Brasileiros pagam caro para antecipar volta do Catar e vendem até pertences: “A festa acabou”
A eliminação da seleção brasileira nas quartas de final da Copa do Mundo do Catar está fazendo torcedores pagarem caro para antecipar o retorno ao Brasil.
Caminhando nesta segunda-feira (12) pelas ruas do Souq Waqif – mercado de rua que funciona como uma central de torcedores durante o Mundial –, o verde e amarelo virou raridade. Entre os remanescentes, há desânimo e decepção.
Filho de Clóvis Acosta Fernandes, o lendário “Gaúcho na Copa”, Gustavo Damasceno Fernandes, 37 anos, veio ao Catar para manter viva a tradição do pai, torcedor-símbolo que foi a sete Copas seguidas e faleceu em 2015.
Gustavo e o amigo Felipe Carvalho, 32, têm estadia paga e passagem para voltar apenas dia 20 de dezembro.
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No entanto, não querem mais saber de permanecer no país árabe. Gustavo inclusive pôs os instrumentos de percussão que trouxe à venda para tentar pagar as taxas de alteração de passagens aéreas.
“Primeiro o cara fica sem chão. Fica triste, se perguntando, faltavam só 5 minutos. Faltou um pouco de malandragem. A festa acabou. Nossa festa acabou. E ainda tem a Argentina avançando...”, explica, sobre a eliminação do Brasil para a Croácia.
“O nosso plano, que era de voltar dia 20, após a final, tem que ser alterado. Temos que fazer alteração de passagem. Está dando 1700 dólares as duas (cerca de R$ 9 mil). E ainda vai faltar a alteração do trecho entre São Paulo e Porto Alegre”, prossegue.
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A tentativa é
vender os instrumentos de percussão para os próprios árabes.
“A gente está falando com os árabes, os sheiks, o pessoal que a gente conheceu aqui para conseguir vender e juntar essa verba para voltar. Tem tarol, bumbo, caixeta, pandeiro, tantã. Tudo identificado com a nossa logo”, complementa.
Brasileiro cancela passagem de volta e compra outra por R$ 8 mil
A situação não é
exclusividade do filho do Gaúcho da Copa. Breno Salgado, cientista de 33 anos,
conta que pagou cerca de R$ 8 mil para comprar uma nova passagem de volta para
casa.
“Eu tinha passagem para o dia 20. Eu cancelei a passagem, peguei parte em reembolso e comprei outra”, conta. “Eu tinha acomodação paga. Mas o sentimento está muito ruim, eu quero vazar o quanto antes. Chega de Catar. Ainda estou em depressão”, desabafa.
“Aí você sai na
rua e vê os argentinos. É complicado. Tem que ir embora mesmo”, completa. Já os
amigos Felima Manara, 27, e Alan Nogales, 29, vão na direção contrária. Eles
contam que a tristeza pela queda do Brasil não impedirá o sonho de ver a uma
final de Copa.
“A gente fez o plano desde o início de ver a final da Copa. A gente comprou com muita antecedência. Se o Brasil estivesse seria um bônus, seria muito melhor. Mas era um sonho assistir no estádio a final da Copa, o maior evento esportivo do mundo”, diz Nogales.