Os 10 maiores jogos da história do Coritiba em casa; veja eleitos – 10º ao 7º lugar
São 90 anos do estádio, da cancha, do bunker, da praça esportiva do Coritiba. Casa erguida como Estádio Belfort Duarte, nos anos 30, remodelada e rebatizada para Couto Pereira, na década de 70, o endereço no Alto da Glória é o local, imaginado e realizado em concreto armado, em que a paixão alviverde aflora, vive e explode.
Estádio inaugurado em 20 de novembro de 1932, com um triunfo do Coxa sobre o América-RJ, por 4x2, que desde então, a cada duelo jogado no local, escreve uma nova e única história. Passagens que ao longo dos 90 minutos, e das nove décadas em que a bola rolou no gramado coritibano, encheram de fantasia e emoção, na alegria e na tristeza, o coração de gerações de torcedores.
Para recordar parte da trajetória do outrora Belfort Duarte, então Couto Pereira, o UmDois Esportes convocou torcedores, ex-jogadores, dirigentes e ex-dirigentes, jornalistas, entre outras personalidades, para eleger os 10 jogos mais importantes dos 90 anos do estádio.
Foram 42 votantes (a lista completa você confere mais abaixo) e 70 jogos diferentes lembrados. E abaixo você conhece a primeira parte do top 10 com fotos históricas, ficha técnica e o comentário de personalidades que votaram no jogo para entrar entre os mais importantes da história do Coritiba!
Confira do 10º ao 7º lugar:
10º lugar: Coritiba 3x1 São Paulo -Brasileiro - 27/1/1985 - 3 votos
O primeiro capítulo da mais delirante jornada alviverde de todos os tempos: a epopeia oitentista do Brasileiro de 85, que até hoje ocupa os sonhos daqueles que viveram a época do Cometa Halley, do Retorno de Jedi, do Rock in Rio I e do drama das balas Soft.
Diante de seu torcedor, pouco mais de 18 mil pessoas, o Coxa atropelou a estrelada esquadra são-paulina, que dispunha de selecionáveis como Oscar, Nelsinho, Müller e Pita. Com apenas nove minutos, Tobi já mexeu no placar posicionado lá no alto da curva dos fundos do Couto Pereira: 1 a 0. O empate do conjunto forasteiro ocorreu com Sidnei e as duas equipes desceram os túneis para os vestiários em igualdade no marcador: 1 a 1.
O segundo tempo, entretanto, faria do intempestivo Índio o nome do embate. "Na primeira etapa, cheguei a ser odiado [foi vaiado pela torcida]. E agora saio como herói", declarou o camisa 9 coxa-branca ao final do jogo. Logo aos 4 da etapa derradeira, e aos 43, o cuiabano Valdevino José da Silva chacoalhou as redes na estreia do Nacional e, assim, assegurou o triunfo dos donos da casa.
Àquela altura, Índio sequer imaginava que, meses mais tarde, um tirambaço de falta no Maracanã o colocaria na galeria dos heróis, definitivos, da história verde e branca. Não foi um Cometa Halley.
Ouça abaixo o comentário do ex-jogador Vavá!
Galeria de fotos:
A capa da Tribuna do jogo:
"Coxa moeu sem dó"
Ficha técnica:
Coritiba
Rafael, André, Vavá, Heraldo (Gardel) e Hélcio; Marildo, Tobi e Marco Aurélio (Aragonés); Lela, Índio e Édson. Técnico: Dino Sani.
São Paulo
Abelha, Fonseca (Éder Taino), Oscar, Roberto e Nelsinho; Vizolli, Müller e Pita; Geraldo Pereira, Gílson (Pianelli) e Sidnei. Técnico: Cilinho.
Local: Couto Pereira (Curitiba).
Árbitro: Roque José Gallas (RS).
Renda: Cr$ 91.998.000,00.
Público: 18.764.
Amarelos: Édson e Rafael (C); Oscar e Vizolli (S).
Gols: Tobi (C) aos 10, e Sidnei (S), aos 35 minutos do 1º tempo; Índio (C), aos 4 e 43 minutos do 2º tempo.
9º lugar: Coritiba 2x0 União Bandeirante - Paranaense - 27/8/1989 - 4 votos
O caneco do Estadual de 1989 representou bem mais, mas muito mais, do que outra joia na extensa galeria de troféus do Coxa. Foi a conquista que marcou uma das mais talentosas equipes de todos os tempos do clube, e uma geração de apaixonados torcedores que experimentaram a ilusão do futebol naquela década.
O quarteto Serginho, Carlos Alberto Dias, Chicão e Tostão formaram, com alguma segurança, um dos melhores conjuntos ofensivos desde que Frederico Essenfelder apareceu com uma bola, para o espanto geral, numa tarde qualquer no Clube Ginástico Turnverein. Quatro craques, cada um à sua maneira, consagrados numa tarde de tempo esquisito, como parecem ser todas em Curitiba, num domingo de agosto.
