Grande do Sul na última semana, apenas pelas notícias da mídia. Sua intimação nos autos do processo não ocorreu.
Como é de conhecimento público, o Coritiba Foot Ball Club teve seu Plano de Recuperação Judicial aprovado no final de 2022 . Tal informação será levada a conhecimento do Juízo prolator da decisão de imediato.
De forma não menos importante, o Coritiba esclarece que o autor do processo em pauta é um dos credores devidamente habilitados na Recuperação Judicial que, inclusive, vem regularmente recebendo seus créditos nos estritos termos do plano aprovado.
Por fim, o Clube esclarece que o Departamento Jurídico e seus assessores tomarão as medidas judiciais cabíveis contra a decisão aqui referenciada, com o objetivo de proteger os ativos do Clube e, consequentemente, garantir a continuidade do cumprimento de seu plano de recuperação judicial."
Leia matéria sobre o CT publicada em 2018
"Futuro" do Coritiba, novo CT na RMC sofre com abandono do clube
Área em Campina Grande do Sul foi adquirida por R$ 1,7 milhão e possui 450 mil metros, o equivalente a 57 campos de futebol
O terreno em Campina Grande do Sul que o Coritiba pretende construir o novo Centro de Treinamentos sofre com o abandono do próprio clube. A reportagem da Gazeta do Povo visitou a parte de fora do local no dia 29 de janeiro e constatou a situação do patrimônio coxa-branca, que tem área total de 450 mil metros quadrados – o equivalente a 57 campos de futebol.
O muro e o escudo estão danificados por causa de um acidente de carro, ocorrido há três meses. Uma placa de madeira foi improvisada na mureta para remendar o buraco. A vegetação alta na entrada do portão também evidencia a falta de manutenção do local. Um assalto já foi registrado dentro do terreno, quando bandidos abordaram o caseiro e roubaram equipamentos de jardinagem do clube.
Ronei Morais, funcionário do clube que reside e cuida sozinho do terreno, relatou que os dirigentes da nova gestão ainda não haviam comparecido no local até a data da visita da reportagem. O presidente Samir Namur foi procurado através da assessoria, que não respondeu.
O terreno foi comprado em 2011, na gestão de Jair Cirino (2008-11), pelo valor de R$ 1,7 milhão. Vilson Ribeiro de Andrade, ex-presidente na época e que assumiu o cargo máximo no ano seguinte, explica o motivo de o empreendimento não ter avançado.
“Queríamos negociar o Centro de Treinamentos da Graciosa [CT atual que é propriedade do clube] através de um investimento imobiliário. Desta forma, iríamos construir primeiro o novo CT ao invés apenas de vender a área da Graciosa. Mas sofremos com problemas de estrutura no Couto Pereira e tivemos que construir o Setor Pro Tork”, justifica Andrade.
“Foi um bom negócio na minha visão. Hoje a área vale muito mais do que foi pago. Como gestor, eu sou contra vender. O futuro do Coritiba precisa de um centro de treinamento moderno. Eu acho que você, como dirigente, tem que preservar a sua empresa. Seja ela qual for. E por mais dificuldades que a gestão passe, não pode abandonar o seu patrimônio”, complementa o ex-presidente.
O ex-vice-presidente Alceni Guerra, responsável pelos projetos de patrimônio do clube no mandato de Rogério Bacellar (2015-17), também defende a construção do CT e lamenta ter tido sua ideia barrada no Coritiba. “Nenhum clube do Brasil tem uma área tão especial quanto essa com 46 hectares dentro da cidade. É um bom negócio que pode se transformar no melhor CT do país. Acho que a atual diretoria não teve o tempo de cuidar do projeto”, afirma Guerra.
O último projeto do Coritiba para a construção do novo CT, apresentado na gestão Bacellar, não foi aprovado pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Os argumentos do órgão público são de que a área está localizada em uma Zona de Uso Agropecuário e de Conservação da Vida Silvestre. Porém, o próprio IAP afirma que o projeto pode ser aprovado, caso seja reapresentado em outras condições.
“Como o IAP não aprovou o projeto, nós fizemos uma proposta de fazer uma área de preservação com a inserção de todos os gêneros e espécies de araucárias no entorno do terreno. Era uma forma viável do Instituto aprovar nossa ideia. Mas não foi aceito porque o setor financeiro do clube não deixou. Mas eu deixei os projetos e fiz questão de mostrar tudo para a nova diretoria”, explica Alceni Guerra.