Adeus à 1909? Entenda por que Coritiba voltou com Diadora
Em 2018, o Coritiba seguiu um movimento do mercado e inaugurou a marca própria de materiais esportivos. Seis anos depois, o clube mudou a postura e fechou com a Diadora.
A decisão de voltar a ter um parceiro externo tem sido uma tendência entre clubes brasileiros. Fortaleza, Bahia e Criciúma, que investiram em marcas próprias no passado, também fecharam com outros parceiros recentemente.
O Fortaleza, que tinha fornecedor próprio desde 2016, fechou com a brasileira Volt no início do ano passado. O Criciúma também fechou com a marca, em 2022.
O Bahia, que contava com marca própria desde 2018, fechou com a alemã Puma a partir desta temporada.
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O Coritiba fechou com a italiana Diadora até o fim de 2029. No caso do Alviverde, o reencontro com a marca tem uma motivação a mais.
"Essa relação próxima com o torcedor aumenta o potencial de receita da parceria. A empresa passou pelo clube em um momento importante, conquistou o título da Série B e lançou diversas camisas que caíram no gosto da torcida", explica Arnaldo Garcia, diretor de marketing e negócios do clube, em entrevista ao UmDois Esportes.
Diadora tem produtora no Brasil
A Diadora forneceu os materiais esportivos do Coxa entre os anos de 2006 e 2007, quando o clube foi campeão da Série B. Dezoito anos depois, a marca volta a fabricar as camisas do clube paranaense, mas desta vez com uma produtora que já é conhecida.
A Bomache, que produz os materiais da 1909, é quem produz os da Diadora no Brasil. A diferença é que agora o clube vai discutir os modelos com a marca italiana, seguindo os padrões de qualidade da Diadora.
"A Diadora é reconhecida pela sua qualidade, inovação e compromisso com a excelência em todos os aspectos da sua produção e tem parceiros estratégicos no Brasil, sendo a Bomache um deles", afirma Garcia.
"Antigamente, as definições sobre os materiais esportivos da 1909 eram feitas em conjunto entre o clube e a Bomache. No entanto, nosso contrato com a Diadora segue as exigências globais do processo de qualidade e produção determinados por eles e este foi um dos fatores decisivos para o Coritiba optar pela Diadora", completa o diretor.
Como fica a 1909?
Fundada em agosto de 2018, a 1909 teve um boom de vendas no ano seguinte. Em quatro meses de atividade, o faturamento superou R$ 1 milhão. Na época, a receita representou um aumento de 100% em relação às antigas fornecedoras, Nike e Adidas.
Um profissional, que esteve ligado ao clube na época e que não quis se identificar, afirmou que a 1909 foi um "case extraordinário". "O Coritiba fechou o ecossistema. A loja física e virtual são do clube. O clube ganha royalties para vender seus produtos para outras lojas", afirma.
"Então você tem um sucesso financeiro extraordinário. Muito maior do que com uma Diadora, por exemplo, na minha opinião", completa.
O crescimento no faturamento se deu em um cenário nada propício. Em 2018, o Coxa não conseguiu o acesso à Série A e seguiu na Segunda Divisão. Em cenários assim, é comum o faturamento com venda de camisas e ingressos diminuir.
"Independente da marca, o importante é acertar a coleção. Dentro do que deu para observar, foi extraordinário. A partir do momento em que você opera a loja, você aumenta o volume de resultados financeiros", explica o profissional.
De acordo com o diretor de marketing do clube, a SAF ainda analisa o que será feito com a marca 1909. "O projeto da marca 1909 foi bem executado durante anos, é um patrimônio do clube e estamos avaliando alternativas para sequência do projeto", disse Garcia.
Marca própria deu liberdade ao Coritiba
A 1909 foi fundada em um momento em que marcas externas deixaram de pagar o patrocínio para os clubes, dando apenas o valor referente aos royalties. Neste cenário, o investimento em uma marca própria surgiu como uma forma de cobrir os clubes que estavam sem o valor do patrocínio.
Além do ganho financeiro, a 1909 também trouxe mais liberdade para confecção de modelos. Um exemplo disso foi o lançamento de uma camisa desenhada pelo goleiro Wilson. A 1909 também fez um concurso para que uma das camisas fosse desenhada por um torcedor. Essa liberdade pode diminuir no acordo com uma marca externa.
Estreia da Diadora será em julho
A primeira coleção com a nova fornecedora está prevista para julho deste ano. A expectativa da diretoria é um aumento no faturamento.
"A chegada de uma empresa com histórico no mercado transmite credibilidade para o nosso torcedor e conta com o potencial para gerar um incremento no número de vendas, comparado a 2023", projeta Garcia.
A ideia, segundo o diretor, é fazer mudanças também nas lojas físicas e online, expandindo o serviço. Hoje, o Coxa conta com lojas da 1909 no Couto Pereira, em shoppings centers e na internet.
"Vamos também expandir e repaginar as lojas, o que com certeza aumentará mais a venda não só de camisas como de produtos relacionados ao clube", afirma.