O Tostão do Coxa, de futebol tão refinado quanto aquele outro, fez explodir o Alto da Glória já nos estertores do duelo fatal, aos 28 do segundo tempo. E aos 38, Chicão, o matador daquela equipe, pôs números finais em cobrança de pênalti sofrido por um japonês novato chamado Kazu que, em 2023, mais de 30 anos depois, ainda joga futebol, mas já não é mais um guri.
Ao final da temporada, o Coxa de 1989 ficaria marcado, também, pelo talvez mais infausto episódio da história do clube. Após recusar-se, amparado pelo regulamento, a atuar em Juiz de Fora pelo Nacional, o Alviverde foi subjugado pela poderosa caneta de Ricardo Teixeira, punido com o rebaixamento.
Tal episódio, que até hoje assombra as esquinas do Alto da Glória, foi o desfecho triste de uma máquina de jogar coritibana que, quando foi parar nos tribunais, encantava no Brasileiro. E se ninguém jamais saberá o que aquele time poderia ter sido, sabe-se que, no Paranaense, foi, como na música, "tudo o que você podia ser".
Ouça abaixo o comentário do jornalista Paulo Mosimann!
Veja fotos:
A capa da Tribuna:
"Cori, Cori, Cori... campeão!"
Ficha técnica:
Coritiba
Gérson; Polaco, Vica, João Pedro e Pecos; Marildo (Kazu), Osvaldo e Serginho; Carlos Alberto Dias (Roberto Gaúcho), Chicão e Tostão. Técnico: Edu Antunes Coimbra.
União Bandeirante
Devanir; Wílson, Élson, Pedro Paulo e Luiz Fernando (Romildo); Eron, Tiganá e Biro-Biro; Luiz Henrique (Vágner), Daví e Nílson. Técnico: Orlando Bianchini.
Local: Couto Pereira (Curitiba).
Árbitro: Valdemar Roberto Fonseca.
Amarelos: Tiganá, Devanir e Davi (U).
Renda: Não divulgada.
Público: 24.361.
Gols: Tostão (C), aos 28, e Chicão (C), aos 39 minutos do 2º tempo.
8º lugar: Coritiba 2x1 São Paulo - Brasileirão - 18/10/1998 - 8 votos
Todo coxa-branca garante, passados mais de 20 anos, que estava lá no Couto Pereira em 18 de outubro de 1998. E bem que pode ser verdade. Afinal, embora as catracas tenham registrado, oficialmente, 26.848 pagantes, uma promoção para o público arrastou milhares de alviverdes que, mesmo com a bola rolando, espalhavam-se em filas que costuravam os bairros próximos, sedentos por um palmo de concreto dentro do Alto da Glória.
Especula-se que o público que conseguiu entrar superou 50 mil pessoas, com o benefício a mulheres e menores de idade, que não pagaram ingressos. E a massa alviverde, como não poderia ser diferente, empurrou o Coxa para mais um triunfo no Brasileiro. Uma virada trepidante que fez os gritos de gol ecoarem até os pés da Serra do Mar.
França abriu o placar para os são-paulinos aos 15 minutos, de cabeça, e pôs dezenas de milhares de coxas em suspense absoluto. O empate alviverde veio somente aos 36, com Sandoval, em toque de calcanhar fulgurante de João Santos, também conhecido como Mestre João.
A virada viria mais tarde, já na etapa final. E teria que vir, de qualquer jeito. Após bacubufo no caterefofo na área tricolor, o volante Struway, que não era dado a lances de grande plástica, resolveu como se tivesse incorporado a categoria do conterrâneo Romerito. Invadiu a zona de perigo, um corte seco no adversário e o arremate, com a parte de fora do pé, fazendo a bola fugir do alcance, inapelavelmente, de um Rogério Ceni, mesmo novo, já chato: 2 a 1.
Galeria de fotos:
Ouça abaixo o comentário do jornalista Guilherme de Paula!
A capa da Tribuna:
"Coxa é o nome da alegria!"
Ficha técnica:
Coritiba
Régis; Márcio Goiano, Gélson Baresi, Luiz Carlos e Célio Lúcio; Rubens Júnior, Struway, João Santos e Sandoval; Sinval (Cléber Arado) e Macedo. Técnico: Dario Pereyra.
São Paulo
Rogério Ceni; Belletti, Márcio Santos, Bordon e Fábio Aurélio; Capitão, Edmílson, Fabiano e Serginho; França (Marcelinho Paraíba) e Dodô. Técnico: Mário Sérgio.
Local: Couto Pereira (Curitiba).
Árbitro: Sidrack Marinho dos Santos.
Renda: não divulgada.
Público: 26.848 pagantes.
Vermelho: Belletti (S).
Gols: França (S), aos 15, Sandoval (C), aos 36 minutos do 1º tempo; Struway (C), aos 15 minutos do 2º tempo.
