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Alemão de Bangu, goleador e imprevisível: quem é Rodrigo Pinho, aposta de gols do Coxa

Por
Fernando Rudnick
21/12/2022 19:44 - Atualizado: 04/10/2023 23:07
Ex-Benfica, Rodrigo Pinho é reforço do Coritiba para 2023.
Ex-Benfica, Rodrigo Pinho é reforço do Coritiba para 2023.

Reforço do Coritiba para 2023, o atacante Rodrigo Pinho, ex-Benfica, chega ao clube com missão dupla: se apresentar ao futebol brasileiro e se tornar o homem-gol que a torcida coxa-branca tanto espera para a próxima temporada.

Pouco conhecido em seu país de origem, o jogador de 31 anos passou quase uma década na Europa antes de ser comprado pelo Alviverde, em um movimento incomum de mercado. Conheça a história e as características do camisa 9.

Alemão de Bangu

Pinho é brasileiro, um típico carioca criado em Bangu. Sua certidão de nascimento, contudo, aponta a pequena Henstedt-Ulzburg, nas proximidades de Hamburgo, maior cidade do Norte da Alemanha, como cidade natal.

“Eu me transferi em 1990 para o Hamburgo. Casei, levei minha esposa e ele nasceu lá, em maio de 1991”, conta o pai, o ex-jogador de Bangu, Flamengo e Internacional Nando Pinho.

Como é filho de pais brasileiros, Rodrigo não tem passaporte alemão, o que não foi problema para fazer carreira em Portugal.

Após fazer a maior parte da categorias de base no Bangu e defender ainda Cabofriense e Madureira, onde foi vice-artilheiro do Carioca de 2015, o atacante rumou à Europa aos 23 anos de idade, em 2015.

Mas não brilhou logo de cara. Entre poucas partidas pelo time principal e B do Braga e um empréstimo ao Nacional, da Ilha da Madeira, Pinho voltou ao arquipélago onde nasceu Cristiano Ronaldo na temporada 2017/2018.

Pinho foi goleador no Marítimo. Foto: Estela Silva/Lusa
Pinho foi goleador no Marítimo. Foto: Estela Silva/Lusa

Goleador inteligente

Foi no Marítimo que ele se consolidou como goleador. Balançou as redes 39 vezes em quatro temporadas, chamando a atenção dos grandes portugueses Benfica, Porto e Sporting.

“Só tenho coisas boas para falar. Além de ser um menino muito discreto, calmo e tranquilo dentro do vestiário, dentro de campo é um jogador extremamente inteligente, bom finalizador”, descreve o técnico brasileiro Milton Mendes, ex-Athletico, que comandou o centroavante em seu auge.

“Ele gosta de receber a bola em profundidade, mas também sabe buscar no meio-campo, joga entre linhas. Na frente do goleiro, de dez bolas ele faz oito”, completa Mendes.

Em janeiro de 2021, Rodrigo Pinho assinou pré-contrato com os Encarnados para um acordo de cinco temporadas, com luvas de 800 mil euros, cerca de R$ 4,9 milhões na época.

Lesão séria

Em Lisboa, o atacante não teve tempo de mostrar sua capacidade. Foram apenas três partidas disputadas pelo Benfica – e um gol marcado – antes de Rodrigo Pinho sofrer a lesão mais série de sua carreira.

Em outubro de 2021, rompeu ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo e precisou passar por cirurgia. O retorno, quase seis meses depois, aconteceu em março deste ano, jogando pelo Benfica B.

Logo de cara, marcou duas vezes contra o Leixões, pela Segunda Divisão. Foram mais duas partidas pelo time secundário dos Encarnados (com outro gol e uma assistência) e ainda seis duelos disputados na equipe principal, totalizando 260 minutos em campo desde que se machucou.

Rodrigo Pinho defendeu o Benfica contra o PSG de Mbappé. Foto: Instagram/Reprodução
Rodrigo Pinho defendeu o Benfica contra o PSG de Mbappé. Foto: Instagram/Reprodução

Deste tempo, 14 minutos aconteceram nos dois empates contra o PSG, pela Liga dos Campeões. Na ocasião, o técnico alemão Roger Schmidt justificou a utilização do jogador com elogios ao brasileiro.

"Ele é muito rápido, muito bom finalizador e pensei que talvez precisássemos esse tipo de atacante no fim do jogo contra o Paris. Por isso o coloquei. Ele também pode criar  jogadas com sua velocidade e sua qualidade na bola, ter bons momentos. Acho que ele teve um ótimo momento quando conseguiu uma falta no último segundo. É um jogador muito bom, acredito nele e espero que possa mostrar que pode fazer bons jogos pelo Benfica”, afirmou o treinador.

Por que o Coritiba?

A vinda para o Coritiba surpreendeu. O Coxa desembolsou valor importante – a quantia não foi revelada, mas está entre as maiores compras da história do clube – para tirar uma peça do elenco de um gigante português.

Para o Benfica, que não gastou nada com a compra do brasileiro, o negócio fazia sentido. O clube precisa dar tempo de jogo a jovens atacantes que pretende rentabilizar no futuro e, nessa hierarquia, Pinho teria chances reduzidas de jogar com a frequência que deseja.

Além de tudo, um eventual retorno ao Brasil não era visto como um próximo passo de carreira ruim para os planos do atacante.

“Ele estava há sete anos e meio na Europa e essa ideia de voltar já estava na cabeça dele há algum tempo. Como tinha contrato com o Benfica e queria disputar uma Champions, foi adiando”, explica o pai do jogador.

“Mas durante a Copa do Mundo ele esteve no Brasil e os empresários começaram a ver essa situação de voltar. Ele gostou do projeto e o treinador também conhece bastante o Rodrigo, algo que foi um peso importante para a escolha”, prossegue.

Anunciado pelo Coxa há pouco mais de uma semana, o português António Oliveira obviamente conhece bem as características do novo reforço alviverde, fator que facilitou o acordo.

O Botafogo era outro interessado no centroavante canhoto, mas o esforço demonstrado pelo time coxa-branca, o contrato de duas temporadas e meia (com opção de prorrogação por mais uma) pesaram na decisão.

Para o jornalista luso Nuno Travassos, do site Maisfutebol, o atacante pode se tornar um nome importante no time paranaense.

"Acredito que se ele estiver bem fisicamente pode ser um bom reforço. É um jogador tecnicamente evoluído, que já mostrou que pode jogar sozinho na frente, como um típico 9, ou ao lado de outro jogador, em um 4-4-2. Ele tem qualidade técnica para jogar com alguma liberdade, como segundo avançado. Se conseguir escapar às lesões, penso que pode ser uma boa opção para António Oliveira”, resume.

“Ele precisa de alguém no meio-campo que faça as ligações, os passes entre linhas e que se aproxime para tabelar”, reforça Milton Mendes.

“O Rodrigo é muito inteligente, lembre dessa frase. As movimentações dele são inteligentes, é um atacante imprevisível, que faz coisas que ninguém espera”, fecha o treinador.

Ficha técnica

Nome completo: Rodrigo Cunha Pereira de Pinho.
Nascimento: 30/05/1991 (Henstedt-Ulzburg, Alemanha).
Posição: atacante.
Altura: 1,86m.
Carreira: Bangu, Cabofriense, Madureira, Braga-POR, Nacional-POR, Marítimo-POR, Benfica-POR.

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Fernando Rudnick é formado em jornalismo e pós-graduado em comunicação esportiva. Sempre repórter, começou a cobrir o dia a dia dos times paranaenses em 2009, quando entrou na Gazeta do Povo. Atualmente, é coordenador do UmDois Es...

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