Acesso, crise e quase 100 jogos: a passagem de Morínigo no Coritiba
Da desconfiança ao retorno à elite, do título estadual à derrocada no Brasileirão. O paraguaio Gustavo Morínigo viveu de tudo em passagem quase centenária pelo Coritiba.
Demitido após comandar o Coxa em 99 partidas, o técnico deixa o clube como um dos mais longevos da história alviverde.
Nono treinador com mais jogos do Coxa, o paraguaio ficou a um jogo de chegar à marca centenária só atingida pelo lendário Félix Magno (único a superar 200 jogos no comando do clube), pelo ídolo Dirceu Krüger e ainda por Marcelo Oliveira, Paulo César Carpegiani, Tim, Paulo Bonamigo, Marquinhos Santos e Ney Franco.
Morínigo deixa o clube com um aproveitamento de 50,8%. Foram 43 vitórias, 22 empates e 34 derrotas, com 130 gols marcados e 112 contra.
Ilustre desconhecido na chegada
Contratado em janeiro de 2021, ainda para a reta final da Série A de 2020, atrasada pela pandemia da Covid-19, Morínigo chegou ao Couto Pereira sem pompas, assumindo uma equipe que já estava fadada ao rebaixamento.
Praticamente desconhecido no futebol brasileiro, mesmo em sua carreira como meia, que inclui a disputa da Copa do Mundo de 2002 defendendo o Paraguai, sem o mesmo brilho nos gramados que seu auxiliar técnico Roberto “Toro” Acuña – foram 18 minutos em campo no empate em 2 a 2 com a África do Sul contra dez jogos de seu assistente em três edições do Mundial: 1998, 2002 e 2006 –, Morínigo foi uma aposta ousada do presidente Renato Follador, que iniciava seu mandato no Coritiba.
Início turbulento com eliminação precoce no Paranaense
O início da passagem do treinador pelo Coxa foi turbulento, graças à eliminação ainda na primeira fase do Campeonato Paranaense de 2021, com um modesto nono lugar, uma posição abaixo da necessária para seguir na competição.
Na época, Morínigo só foi mantido no cargo porque a diretoria cumpriu com a palavra dada por Follador, então já hospitalizado em decorrência da infecção pelo Covid-19 que resultaria em sua morte, de que não haveria mudança de comando independentemente dos resultados de campo.
Volta por cima com retorno à Série A e título estadual
Decisão que posteriormente se mostraria acertada, com o técnico conduzindo a equipe em uma campanha segura na Série B, garantindo o retorno à elite do futebol nacional com o 3º lugar.
O bom desempenho na competição nacional foi mais do que suficiente para que a diretoria, agora comandada por Juarez Moraes e Silva, optasse pela permanência de Morínigo por mais uma temporada.
E 2022 teve início com o Coxa voltando a conquistar o Estadual após cinco anos de jejum, passando pelas duas primeiras fases da Copa do Brasil e apresentando um bom rendimento nas rodadas iniciais do Brasileirão – chegou a figurar no G4 da competição.
Queda de rendimento e entrada na ZR definem queda
Mas a partir daí faltou fôlego ao time, que foi eliminado pelo Santos na Copa do Brasil e caiu assustadoramente de produção no Brasileirão. Queda que levou o Coxa a entrar na ZR após a derrota para o Atlético-MG, por 1 a 0, no Couto Pereira. Foi a terceira derrota seguida do time, a segunda consecutiva no Couto, pondo fim a passagem do treinador, comunicada em um pronunciamento de Juarez Moraes e Silva.
"A gente está comunicando oficialmente uma mudança na comissão técnica e no que a gente chama de head esportivo. Então, tanto a comissão técnica liderada pelo Gustavo Morínigo, quanto o head, de responsabilidade até então do René Simões, a diretoria decidiu fazer essa mudança. A gente gostaria de agradecer imensamente aos profissionais, toda a comissão, e também o René por toda a entrega, dedicação que tiveram nesse tempo", afirmou o presidente do clube.
Confira o top-10 de técnicos do Coritiba:
▪︎ Félix Magno - 201 jogos
▪︎ Dirceu Krüger - 185 jogos
▪︎ Marcelo Oliveira - 153 jogos
▪︎ Paulo César Carpegiani - 126 jogos
▪︎ Tim - 126 jogos
▪︎ Paulo Bonamigo - 123 jogos
▪︎ Marquinhos Santos - 123 jogos
▪︎ Ney Franco - 111 jogos
▪︎ Gustavo Morínigo - 99 jogos
▪︎ Antônio Lopes - 96 jogos