7º lugar: Coritiba 3x2 Vasco- Copa do Brasil - 8/6/2011 - 9 votos
Quando o Coxa luta até o fim, quando a camisa alviverde sai encharcada de suor, quando a torcida que nunca abandona não para de cantar, mesmo uma das maiores tristezas em cem anos de história é lembrada entre os maiores jogos que o Couto Pereira já assistiu. Futebol é assim, certo? Não se explica, se sente.
No duelo de ida pela finalíssima da Copa do Brasil, o Alviverde acabou batido por 1 a 0 em São Januário. E o gol que Alecsandro marcou, logo aos 9 minutos do confronto de volta, em Curitiba, abrindo dois tentos de vantagem para os vascaínos, pôs em xeque até os mais esperançosos coxas-brancas.
Mas aquele Coritiba não era comum. Chegou até a decisão com oito vitórias, numa delas esculhambou o Palmeiras por 6x0, mais um empate e uma derrota. E na descida para o intervalo, com a virada por 2 a 1, gols anotados por Bill e Davi, até o mais incrédulo coxa-branca acreditava no título piamente.
O destino, entretanto, como se sabe, pode ser bastante cruel. E o roteiro daquela noite reservaria papel ingrato ao goleiro Édson Bastos, o quarto arqueiro a ostentar mais vezes o manto alviverde. Éder Luis, aos 12, chutou de longe, a bola fez leve curva e ludibriou o camisa 1 que, das 202 vezes em que atuou pelo Coxa, gostaria de esquecer a quarta-feira de junho de 2011.
Forjado no clube, Willian Farias sabia que, enquanto há tempo, há vida, e aos 22 acertou um míssil que foi explodir no ângulo de Fernando Prass. Mais um gol, e o Coxa ficaria com a taça. Mas, então, se os minutos não foram suficientes para completar a virada, sempre haverá a chance para lembrar de um time de categoria e, como entrou para a história, alma guerreira.
Ouça abaixo o comentário do ex-goleiro Vanderlei!
Galeria de fotos:
A capa da Tribuna:
"Sensacional"
Ficha técnica:
Coritiba
Édson Bastos; Jonas, Demerson, Emerson e Lucas Mendes (Eltinho); William, Léo Gago (Marcos Aurélio), Marcos Paulo (Leonardo), Rafinha e Davi; Bill. Técnico: Marcelo Oliveira.
Vasco
Fernando Prass; Allan, Dedé, Anderson Martins e Ramon; Rômulo, Eduardo Costa, Felipe (Jumar) e Diego Souza (Bernardo); Éder Luis e Alecsandro. Técnico: Ricardo Gomes.
Local: Couto Pereira (Curitiba).
Árbitro: Salvio Spinola Fagundes Filho (SP).
Auxiliares: Alessandro A. Rocha de Matos e Emerson Augusto de Carvalho.
Amarelos: Léo Gago, Bill e Leonardo (C); Éder Luis, Eduardo Costa, Felipe e Jumar (V).
Renda: não divulgada.
Público: 31.516 pagantes.
Gols: Alecsandro (V), aos 11, Bill (C), aos 29, Davi (C), aos 44 minutos do 1º tempo; Éder Luís (V), aos 12, e Willian (C), aos 21 minutos do 2º tempo.
Os 10 maiores jogos da história do Coritiba em casa; veja eleitos – do 6º ao 4º lugar
Os 10 maiores jogos da história do Coritiba em casa; veja eleitos – 3º ao 1º lugar
Todos os votantes:
Glenn Stenger (presidente), Rafael Cammarota (ex-jogador), Guilherme de Paula (jornalista), Luiz Espeto (torcedor e ex-dirigente), Vavá (ex-jogador), Marcelo Oliveira (ex-técnico), Édson Mauad (ex-presidente), João Carlos Vialle (ex-dirigente), Leonardo Mendes Júnior (jornalista), Fernando Prass (ex-goleiro), Luiz Bettenheuser (torcedor), Wanderlei Silva (torcedor), Leandro Requena (torcedor), Carneiro Neto (jornalista), Augusto Mafuz (jornalista), Rodrigo Weinhardt (ex-assessor de imprensa), Rodrigo Papov (torcedor), Juarez Moraes e Silva (presidente afastado), Nadja Mauad (jornalista), Luizão Stellfed (torcedor), Tostão (ex-jogador), Joel Malucelli (ex-presidente), Heraldo (ex-jogador), Ademir Alcântara (ex-jogador), Jacob Mehl (ex-presidente), Valmir Gomes (jornalista), Pachequinho (ex-jogador e ex-técnico), Capitão Hidaldo (ex-jogador e jornalista), Keirrison (ex-jogador), Giovani Gionédis (ex-presidente), Alex (ex-jogador), Serginho (ex-jogador e jornalista), Guilherme Straube (historiador), André (ex-jogador), Wilson (ex-jogador), Paulo Mosimann (jornalista e assessor), Rodrigo Fernandes (jornalista), Cristian Toledo (jornalista), Pierpaolo Petruzziello (torcedor), Édson Militão (jornalista), Tcheco (ex-jogador) e Edu Brasil (jornalista).