“Carrasco em Atletibas”, Geraldo fala de identificação com o Coritiba e possível volta
O carrasco de Atletibas. Quando se fala no nome de Geraldo, esta é a primeira lembrança que vem na cabeça dos torcedores do Coritiba. O atacante angolano, que passou pelo clube entre 2010 e 2014, marcou, ao todo, 13 gols pelo time. Quatro deles em cima do maior rival.
"Em qualquer lugar que eu passe, uma das coisas que mais ficam marcadas na memória do torcedor é o fato de eu ter feito gols em Atletibas. E não foram apenas gols, mas em finais e acabaram em conquistas de títulos. Isso marca muito", disse Geraldo, em entrevista ao UmDois Esportes.
Oito anos já se passaram desde sua saída do Coxa. Desde então, passou por Red Bull Brasil, Atlético-GO, voltou para a Angola, foi para o Egito e desde 2020 está na Turquia. Jogou pelo Ankaragüçu e em junho assinou com o Umraniyespor.
Porém, mesmo com tanto tempo desde aquela passagem, Geraldo ainda tem um reconhecimento muito grande por parte da torcida. Principalmente por não terem sido simples gols, como ele mesmo recordou. Marcou no jogo do título do Campeonato Paranaense de 2010, nas duas finais de 2013 e ainda o da vitória no Brasileirão daquele mesmo ano.
"Era um time muito bom, um elenco que se conectava, jogava muito fácil. Foi um dos melhores momentos que tive na minha carreira. Essa ligação com a torcida mexeu muito comigo. A minha volta ao estádio agora me fez entender que se for voltar, tem que ser no Coritiba. Mesmo que eu não volte, a ligação será eterna", afirmou.
O jogador esteve no Couto Pereira no fim de maio. Acompanhou com a torcida e com Rafinha a vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo, pelo Brasileirão. Mas o contato com o Alviverde é quase que diário.
"Sempre tive uma relação muito boa com o clube. Tenho amigos que estão lá, o Rafinha, que se aposentou, Robinho, Willian Farias… Eu estou na Turquia mas sempre acompanho de longe, vejo os jogos. Fui ao Couto Pereira a convite do Rafinha. Reviver isso acende uma chama, uma vontade enorme de voltar ao clube. Será uma ligação para sempre", ressaltou ele.
Possível volta de Geraldo às origens?
Ligação que começou, curiosamente, graças a um atual dirigente do Coritiba. Foi o head desportivo do Coxa, René Simões, o responsável por trazer Geraldo ao clube, em 2009, quando ainda era o treinador da equipe.
"Quem me trouxe ao Coritiba foi o René Simões. Fiz um amistoso com o Coritiba, eu estava no juvenil do Andraus, fomos jogar a Taça São Paulo, em 2009, fizemos um amistoso antes, o René era o treinador do Coritiba na época, ele me viu e me trouxe para a base", contou o atleta.
No ano seguinte, com o Alviverde na Série B e Ney Franco no comando, Geraldo passou a ter suas primeiras oportunidades. Era uma espécie de 12º jogador, entrando quase sempre no decorrer das partidas. Aos poucos, foi ganhando mais espaço.
Jogou, no total, 109 jogos com a camisa coxa-branca. Número que, se depender dele, futuramente, pode aumentar. E que, por pouco, já não aconteceu antes.
"Já existiram algumas vontades de voltar, minha e da diretoria passada. Mas por algumas questões acabou não se concretizando. Eu tinha contratos longos, os clubes não queriam liberar", revelou Geraldo.
Passagem pelo Paraná não foi das melhores
Uma identificação de mais de cinco anos que teve um pequeno intervalo. Em 2012, o atacante acabou emprestado ao Paraná para a disputa da Série B. Uma experiência que ele próprio admite que não foi muito boa - foram 18 partidas e nenhum gol -, mas que foi importante para ele se recuperar.
"Eu tive uma passagem que não foi muito boa. Eu estava voltando de lesão, fiquei muito tempo parado e eu próprio sabia que não teria uma boa performance. Não voltei muito bem, então essa passagem pelo Paraná foi mais para recuperar a minha confiança no futebol", relembrou.
"Eu entendi o momento do clube. Não queria fazer essa transição, sair do Coritiba, mas entendi o momento. Eu precisava jogar e o time estava indo bem e eu acabei perdendo espaço. Então para eu continuar jogar, fui para lá para recuperar meu futebol e sou grato ao Paraná", completou o angolano.
De qualquer forma, o carinho entre jogador e Coritiba continua. Tanto que ele não descarta voltar futuramente. Aos 31 anos, ele assinou com o Umraniyespor por duas temporadas. Depois, livre no mercado, não descarta vestir a camisa alviviverde novamente.
"Se for para jogar no Brasil, só jogaria no Coritiba. Já recebi propostas de outros clubes para voltar, mas não tive interesse. O único lugar que me faria voltar é o Coritiba", garantiu ele.
Mais experiente e tático. Geraldo mudou forma de jogar com passagens por Angola, Egito e Turquia
E se caso um dia voltar, o torcedor coxa-branca pode esperar um Geraldo bem diferente. Esqueça aquele menino que pegava a bola e partia para cima do adversário em velocidade. O período no futebol africano e na Europa fizeram ele mudar um pouco o seu estilo de jogar.
Enfrentando campeonatos mais pegados e disputados, o atleta "sofreu" com a marcação dos adversários, principalmente em Angola. Um mercado bem diferente, mas para o qual ele foi para poder jogar em casa.
"Eu quis sair do Brasil. Na época, eu tive uma proposta do Braga, de Portugal, e de voltar para a Angola. Eu nunca tinha jogado na Angola, eu tinha muita vontade de jogar lá, jogava pela seleção, sentia a atmosfera e resolvi dar este passo para ver como seria", destacou.
Por lá, passou quatro temporadas no 1º de Agosto. Neste período, ganhou quatro vezes o Campeonato Angolano e mais uma Supertaça da Angola. Foram 31 gols em 92 jogos. Apesar de uma fase mais artilheira, sofreu mais do que no Brasil.
"É um futebol mais pegado. Os atacantes sofrem lá, os caras batem muito. É muito fora da realidade, totalmente diferente, mas a experiência foi boa, não foi difícil me adaptar. Jogava com alguns jogadores na seleção, então eles me ajudaram", contou ele.
Depois, foram dois anos e meio no Al Ahly, do Egito. Em um dos maiores clubes do continente africano, ganhou dois campeonatos nacionais, uma Copa do Egito e duas Champions League da África. Não chegou a disputar o Mundial de Clubes, mas a vitrine por lá despertou o interesse do futebol europeu.
Em 2020, acertou com o Ankaragüçu, da Turquia, onde passou a ter uma outra mudança na forma de jogar, trabalhando mais taticamente.
"A questão tática pega muito, principalmente quem joga no Brasil. Na Europa eu aprendi muito nessa passagem essa questão tática. Isso evoluiu muito o meu futebol, questão de espaço, de drible. Antes eu queria driblar todo mundo, agora sei o momento certo", explicou.
"Me sinto melhor, mais completo, mais experiente. Diferente de alguns anos atrás. Joguei a segunda divisão (da Turquia) agora, fomos campeões e subimos. Troquei de time agora e será algo fantástico para mim jogar a primeira divisão", acrescentou Geraldo.