100 dias de crise: relembre o que aconteceu no Coxa desde a homologação da venda da SAF
Há exatos cem dias a juíza Luciana Pereira Ramos, da 2ª Vara de Falências de Recuperação Judicial de Curitiba, homologou a negociação que vendeu 90% da SAF do Coritiba para o fundo de investimentos Treecorp.
De lá para cá, o Coxa teve baixas no elenco, contratou reforços, realizou trocas no comando técnico e investiu em feng shui e coaching para tentar colocar o clube no prumo, mas nada disso adiantou para melhorar a situação na temporada.
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No Brasileirão, o que já era ruim, piorou. Em maio, quando a SAF foi homologada, o Coritiba era lanterna do campeonato e, com três pontos, ainda não havia vencido. Agora, o clube segue na última posição, mas tem sequência pior: 8 derrotas seguidas.
De acordo com o CEO do clube, Carlos Amodeo, esse é um momento de avaliação das ações da SAF, que chega ao clássico Atletiba deste domingo (1º), no Couto Pereira, com uma pressão absurda da torcida.
O próprio dirigente é alvo das críticas, assim como o head esportivo Artur Moraes – ambos não deve continuar no clube, segundo manifestações de torcedores.
"Futebol é algo que a gente precisa medir todos os dias, e o mais importante é que a gente precisa enxergar evolução em tudo o que estamos fazendo. Esse é momento que estamos vivendo, um momento de aferição e avaliação de todas as modificações que nós estamos fazendo para que a gente possa ter a certeza que a gente segue no caminho certo", disse Amodeo à Rádio Transamerica.
Embora tenha participação anterior na contratação de atletas e treinadores, a primeira medida oficial da SAF foi afastar os atacantes William Pottker e Matheus Cadorini, o volante Juan Diaz, o zagueiro Jhon Chancellor e o goleiro Sidnei dos treinamentos do elenco principal.
Isso aconteceu em maio, quando o Brasileirão ainda estava no início.
Pouco mais de um mês da homologação da SAF, o técnico Antônio Carlos Zago foi demitido pela diretoria coxa-branca. Zago deu uma entrevista explosiva após a derrota por 5 a 1 contra o Grêmio.
Na ocasião, o treinador criticou os comandados: "Se não chegarem reforços para qualificar o elenco, vai para a Série B rapidinho". Com a queda de Zago, Thiago Kosloski assumiu o Coritiba interinamente.
Naquele mês, o Coritiba rescindiu o contrato com os atletas Júnior Urso, Juan Díaz, Jesús Trindade e William Pottker. Jesús Trindade era investigado pela Operação Penalidade Máxima e, por isso, foi afastado. O atleta foi absolvido pela Justiça Desportiva na última quinta (28).
Com o jejum de vitórias que o Coritiba passava, a Treecorp Investimentos contratou a terapeuta corporal e consultora de feng shui, Katia Gonzalez, que visitou o CT da Graciosa e o Couto Pereira para sugerir mudanças baseadas na técnica milenar chinesa. A terapeuta sugeriu a mudança na cor do fosso do estádio, que se tornou verde claro.
Em julho, o Coritiba teve um respiro no campeonato e, com Kosloski no comando, teve a primeira sequência positiva no Brasileirão. Interino, o técnico emendou três vitória e um empate e chegou a ficar a um ponto de deixar a zona de rebaixamento. Com a sequência, Thiago Kosloski foi efetivado.
Com a abertura da janela de transferência, a SAF contratou oito jogadores: o zagueiro Reynaldo, o lateral-direito Hayner, os volantes Fransérgio e Sebastian Gómez, e os atacantes Edu, Maurício Garcez, Diogo Oliveira e Lucas Barbosa.
Foi em julho também que o atacante Alef Manga foi emprestado ao Pafos FC, depois de virar réu na Operação Penalidade Máxima. O atleta está suspenso por 360 dias do futebol brasileiro, punição que foi mantida na última decisão da Justiça Desportiva, divulgada na última quarta-feira (27).
Depois do fim da janela brasileira, a SAF foi atrás de reforços no mercado internacional. Com a busca, o clube trouxe o atacante Islam Slimani e Andreas Samaris para compor o elenco.
Slimani foi recebido pela torcida no aeroporto com festa. Na última partida, fez seu primeiro gol com a camisa coxa-branca, na derrota por 2 a 1 contra o São Paulo.
Em agosto, iniciou a série de resultado negativos, que chegaram a oito derrotas seguidas no último jogo, contra o São Paulo. A torcida organizada do Coritiba, Império Alviverde, chegou a convocar um protesto na frente do CT da Graciosa, mas ele foi cancelado depois que o elenco recebeu folga na mesma data.
Neste mês, o Coritiba chegou à pior marca de derrotas da hitória, com oito seguidas. Desde 2005, a equipe não tinha resultados tão ruins. Depois da última derrota, contra o São Paulo, a torcida pichou o Couto Pereira em protesto à péssima fase.
Com o cenário negativo, o CEO do Coxa, Carlos Amodeo, afirmou que é a última vez que o clube vai sofrer na Série A.
"Este será o último Campeonato Brasileiro que o Coritiba vai jogar para não cair para a Série B ou para se manter na Série A. Se a gente tiver que dar um passo para trás e trabalhar no ano que vem pela retomada na Série A, nós vamos trabalhar isso de forma consistente para transformar esse clube num clube sólido, forte e competitivo", afirmou em entrevista ao ge.
Em setembro, a SAF também contratou o coach mental Evandro Mota, que voltou ao clube depois de seis anos. Mota integrou a comissão do Flamengo de Jorge Jesus, que foi campeão do Brasileirão e da Libertadores, em 2019. Ele também esteve na campanha do Tetra da seleção brasileira, em 1994.