Como vai funcionar o investimento da Treecorp no futebol do Coritiba?
O contrato de venda da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Coritiba para o fundo de investimentos Treecorp prevê um valor mínimo de investimento anual no futebol do clube. Esse montante é de R$ 120 milhões por temporada, mas pode variar de acordo com alguns cenários.
Assim que o acordo for oficializado – ainda faltam as aprovações do Conselho Deliberativo, da Assembleia de Sócios e também do juízo da Recuperação Judicial (RJ) –, o fundo terá no máximo dez anos para injetar no mínimo R$ 450 milhões exclusivamente para folha salarial e contratações de jogadores.
Após a utilização total desse "caixa", o investimento mínimo por temporada na elite passa a ser de 50% da receita do clube – isso pode acontecer antes caso a receita supere os R$ 120 milhões exigidos por contrato.
Sem a SAF, o Coxa já tem em 2023 um orçamento recorde, justamente balizado em R$ 120 milhões. Em um cenário positivo, o fundo que controlará o time usará o dinheiro prometido para elevar o nível de gastos diretos com o futebol.
Já em um cenário negativo, Treecorp gastaria esse montante até ao menos igualar a meta de investimento prevista contratualmente na venda da SAF.
E o que acontece na hipótese de rebaixamento?
Caso o Alviverde seja rebaixado para a Série B, por exemplo, a obrigação dos donos muda drasticamente. A queda de investimento seria de 58%, para um patamar de ao menos R$ 50 milhões por temporada.
Se isso acontecesse após os esgotamento do "caixa" de R$ 450 milhões citados acima, não há outro valor especificado em contrato, apenas a citação de montagem de elenco capaz de conseguir o acesso à Série A novamente.
Cláusula de proteção
Um ponto interessante sobre no contrato do Coritiba com a Treecorp é a quanto à venda de jogadores, o principal ativo de qualquer equipe de futebol.
Todos os atletas vinculados ao Coxa até 31 de março de 2023 estão "protegidos" por uma cláusula que prevê que os valores arrecadados em eventuais negociações devem ser reinvestidos no time futebol.
Ou seja, o fundo de investimentos pode lucrar (e retirar dividendos) apenas de atletas trazidos a partir do início de sua gestão. Caso os pratas da casa Natanael e Kaio Cesar, por exemplo, sejam vendidos, os valores dessas vendas retornam 100% em investimento para contratações ou salários de atletas.
A mesma situação vale para o acordo de direitos de transmissão que o Alviverde está muito próximo de receber como membro da Liga Forte Futebol, que fechou com a gestora brasileira Life Capital Partners e a norte-americana Serengeti Asset Management a venda dos direitos a partir de 2025.
Qualquer receita dessa origem também deve ser reinvestida diretamente no futebol coxa-branca, não podendo gerar lucro para o fundo de investimentos.