Atletiba teve segundo pior público do Coritiba no Brasileirão; torcedores relatam medo de conflitos
Em dia de clássico, no último domingo (1), o Coritiba registrou o segundo pior público do Couto Pereira no Brasileirão neste ano. Na vitória sobre o Athletico, por 2 a 0, 20.992 torcedores estiveram presentes (18.817 pagantes). O menor público do Couto no campeonato foi na derrota para o Atlético-MG, em maio.
Na partida contra o Galo, 20.047 torcedores foram ao estádio (18.275 pagantes). Na ocasião, o Coxa vinha da derrota de virada no Atletiba, na Arena da Baixada, e acumulava oito jogos sem vencer.
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Os cenários que levaram ao baixo público são semelhantes. Antes do Atletiba, o Coritiba vinha de uma sequência de oito derrotas. Contra o Atlético-MG, em maio, o Alviverde acumulava oito jogos sem vencer e havia acabado de perder de virada para o maior rival.
Além do cenário negativo, o clássico teve um fator a mais que afastou alguns torcedores: o medo. Na semana que antecedeu a partida, os muros do Couto Pereira foram pichados com protestos, xingamentos e até mesmo com o número 2009, ano em que o Coxa foi rebaixado e o Couto foi palco de invasões e violência, com 17 pessoas feridas.
Com medo de violência, torcedores acompanharam Atletiba longe do Couto
O engenheiro Jefferson Chapieski, 56, decidiu há anos que não frequentaria mais os clássicos, seja no Couto ou na Arena. Torcedor do Coritiba, ele assistiu a vitória em casa, no domingo.
"Já há alguns anos tenho evitado ir ao estádio em clássicos, principalmente pela questão da segurança. Não propriamente no estádio, mas no caminho", afirmou.
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O torcedor destacou os casos de violência nas ruas, que aconteceram durante o dia da partida em vários bairros da cidade. "Houve diversos casos de agressão a torcedores nas ruas, pontos de ônibus, o risco de confusão é muito grande, prefiro evitar", disse.
A gerente comercial, Cibele Lara, 34, vai ao estádio desde 2007, mas com a péssima campanha do Coritiba neste ano, preferiu se ausentar no clássico.
"Não tem como negar que estamos em uma situação ruim. Por mais que eu seja muito otimista e assista aos jogos pensando na vitória, tive receio de acontecer algo ao redor do Couto Pereira num placar ruim. Quando saíram rumores de que fechariam o primeiro anel e a torcida ficou meio impaciente com isso nas redes sociais, senti o clima pesar", contou a torcedora.
Cibele assistiu a partida em casa, ao lado do pai, que sempre busca a torcedora no Couto Pereira depois dos jogos. "Meu pai sempre me busca e fica distante me esperando, mas mesmo assim pensei na segurança dele me esperando dentro do carro e na minha ao sair do estádio", afirmou.
Na torcida visitante, alguns torcedores do Athletico nem entraram na disputa para conseguir comprar ingressos, que esgotaram rapidamente no dia da abertura das vendas.
A publicitária Maryane Vitória Souza, 27, preferiu assistir ao clássico em "território atleticano", no Boulevard da Ligga Arena. Segundo ela, o marido já sofreu agressões no Atletiba e, por isso, ela prefere evitar a presença no clássico.
"Desde o princípio não quis nem me mexer [para comprar o ingresso]. Meu marido já apanhou no meio da confusão uma vez", lamentou a torcedora.
Mesmo com o receio de violência e invasão, que levou a diretoria do Coritiba a aumentar a segurança a inserir barreiras perto das arquibancadas, dentro do estádio, a partida foi tranquila entre as duas torcidas.
Com a vitória e a tranquilidade entre as duas torcidas, Jefferson chegou a ficar com vontade de estar no estádio. "Até me arrependi de não ter ido, porque o Coxa ganhou, surpreendentemente", brincou.